O jogo de pôquer entre Obama e Putin por Assad

Em encontro, líderes americano e russo reiteram suas posições sobre uma solução para o conflito sírio. Futuro de Assad é principal divergência, mas especialistas veem espaço para um acordo.

O presidente Bashar al-Assad deve ficar ou sair do poder? Também na reunião na noite desta segunda-feira (28/09) à margem da Assembleia Geral da ONU, a primeira que tiveram em quase dois anos, os presidentes Barack Obama e Vladimir Putin não chegaram a um acordo sobre o futuro papel do ditador da Síria.

Mesmo assim, parecem concordar que só a diplomacia – e não a força militar – pode resolver o conflito sangrento na Síria, que já dura quatro anos. Depois do encontro, ambos os lados comentaram que a reunião foi eficiente e produtiva, o que não deixa de ser surpreendente. Afinal ambos haviam, poucas horas antes, se envolvido numa troca de acusações perante a Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York.

Como jogadores de pôquer tarimbados, os dois líderes enviaram sinais de força e determinação e reiteraram suas posições durante o encontro que tiveram. Segundo o The New York Times, ambos disseram suas opiniões de forma muito clara, mas a porta para uma solução diplomática para o conflito sírio não foi totalmente fechada, pois eles não mostraram todas as suas cartas.

“Obama certamente reforçou sua opinião de que o ditador sírio deve deixar o cargo”, afirma o especialista Paul Schwartz, do Center for Strategic Studies (Centro de Estudos Estratégicos).

Após as amplas violações de direitos humanos por Assad, é impossível retornar ao status quo anterior à guerra, argumentou Obama. Mas o presidente americano estaria pelo menos disposto a tolerar a permanência de Assad por um período de transição. Isso pode ser entendido numa frase de Obama que é citada em vários sites: “Realismo dita que um compromisso será necessário, mas realismo também determina uma transição guiada, para além de Assad, rumo a um novo líder.”

Para o especialista Malvin Kalb, do Brookings Institution, os americanos agora concordam que Assad seja parte de um processo de negociação para acabar com o conflito. “Mas, num determinado momento, ele terá que sair”, avalia.

Para especialistas, a boa vontade de Putin na crise síria não levará ao fim das sanções por conta da Ucrânia

Ataque frontal de Putin

Como esperado, o presidente russo, em seu discurso, defendeu Assad e disse que é “um enorme erro” não cooperar com o governante sírio e suas forças militares na luta contra a milícia terrorista “Estado Islâmico” (EI). Segundo ele, intervenções ocidentais “contrárias ao direito internacional” na Líbia e no Iraque são responsáveis pelo caos nesses países. E isso não deve se repetir na Síria, afirmou, exigindo, por isso, um “amplo apoio ao governo sírio”.

Depois de ter dito isso, Putin não mencionou mais o nome de Assad. “Olhando de fora, pode haver espaço para um compromisso”, afirma Schwartz. Mas a crítica generalizada de Putin à política americana para o Oriente Médio torna difícil para Obama encontrar uma fórmula aceitável para os russos, acrescenta. Para ele, Putin ao menos fez um “gesto construtivo” ao chamar uma coalizão internacional contra o EI na qual os EUA também podem desempenhar um papel.

Unidos contra o EI?

Em seus discursos, ambos os presidentes praticamente demonizaram o EI. Enquanto Obama falou de uma ameaça “apocalíptica”, Putin mencionou os milhares de jihadistas russos que representarão um enorme risco de segurança caso retornem à Rússia. “Provavelmente os dois se unirão na luta contra o EI”, opina Schwartz, referindo-se aos convites para diálogo feitos pelos EUA à Rússia e ao Irã.

Mas, para a maior parte dos especialistas, Obama não tem muita escolha. “Do ponto de vista diplomático, Putin jogou de forma muito inteligente e eficaz”, avalia Kalb. “É muito difícil para um líder ocidental, também para Obama, não se unir de alguma maneira com Putin.” Ninguém interessado em resolver os conflitos no Oriente Médio pode ignorar o presidente russo, afirma Kalb, que menciona ainda a “surpreendente exibição de equipamento bélico russo” na Síria.

Sem alívio de sanções

Em seu discurso, Obama deixou em aberto se a disposição da Rússia em colaborar para o restabelecimento da paz na Síria significará o fim das sanções econômicas por conta da crise na Ucrânia. O especialista Matthew Rojanski, do Woodrow Wilson Center, em Washington, avalia que nem Putin nem qualquer outra pessoa têm a ilusão de que isso levará ao fim das sanções.

Schwartz também afirma que, por conta da Síria, não haverá nenhuma mudança nas sanções, porque “os EUA não podem simplesmente ficar observando quando a Rússia viola o direito internacional”.

Mas, para muitos observadores, não é por acaso que a iniciativa síria de Putin ocorra no auge da crise de refugiados na Europa. “Uma parte da estratégia de Putin é enfraquecer o apoio às sanções da União Europeia à Rússia ao dizer que ele tem uma solução para a crise dos refugiados”, afirma Schwartz. “Para a UE, a principal ameaça de segurança não é mais a intervenção russa na Ucrânia, mas a crise dos refugiados.”

Fonte: DW

10 Comentários

  1. Bem colocado, esse conflito sirio tá mais pra Poker do que Xadrez.
    E Obama está sem cartas nas mãos.

    teve dois detalhes importantes ai, os dois defendem a integridade territorial da Siria e a solução politica. Isso, pelo menos na mentalidade atual do perdido Obama, não haverá soldados americanos em Aleppo, o que é extremo mas se tratando de um país mimado e arrogante
    como EUA nunca se sabe.

    Outra coisa boa, não haverá mais sanções contra a Russia por causa disso.

    Pronto, isto posto..Asaad e Putin vão recuperar os poços de petróleo, garantir uma autosuficiência minima ao governo.

    E esperar
    Esperar

    Le Pen vai ganhar na França.
    Europeus vão esquecer Ucrânia
    lembrar dos refugiados
    Aliviar a russofobia.
    Putin vai conversar com Elton John e salvar as baleias.
    1milhao de refugiados e ninguem aguenta mais a Merkel.
    Brigas etnicas entre refugiados, neozistas e etc
    Tratado de Minsk sera emplementado.
    Sançoes contra o Irã levantadas
    preço do Petróleo vai subir

    Espera
    Nao acaba com o EI ai da
    Calma

    Dai EUA vai começar ficar desnutrido
    Seco
    Só, para esta causa Siria.
    Aceitará Asaad
    E só ai EI sera derrotado na Siria, somente quando o ocidente engolir Asaad.
    Mas derrotado apenas na Siria… Iraque inteiro é problema americano.
    Ainda tem uma loonga ladeira pela Tio Sam subir.

    Sem poder mandar soldado pro Iraque vai pedir água.
    dai vai la a Russia, iraque, Irã rico, e até talvez a Siria..e expulsa EI do Iraque

    E assim a Russia leva o Oriente Medio.

    Fora da alçada, apenas os sauditas.
    Mas ai também esta em aberto.
    Nao se sabe o que acontecera no Iemen

    • Se Le Pen vencer as eleicoes, vao lembrar realmente dos refugiados, para bota-los para correr. Quanto o retorno do Iran como exportador legal de petroleo, isto so vai complicar quem tem petroleo cujo preco para sua extracao e muito alto. Qualquer coisa que os politicos decidem sobre a questao do Orienter Medio, nao afetara a depressao economica financeira do mundo. O declinio do consumo de petroleo e outros minerios continuara.. Repito o que ja disse essa crise so sera solucionada apos a destruicao macica de capital superfluo, de mao de obra em excess, e destruicao que milhoes de pessoas que nao podem ser consumidores por que nao tem trabalho, sao muito pobres, e sao considerados “bocas inuteis, Existe muito capital produzindo para um mercado cada vez mais restrito. Metodos computerizados de producao hoje generalizado faz que que um numero cada vez maior da populacao jamais encontrara trabalho, Esse pessoal deve ser incinerado. Cada pais se vai acabar com todas resticios do estado do bem estar social, acabar com qualquer tipo de beneficio social por parte do estado. Esquece direito de aposentadoria, medico e educacao gratis. E voltar para as condicoes do operariado ingles nas primeiras decada do seculo XIX. So aquele pais que conseguir produzir mercadorias mais barata que aquelas produzida na China vencera a competicao no Mercado internacional. No aso passado um Diretor da Associacao do Petronato ingles fez um discurso no qual ele disse que o trabalhador europeu vai ter que imitar a eticas de trabalho dos chineses, bangladeshes e vietnamita. E o contrato zero hora de trabalho. A pessoa assina o contrato de emprego com a empresa, salario estipulado. Se a pessoa trabalha ela e paga, se nao tem trabalho, ela nao trabalha e nao e paga. Nao tem dirteito a ferias, se adoece problema dela, nao recebe, e tera sorte se manter o emprego. Essa pessoa deve estar disposicao da empresa sempre que ela o necessitar. Senao ela corre o risco de ter o contrato cancelado. Na Polonia esse tipo de contrato de trabalho esta generalizado. Na Inglaterra comecou ser usado nos ultimos 5 anos e esta se espalhando. Se a humanidade nao for eliminada na Terceira Guerra mundial que ja esta batendo nossas portas, quem sobreviver vivera nas condicoes historicas da Inglaterra seculo XIX. Von Mises e seus seguidores vao adorer essa. E creio eu, que nao e so Von Mises. Essa massa que sai nas ruas pedindo invervencao military na politica vao adorer quando isso ocorrer.

  2. o http://www.zerohedge comenta a materia publicada no http://www.reuters.com TRUMP BACK RUSSIAN IRAN EFFORT TO FIGHT ISLAMIC STATE. Esse Donald Trump e o candidato a presidencia da republica ianque pelo partido Republicano, o adorado pardido politico gringo de nossos americanofilos da direita, e ele diz que e hora de apoiar os russos e iranianos contra o ISIS e deixar de ficar com inveja, porque eles estao agindo, e nos, isto e os norte Americanos so estao conversando. Essa material fez eu rir, porque se Mr Trump for eleito e adotar esse tipo de politica, Vader, Capa Preta e o gentleman que se apossesou do capacete do Maluquinho, vao sofrer de depressao e vao ter que procurar psycanalistas. So rindo mesmo. E para aqueles que diz que so escrevo tolices, o Zero Hedge. publica a material WITH SHELL’S FAILURE, US ARCTIC DRILLING IS DEAD.dizendo que a Shell suspendeu a exploracao petrolifera no Mar Artico, apos ter feito perfuracoes por 7 anos e gasto $7 bilhoes de dolares. Com essa suspensao de suas atividsdes no Mar artico se evapora o sonho norte Americano de explorer petroleo no Artico. Diz o Zero Hedge, pelo menos por muito tempo. Nao me surpreenderia se a Petrobras tambem nao decide suspender a exploracao pre-sal. Com a queda do preco do petroleo devido a reducao do consumo resultado da depressao economica mundial, vai ser dificil a Petrobras, endividada como esta adquirir fundos para continuar a exploracao. Esse tipo de noticia me faz rir. e nao preciso tomar gelada nem fumar.

  3. Na verdade os Estados Unidos estão blefando quando dizem que querem combater o Estado Islâmico. Eles simplesmente aproveitam e patrocinam o terror desse grupo para conseguir seus objetivo. Um desses objetivo é destruir a Síria e depor o presidente Sírio.

    • ALELUIA !!!… RSRSRSRSSRSSSS… um esquerdinha conseguiu pensar sozinho… rsrsrrsrsrsrsrsss… tá certíssimo… mas o alvo não é só a Síria, caro sapão… é toda a Eurásia… os internacionalistas não querem que blocos comerciais se criem no mundo se acaso não estejam sob a custódia deles… odiar o americanos por isso é burrice… eles são reféns de uma maquina política e militar que poucos compreendem o poder que possuem… aquela análise tosca do Putin sobre “parceiros da ONU”, não sei se propositalmente, não expôs os verdadeiros culpados… está muito além da máquina de guerra americana… talvez até englobe a eurasiana num processo de fagocitose mundial… parte do oriente médio já tá no bolso deles… saudações…

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