Após “vai e vem”, Polônia pode mesmo é ir de Patriot

patriot_missile_batteryE.M.Pinto, colaboração Przemek

Quem nunca teve um FX na vida? que atire a primeira pedra!!!

Os “vai” e “vem” nos contratos de defesa mundo a fora são muito frequentes e por vezes estão embutidos de interpretações falsas, tendenciosas e completamente fora da realidade. Atrasos em decisões nem sempre estão associadas a falta de recursos  e até mesmo vontades políticas e nesse quesito, poucos países do mundo podem dar-se ao luxo de adquirirem aquilo que necessitam, realmente querem ou ainda, no prazo que querem.
Pois é.. em se tratando de programa estratégicos a situação é ainda mais complicada. Diga-se neste caso, Polônia e Rússia e o escudo de defesa europeu, e para complicar, tudo isso junto.

A equação parece ser mais complicada do que a escassez de recursos anteriormente alardeada.  Se você quiser fazer um exercício de futurologia, pegue todos estes fatores e some, ou melhor multiplique, ai sim, você continuara sem a resposta, pois toda esta questão referente a escolha do sistema de defesa Antiaéreo Polonês, não se resume ao que muitos possam pensar que seja a escolha da “melhor” arma, do “melhor” custo, da “vontade” dos militares poloneses.

No centro desta discussão está o desejo da Polônia em reaparelhar a sua força de defesa antiaérea com modernas armas em substituição aos sistemas oriundos do extinto Pacto de Varsóvia da era Soviética e nesse quesito, sempre foi de conhecimento de todos que a Polônia desejava o sistema americano. Mas a discussão é sobre a vontade e direito da Polônia em adquirir um sistema dissuasor de ameaças (leia-se Rússia),  passava sobre o protesto de Moscou a instalação de um sistema que minimamente indicasse a sua integração ao que os russos alegam ser a ameaça a soberania russa. Ou seja, Polônia não “deveria” adquirir sistemas americanos de defesa antiaérea capazes de ultrajar Moscou.

Para alguns críticos a solução seria adquirir sistemas europeus numa clara demonstração de cavalheirismo polaco, (como se isso resolvesse alguma coisa).

O problema é que ao indicar a escolha de sistemas de armas Americanos (leia-se Patriot) os Poloneses não desagradaram tão somente os Russos, mas também os seus parceiros europeus, inclusive nações atualmente operadoras do sistema Americano.

O fato é que fatores econômicos e estratégicos tem por vezes se sobrepostos aos políticos e até mesmo aos técnico-militares, e até mesmo influenciado as decisões das autoridades Polacas,  já viram este filme antes?

eurosam
A EUROSAM também concorre a proposta de fornecimento de sistemas de defesa para a Polônia

Nesta segunda feira (04.07) o ministro da Defesa polonês Antoni Macierewicz afirmou em uma comitiva de imprensa que o seu país havia aceitado a carta de intenções da Raytheon, a carta evidentemente versa sobre a proposta para a aquisição de sistemas de mísseis de defesa Patriot, num contrato avaliado em cerca de US$5,6 Bilhões.

O desagrado (europeu) embora seja imperceptível para o público leigo e até mesmo para o especializado, se justifica dentro de um interesse europeu pela aquisição de sistemas europeus, uma vez que os “vai” e vens” desse contrato haviam indicado  a vitória para o consórcio Eurosam que incluem MBDA França, Itália e MBDA Grupo Thales da França. 

O consórcio dava como certa a sua vitória, além disso, no campo diplomático, para alguns membros europeus, a escolha polonesa pelo sistema americano pode soar como um claro posicionamento anti-Rússia, justamente na hora que muitos tem se esmerado em por panos quentes em questões “ácidas” como  Báltico, Ucrânia e por ai a fora, discussões proibidas para signatários da aliança de “pés descalços”.

Mas esperem? a Polônia não tem esse direito? Se ao invés de Patriot o vencedor fosse o Eurosam, o recado para os russos não seria o mesmo?

O governo polonês havia dito em abril de 2015 que planejava a aquisição de oito baterias do sistema Patriot, mas logo depois de chegar ao poder em novembro do mesmo ano, o  atual governo conservador colocou um ponto de interrogação sobre a compra. Macierewicz afirmou naquela época:

“O preço do sistema americano é muito maior, o tempo de entrega muito maior… em suma, este contrato é praticamente inexistente.”

Porém, nesta última segunda-feira 04 de julho, Macierewicz mudou o discurso declarando que a Polônia seguirá em frente com plano de aquisição de sistemas americanos dado que a Raytheon prometeu investir na forma de Off-set cerca de 50% do montante total pago pela Polônia, revertendo estes quase 2,8 bilhões de dólares na própria indústria de defesa Polonesa.

O Ministério da Defesa da Polônia informou que pretende adquirir  oito baterias de defesa aérea até 2025, mas que dada a urgência operacional, pretende que duas delas sejam entregues dentro de um horizonte de tempo de três anos a contar da assinatura do contrato.

Para alguns analistas desavisados, a declaração de Macierewicz não passou de um flerte para barganhar vantagens dos seus parceiros europeus, para outros, trata-se do martelo opressor do negociador americano. Para os poloneses, pelo menos para os que entendem da estratégia de defesa Polonesa, trata-se da aposta mais cara, porém ,mais segura.

Cara em todos os sentidos, até mesmo diplomática, mas também, como não podia deixar de ser, a mais célere já que não custa lembrar que não foram tratados de defesa mútuas quem impediram que a Polônia sofresse agressões no passado.

Não se trata de menosprezar os seus irmãos e aliados europeus porém, mesmo sendo membro da comunidade europeia a Polônia vê nos EUA a única chance de impor um fator dissuasivo contra a constantes provocações Russas. Os episódios da Ucrânia e mais recentes invasões sistemáticas dos espaços aéreos europeus acenderam novamente o alerta sobre as intenções russas.

Ter os EUA como parceiro militar e mais seguro, ainda mais se a Polônia conseguir manter de pé e atualizar o seu parque de indústrias de defesa, algo difícil de se enxergar a longo prazo dentro da perspectiva europeia, cujo histórico demonstra o sucateamento e até mesmo o fechamento das indústria nos países recém aderidos ao bloco europeu.

A Polônia quer ser parceira mas entende que precisa manter em sua relativa importância a participação de sua indústria nos itens de defesa do seu país. Deste modo, o recado de Macierewicza à Agência de Notícia Polonesa PAP, talvez deva ser melhor compreendido pelos analistas internacionais.

“Uma vez que há contrapartidas de investimentos na nossa indústria, nós estamos assinando a carta de intenções”  .

Sobre pressão de todos os lados, resta a Polônia se defender e se não houver mais nenhum “vai” e “vem” nesta negociação, a decisão polonesa será pelos Patriot.

2 Comentários

  1. Quem está colocando os Poloneses nessa roubada de entrar na mira dos mísseis russos por conta do “escudo europeu” são os EUA… juntamente com os próprios polacos é claro, que se sujeitam ao papel de servir de bucha de canhão… e como atores principais ou coadjuvantes na comédia de atrair a mira dos mísseis russos para a Polônia, os EUA tem um dever atrelado de fornecer uma capacidade de defesa adjacente ao país cobaia que abrigará a base do tal escudo… o certo mesmo é os EUA fornecer baterias Patriot para a Polônia… de graça e ainda pagar uma espécie de “periculosidade” para o país, pela fria que estão os metendo.

    • Pobre Polônia… tão longe do céu e tão perto dos russos… se bobearem, serão anexados novamente… tem mais é que se armarem até os dentes… se acaso os russos tentarem, subnuc não seria uma opção a descartar… fazer chover fogo do céu é a única coisa que os russos respeitam…

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