O caça de decolagem vertical F-35B de £70 milhões chega a Grã-Bretanha pela primeira vez

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Tradução e adaptação: Tito Lívio Barcellos Pereira

O muito aguardado novo caça furtivo (“stealth”) britânico de £70 milhões (cerca de US$ 92 milhões ou R$ 301 milhões) finalmente chegou a Grã-Bretanha pela primeira vez, dois anos depois de problemas no motor que causaram o cancelamento de sua visita inaugural.

O jato de decolagem vertical F-35B britânico chegou a base da Real Força Aérea – RAF Fairford em Gloucestershire, no sudoeste da Inglaterra, acompanhado por dois homólogos dos fuzileiros navais dos EUA após uma travessia transatlântica de nove horas.

O governo britânico afirmou que irá eventualmente comprar um total de 138 aeronaves, que são descritos como um dos aviões de guerra mais avançados já construídos.

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Foto: Sargento Ross Tilly (RAF)

Milhares de entusiastas de aviação são esperados para ir ao Royal International Air Tattoo e o Farnborough Air Show (as principais feiras aeroespaciais britânicas) no próximo mês para obter um vislumbre da nova aeronave.

Uma travessia no início da semana teve de ser adiada após problemas com os aviões de reabastecimento norte-americanos.

Aparições em shows aéreos em 2014 foram canceladas quando um F-35 sofreu um incêndio no motor principal e a frota esteve paralisada em solo.

A Grã-Bretanha recebeu a entrega de cinco dos jatos até agora, mas estes estavam até então nos EUA para testes e treinamento, os jatos de decolagem vertical, denominados como “Lightning II”, pretendem operar tanto nas unidades da RAF e a Marinha Real Britânica.

Michael Fallon descreveu os F-35B como os jatos rápidos mais avançados do mundo Foto: Hannah McKay
Michael Fallon descreveu os F-35B como os jatos rápidos mais avançados do mundo
Foto: Hannah McKay

Michael Fallon, secretário de defesa britânico, disse: “os F-35B são os jatos rápidos mais avançados do mundo. São operados a partir do solo ou de um dos nossos dois novos porta-aviões, eles irão garantir que temos uma formidável força de combate.”

Justin Bronk, um especialista em poder aéreo da Royal United Services Institute, disse: “é um negócio enorme, especialmente tendo em conta o quão antecipado é, e a quantidade de problemas técnicos e questões políticas tiveram no caminho deste voo.”

“A RAF e a Marinha estão totalmente comprometidos com o projeto, e este será uma parte do núcleo da nossa força aérea.”

Foto: Sargento Ross Tilly (RAF)
Foto: Sargento Ross Tilly (RAF)

Entretanto ele avisou sobre a recente baixa no valor da libra esterlina após a votação do “Brexit” (a saída da Grã-Bretanha da União Europeia, votada em plebiscito no dia 23 de junho) pode significar a incapacidade do governo no cumprimento deste robusto contrato, cujo valor unitário é fixado em dólares norte-americanos.

Ele disse: “Acho que haverá algumas questões interessantes em torno de números. Se a moeda ficar num valor tão baixo, será difícil cumprir a rigor alguns dos agendamentos contratados.”

O polêmico caça agora é considerado o programa de armas mais caro na história e tem sido marcado por atrasos de cronograma e custos elevados do projeto.

Foto: Sargento Ross Tilly (RAF)
Foto: Sargento Ross Tilly (RAF)

Também existem alegações de que seu desempenho em combate aéreo aproximado (os “dogfights”) estaria um patamar abaixo do que os principais caças em serviço.

Justin Bronk refuta essas análises, afirmando que tais comparações são enganosas, pois o F-35B foi projetado para detectar e destruir aviões inimigos antecipadamente, pois seus sistemas de detecção e furtividade lhe garantem ampla vantagem de engajar os alvos antes de ser detectado.

Ele disse: “As pessoas dizem que o F-35B não pode vencer um F-16 num combate aéreo, mas este nunca irá entrar num dogfight porque ele é muito, muito difícil de detectar e é incrivelmente bom em detectar outros alvos.”

Fonte: The Telegraph

Nota do Editor: Apesar de se constituir numa notícia pouco informativa (o que é comum entre os veículos de imprensa não especializada), ela revela as grandes expectativas do governo britânico em relação a um projeto ambicioso, complexo e inovador na história da aviação militar. Mas ao mesmo tempo mostra as preocupações com a duração longínqua do projeto, assim como seus problemas técnicos demonstrados, questionamentos sobre a versatilidade do caça em combate, seus elevados e progressivos custos anuais e até problemas políticos entre os parceiros envolvidos.

O programa Joint Strike Fighter – JSF (do qual a família F-35 “Lighting II” pertence) pretende padronizar a logística da Força Armadas dos EUA e de seus aliados europeus da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), sendo um vetor único e versátil para execução de todas as funções táticas como interceptação, superioridade aérea, ataque ao solo, apoio aéreo aproximado e supressão de defesas aéreas, tarefas hoje realizadas por uma miríade de vetores como o F-16A/C “Fighting Falcon”, A-10A/C “Thunderbolt II”, F/A-18A/C “Hornet” e o AV-8B “Harrier”. Modelos estes usados pela Força Aérea Norte-americana (USAF), pela Marinha Norte-americana (US Navy), Corpo de Fuzileiros Navais (US Marines), além dos contingentes aéreos e navais de países como Grã-Bretanha, Holanda, Itália, Austrália, Canadá, Dinamarca, Noruega, Turquia, Israel e Cingapura – todos participantes do programa. Por isso, é natural que um projeto tão ambicioso seja alvo de críticas e questionamentos sobre sua real capacidade de executar com eficácia tamanha variedade de missões.

Este editor compartilha da ideia em que a internacionalização de grandes projetos militares, cada vez mais complexos e onerosos, pode despontar como uma tendência futura, e entre seus aspectos positivos, podem incluir a divisão dos gastos e até investimentos para os parceiros participantes em forma de compensações (offsets) como construção de centros de manutenção, cooperação tecnológica e até produção de componentes ou montagem licenciada do modelo. Entretanto, um projeto de tal magnitude requer forte comprometimento de todos seus participantes, o que demanda uma alocação constante de recursos financeiros, mas este é condicionado a saúde financeira dos países.

O problema reside no fato de que nas últimas décadas, houve uma progressiva diminuição dos gastos militares na maioria dos países europeus, fator influenciado pelo baixo crescimento econômico experimentado pelo bloco europeu, o qual pode contribuir negativamente para o curso do programa JSF. A Grã-Bretanha, apesar de ser um dos poucos países do continente a registrar um crescimento econômico positivo, experimentou uma forte retração nos seus gastos militares (-7,2% entre 2006 – 2015), levando-a a redução de unidades e vetores operacionais e comprometendo sua capacidade expedicionária na proteção de seus interesses no exterior (lugar este ocupado pela França no contexto europeu). Além disso, com a saída britânica da União Europeia, pode trazer desdobramentos negativos e preocupantes para sua indústria de defesa, cada vez mais integrada e interdependente ao conglomerados europeus, fator que pode atrapalhar consideravelmente na continuidade de certos projetos estratégicos, como o próprio F-35. Nesse cenário incerto e desfavorável, torna-se um imperativo para as autoridades euro-americanas reavaliarem a implementação do programa JSF, reconhecendo seus problemas e fortalecendo suas potencialidades, e reforçando o compromisso de todos os envolvidos, especialmente da Aliança Atlântica (OTAN), frente a (re) emergência de novos atores estratégicos ao redor do globo, como a Rússia, China, Índia e até forças regionais como o Irã e a Coréia do Norte.

4 Comentários

  1. Excelentes considerações finais caro ghost… acrescento que o Sr. Justin Bronk subjetivamente disse que será difícil para os ingleses manter a promessa de adquirir os 138 F-35 B inicialmente encomendados, com a desvalorização da Libra após o Brexit ficará cada vez mais difícil para os ingleses manter os contratos atrelados ao dólar, e a tendencia pelo menos curto e médio prazo é que a moeda inglesa permaneça retraída

  2. Com menos encomendas, menos escala, com menos escala o fly away do F-35 sobe ainda mais e gera uma reação em cadeia que espanta compradores e causa consideráveis rombos no orçamento do seus operadores

  3. A situação pra este caça é cada vez pior no quesito financeiro, ainda mais com a saída da Inglaterra da UE, que tende a trazer variações em relação aos gastos como bem citou o editor. Resta agora aguardar, pois que ele vai operar isso é fato, mas se vai ser vendido tantos quanto imaginavam isso eu duvido muito.

  4. Este não é um caça de decolagem vertical. Um caça de decolagem vertical só pode fazer decolagem de maneira vertical. Este é um caça que TAMBEM PODE fazer decolagem vertical. Algo muito diferente.

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