LAAD 2015: RÚSSIA AVALIA DESENVOLVIMENTO DA INDÚSTRIA DE MÍSSEIS COM BRASIL E ÁFRICA DO SUL

unnamedCooperação tecnológica entre países dos BRICS poderá ser constituída pelas brasileiras Odebrecht e Marcopolo, a sul-africana Denel e o conglomerado industrial russo Rostec

Moscou e Rio de Janeiro, 16 de abril de 2015 – A Rostec, corporação estatal da Federação da Rússia que desenvolve, fabrica e exporta produtos industriais de alta tecnologia para o uso civil e militar, estuda a possibilidade de ampliar a colaboração técnica-militar entre os países que integram os BRICS, incluindo a transferência de tecnologia e criação de parcerias entre companhias das três nações.

A empresa realiza negociações durante o evento LAAD – Defesa & Segurança 2015, que ocorre desde o dia 14 até 17 de abril no Rio de Janeiro (RJ). Estuda-se a adaptação de soluções tecnológicas nas áreas de defesa, segurança, construção técnica de aviões, desenvolvimento da indústria de transporte e também portos marítimos.

As conversas ocorrem entre as companhias que já são parceiras da Rostec, assim como as brasileiras Embraer, Odebrecht Defesa e Tecnologia e sua filial Mectron. Os acordos possuem como base não apenas o fornecimento direto de produtos, mas também a possibilidade de transferência de tecnologia para o local onde será feita a produção ou a adaptação de soluções tecnológicas conforme a necessidade de cada nação.

“Isso nos permite abrir o diálogo para o desenvolvimento de uma gama de projetos bilaterais ou trilaterais. Em particular, já podemos definir o cenário de cooperação conjunta entre Rússia, Brasil e África do Sul”, anunciou Sergey Goreslavskiy, chefe da delegação da Rostec na LAAD e diretor-adjunto da Rosoboronexport, companhia exportadora de produtos militares e que pertence ao conglomerado Rostec.

“A África do Sul, por exemplo, poderia aproveitar a cooperação já criada entre Rostec, sua holding KAMAZ e a brasileira Marcopolo para a construção em conjunto de micro-ônibus. Também vemos potencial na indústria de mísseis com nossos sócios brasileiros Odebrecht Defesa e Tecnologia e a sul-africana Denel”, acrescenta.

A colaboração com a Denel já está em andamento. Ambas empresas firmaram acordo durante a reunião dos BRICS na África do Sul em 2013. A holding “Helicópteros da Rússia” da Rostec, junto com a Denel Aviation, criaram em Johanesburgo o centro de manutenção e reparação de helicópteros civis produzidos na Rússia.

A holding KAMAZ, que também integra a Rostec, e a fabricante brasileira Marcopolo já possuem parceria desde 2012. Agora é estudada a possibilidade das duas empresas utilizarem suas capacidades tecnológicas para projetos na África do Sul, onde a companhia brasileira não apenas ocupa uma parte considerável do mercado, como também possui grandes recursos industriais.

O que assegura a possibilidade dos projetos e sua realização entre Rússia, Brasil e África do Sul é o uso do potencial político e econômico entre os países dos BRICS, as oportunidades que são abertas com a criação do banco de desenvolvimento do bloco e a iniciativa da Rostec.

Novidades na LAAD 2015

Destaque para a continuidade das negociações entre Brasil e Rússia sobre o sistema de artilharia antiaérea Pantsir-S1, assim como a construção de centros de manutenção, reparos e modernização de helicópteros e aviões já produzidos pela Rússia para os países da América Latina.

“Estamos em etapas finais de negociação sobre a aquisição do Pantsir-S1 pelo governo brasileiro e que poderá ser utilizado para assegurar a defesa da cidade do Rio de Janeiro durante os Jogos Olímpicos de 2016”, disse Goreslavskiy. “O sistema tem grande potencial de utilização, o que já foi até confirmado por autoridades do Brasil”, completa.

O representante da Rostec também destacou que, em dezembro de 2014, durante a visita do vice-primeiro-ministro russo Dmitriy Rogozin ao Brasil, o governo brasileiro confirmou a ausência completa de críticas em relação à tecnologia russa.

“A alta qualidade tecnológica da Rússia implementada em aviões e helicópteros criam boas condições para o desenvolvimento de parcerias de cooperação. Hoje, dentro do acordo ‘off-set’, já estão firmadas as obras completas para a criação do centro de manutenção, reparação e modernização de helicópteros”, destaca Goreslavskiy. O local irá unir as competências de duas holdings da Rostec: a “Helicópteros da Rússia” e a “Technodinamika”.

“A frota de aviões produzidos na Rússia e que estão presentes na América Latina ultrapassa 400 unidades”, informa Maksim Kuzyuk, CEO da Technodinamika. Por outro lado, somente 35% das aeronaves está operante. O restante necessita de reparos e outros serviços técnicos.”

De acordo com o executivo, a criação dos centros de manutenção permitirá atender completamente a demanda. A partir do momento em que um país informa a lista de aeronaves e peças de manutenção que deseja utilizar, “conseguimos construir em até dois meses um armazém e já oferecer os primeiros serviços de manutenção. Para que todo o centro funcione por completo e ofereça todo o leque de produtos e serviços, o período estimado é de dois anos”, informa Kuzyuk. A Technodinamika calcula que o mercado de pós-venda de equipamentos aéreos deve atingir US$ 130 milhões até 2020.

A Rostec participa da LAAD, maior feira de defesa e segurança da América Latina e que reúne delegações oficiais e 650 expositores de 71 países. As holdings do conglomerado industrial russo apresentam no evento seus projetos de alta tecnologia para os setores civil e de defesa. Entre as soluções tecnológicas, destaque para as áreas de segurança, desenvolvimento da infraestrutura de transporte, a construção de portos marítimos móveis e o setor energético. A companhia ainda apresenta o sistema “Cidade Inteligente”, “Cidade Segura” e “Governo Eletrônico”, assim como uma ampla gama de sistemas de defesa antiaéreo e helicópteros para uso civil e militar.

6 Comentários

  1. E a cooperação entre os BRICS só aumentaria…

    É uma coisa boa, com o know-how dos russos tudo muda, Brasil e Africa do Sul só teriam a ganhar com uma parceria dessas!

    Tomara que venha mesmo, o problema seria a FAB comprar o produto dessa parceria!

    Valeu!

  2. A Russia deve empreender todo esforço para ampliar sua participação economica e industrial em todos os paises abertos ao dogma capitalista. Deve buscar competir com seus produtos investindo em mercados e fazendo tantas parcerias quanto puderem, naqueles países ainda não totalmente assimilados por propaganda anti sovietica, considerada extinta desde a decada de noventa, tendo sido até atribuido como uma conquista do sistema capitalista, mas mantida por interesses esquisitos, como um gatilho de fuga, para justificarem prerrogativas de poder e simpatias antinacionais com preferencias alheias ao bem estar do nosso país. A Russia tem muito a contribuir com o Brasil, se a patrulha tupinyanke não atrapalhar.

    • “se a patrulha tupinyanke não atrapalhar.”

      Não atrapalha não Julio. Diverte!! Se a opinião dessa caterva iluminada tivesse algum valor prático e efetivo, os Mil Mi-35 já estariam devolvidos pra Rússia, como anunciaram anos atrás!! Quem não se lembra? 😀

      No mais, está extremamente prazeroso vê-los bradar por todos os cantos a insatisfação quanto a aquisição/aluguel dos sistemas Pantsir, afinal, são só 1 bilhãozinho pro bolso da Rússia e não do ‘capitalzinho status quo’. 😀

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