Poderão os EUA destruir o Estado Islâmico?

Foto: © AFP 2015/ AHMAD AL-RUBAYE

Vadim Makarenko

O presidente Obama vê o Estado Islâmico (EI) exclusivamente como uma organização terrorista, extremamente violenta, mas primitiva e bastante fácil de entender.

Ele não considera que ele tenha uma natureza islâmica, nem que seja um Estado pelo seu desenvolvimento sociopolítico. Ele não vê, ou pelo menos não aponta, as razões que provocaram seu aparecimento.

Por isso ele compara o EI a um tumor maligno e o objetivo de sua estratégia é enfraquecê-lo e destruí-lo. Mas será possível resolver os problemas que criaram o EI através de uma estratégia antiterrorista?

Os EUA obtêm sucesso onde possuem uma supremacia técnica e militar indiscutível. A aviação da coalizão elimina quadros dirigentes, destrói material militar e efetivos do EI. Com seu apoio, os peshmerga curdos, a milícia xiita e as unidades do exército regular iraquiano reconquistam, apesar de lentamente, os territórios perdidos. Contudo, também aqui ainda falta alcançar os objetivos principais: Mossul e quase toda a província de Anbar (um terço do território do Iraque) continuam nas mãos do EI, apenas os curdos da Síria estão empurrando o EI.

O problema é que, apesar dos frequentes êxitos da coalizão, a situação tanto no Oriente Médio, em geral, como no Iraque e na Síria, está se agravando. O EI continua mantendo a iniciativa na Síria e no Iraque. Basta dizer que nas últimas semanas foram realizadas vários ataques muito perigosos. O ataque a Kirkuk, apesar de ter ceifado muitas vidas e dezenas de peshmerga terem sido feitos prisioneiros, terminou em falho, mas o EI conseguiu conquistar a cidade de Al-Baghdadi, localizada na vizinhança imediata da maior base aérea iraquiana, onde se encontram várias centenas de militares norte-americanos.

Além disso, as organizações terroristas ligadas ao EI efetuam incursões armadas na Nigéria e na Líbia, assim como realizam um trabalho subversivo em praticamente todos os países do Oriente Médio.

No final, o próprio presidente Obama reconheceu, depois de seis meses de bombardeios cirúrgicos, que a guerra contra o EI não pode ser limitada a ataques aéreos contra apenas uma das muitas organizações terroristas. Ele solicitou ao Congresso autorização para realizar operações militares contra o EI.

Isso suscitou nos EUA sérias discussões com o tema “Estaremos a vencer o EI?”, nos quais se verifica a preocupação dos políticos pelo fato de os Estados Unidos, não tendo ainda terminado a retirada de suas tropas do Afeganistão, já se estar envolvendo em mais uma guerra. Muitos sentem que a guerra no Oriente Médio não tem fim, só a epopeia norte-americana no Iraque já dura há mais de 20 anos, tendo começado ainda no tempo de Bush pai. Mas dificilmente alguém poderá dizer que ela esteja terminando. Porquê?

A crise político-militar no Oriente Médio permanece porque os problemas se mantêm. Sempre se recorre a forças exteriores para restabelecer um status quo político-militar e sociopolítico há muito ultrapassado. Disso resulta que se mudam as personalidades e organizações, mas os problemas permanecem.

Sem dúvida que o EI atua de forma extremamente desumana e usa métodos criminosos. Quase todas as ações dessa organização correspondem a crimes contra a humanidade. Mas não nos podemos limitar à definição desse e de outros movimentos que surgem constantemente no Oriente Médio como terroristas. Isso não revela as causas de sua origem.

A questão é: quais são os processos objetivos que impedem o restabelecimento da paz no Oriente Médio? Será possível resolver os problemas regionais no âmbito de uma estratégia antiterrorista, eliminando terroristas concretos ou mesmo organizações inteiras, que são quase instantaneamente substituídas por outras? A resposta é: não.

Mesmo que se trate apenas da possibilidade de o EI ser derrotado militarmente, a questão está longe de ser simples. Isso é referido por Shamil Sultanov, especialista em Oriente Médio e presidente do centro de pesquisas estratégicas Rússia-Mundo Islâmico:

“Neste momento é impossível destruir o EI. Atualmente, apenas dois exércitos do Oriente Médio têm capacidade para vencer o EI – o turco e o iraniano. Mas nem um, nem outro, querem fazê-lo. Os turcos não querem porque isso iria provocar imediatamente o afastamento dos árabes sunitas e poderia originar problemas na própria Turquia, porque na Turquia existem bastantes radicais que se oporiam vigorosamente. Já para o Irã, uma guerra contra o EI significaria uma declaração de guerra a todo o mundo sunita.

“O EI é um exército que foi criado para operações de sabotagem e clandestinas do tipo guerra de guerrilha. Eles começam alargando sua rede de agentes na Arábia Saudita e na Jordânia. Irá simplesmente começar uma guerra de guerrilha muito longa, muito complexa e muito desgastante, que irá resultar em desestabilização de muitos países.

“Qual é a estratégia norte-americana? Eles não sabem que fazer. Este é um tipo de guerra completamente novo, uma guerra contra um inimigo radicalmente diferente. Esta guerra será longa.”

É necessária uma compreensão de toda a profundidade dos problemas que o Oriente Médio hoje enfrenta. Sem isso, as tentativas para resolver esses problemas não obterão resultados e o estado de guerra será permanente nessa região.

Fonte: Sputnik

4 Comentários

    • Pereito questionamento seu meu caro. Esse tipo de pergunta do post funciona muito bem como um elemento de dispersão, por que levanta duvidas sobre o envolvimento de um dos elementos primordiais da existencia deste instrumento chamado EI. E como instrumento, também a pergunta do post se torna ferramenta para gerar a dispersão da atenção sobre o encadeamento dos fatos.

  1. ,..Ñ, se ñ colocarem milhões para serem mutilados e mortos e matarem a rodo os semitas árabes do EI (vide Gên,16:4 ) nada vai modificar esse quadro, tem de ter ajuda dos países da região, ps Persas, e mt outros e p ontem…caso contrario vão parar no domo da rocha.Quem viver verá. P Ontem. Sds. 😉

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