América do Sul no radar da Alemanha

Alemanha faz ofensiva de charme na América do Sul

Visita do ministro do Exterior alemão a Brasil, Colômbia e Peru, em meio à fase crucial da crise na Ucrânia, mostra o quão importante a região é para Berlim, opina Uta Thofern, chefe do departamento América Latina da DW.

Uta Thofern: Chefe da redação para a América Latina da Deutsche Welle

Três países e cinco cidades em três dias e meio; dois chefes de Estado, três ministros do Exterior, além de visitas a diversos projetos e conversas com pessoas envolvidas numa sangrenta guerra civil. Para o ministro alemão do Exterior, Frank-Walter Steinmeier, uma agenda movimentada assim não é novidade.

No entanto, o fato de a viagem para a América do Sul ter acontecido nas horas e dias decisivos que se sucederam ao Acordo de Minsk, para uma solução do conflito na Ucrânia, é uma prova da importância da América Latina para o governo alemão. No semblante do ministro e de seus colaboradores mais próximos, pôde-se ver, algumas vezes, sinais de cansaço e tensão, mas nunca em reuniões oficiais.

Durante as aparições conjuntas com os chanceleres de Brasil, Peru e Colômbia, Steinmeier não cansou de destacar o grande apreço pelo país visitado, a quantidade de interesses comuns e os valores compartilhados. A ofensiva de charme foi retribuída na mesma moeda.

“A Alemanha está entre os nossos principais parceiros”, declarou, por exemplo, o ministro peruano do Exterior, Gonzálo Alfonso Gutierrez Reinel.

Em tom similar se expressou a chanceler colombiana, María Ángela Holguín Cuéllar: “Nós não queremos somente investimentos, mas também experiência e inovação para a nossa economia.”

No Brasil, o chanceler Mauro Luiz Vieira destacou que esforços comuns já existem há bastante tempo, como em busca de uma reestruturação do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Ajuda ao empresariado

Para além do jargão diplomático, os interesses comuns são bem definidos: todos os três países enfrentam o desafio de reestruturar a sua economia, em meio à queda dos preços do petróleo e diante de exigências maiores de uma classe média em crescimento.

Nesse ponto, a economia alemã, com sua boa reputação, é tão requisitada quanto cooperações nas áreas de pesquisa e tecnologia. Ao mesmo tempo, grandes mercados atraem os empresários alemães. Com seus 200 milhões de habitantes, o Brasil é tão importante que, apesar da política do governo de Dilma Rousseff, a economia alemã nunca colocaria em questão seu engajamento no país.

Ajuda governamental é sempre bem-vinda, e a delegação de empresários que acompanhou a viagem de Steinmeier mostrou-se satisfeita com a decisão de Steinmeier de visitar a América do Sul. Visitas políticas ajudam a melhorar o clima de negócios.

“Mesmo uma boa imagem precisa de polimento”, afirma Walter Mennekes, empresário de médio porte da região alemã de Sauerland. Com sua fábrica de conectores, ele aposta na tendência para a eletromobilidade, que a Alemanha apoia por motivos político-ambientais e que pode trazer alívio para a poluição em megacidades latino-americanas.

À procura de aliados

Apesar de todos os pontos comuns, é preciso dizer que procurar manter boas relações com os países latino-americanos não é uma obviedade. A base comum de valores tem um caráter europeu, sendo menos sentida nos países em que, após séculos de repressão, a população indígena alcançou uma nova autoconfiança. Além disso, as diferenças sociais levaram a uma onda de movimentos populistas de esquerda com tendências autoritárias.

Recentemente, China e Rússia intensificaram as relações com a América Latina, oferecendo-se como investidores. Além dos países visitados por Steinmeier, atualmente somente o Chile pode ser considerado um parceiro propriamente dito. O Brasil, por exemplo, não é um parceiro fácil. Apesar das semelhanças na atuação política multilateral, há definitivamente diferenças na política regional. Sob a liderança de Dilma, a relação brasileira com Berlim não é marcada pelo afeto, mas por puro pragmatismo.

A Alemanha tem uma responsabilidade internacional difícil de carregar também pelos fardos do passado. Um motivo a mais para procurar mais aliados e cuidar das amizades – precisamente em tempos de crise. Assim, uma viagem aparentemente inadequada à primeira vista revelou-se, num segundo olhar, como um sinal importante, particularmente nos tempos de hoje.

Nesse contexto, teve importância simbólica particular o fato de Steinemeier ter fechado, em sua viagem à Colômbia, uma parceria para o resgate crítico do passado. Foi ideia do presidente colombiano, Juan Manuel Santos, procurar apoio de instituições alemãs para ajudar seu país na fase pós-conflito, já que os alemães têm experiência em se posicionar diante de seu passado.

Fonte: DW.DE

8 Comentários

  1. quando a jornalista fala que apesar da presidente dilma a Alemanha nunca perderia seu engajamento pelo brasil

    que falta de respeito com a presidente vitoriosa

    é justamente pelo governo que mais gera empregos que empresas alemãs podem vir ao brasil e ganhar seu dinheiro

    a Alemanha depois que cancelou o financiamento da usina nuclear angra 3 que estava em contrato diga-se de passagem desde o regime militar
    se mostrou nas mãos dos entreguistas do partido verde alemão além de não cumprir com a palavra

    mas a Alemanha tem muito a oferecer ao brasil ,por isso talvez eles achem o brasil muito pragmatico ,mas alemães honrem seus contratos e assim talvez melhoremos nossa relação .

  2. Uniao Europeia cindindo, Europa como um todo em bancarrota, depressao. Saida para Alemanha realmente e o BRICS, Dai America Latina no radar Alemao. O que ninguem esta comentando e O FATO DOS BANCOS SUISSO NAO ESTAR PERMITINDO SEUS CLIENTES ESTRANGEIROS, DA EUROPA, ASIA, RUSSIA E AMERICA LATINA RETIRAREM DINHEIROS DE SUAS CONTAS CORRENTES. OUVI DIZER QUE MAIS DE $100 BILHOES DE DOLARES RETIDOS PELOS BANCOS SUISSO, QUE ESTAO AS VESPERAS DE BANCARROTA POR CAUSA DA CRISE DO EURO, E DINHEIRO EMPRESTADOS PARA PESSOAS RESIDENTES NOS PAISES DO LESTE EUROPEU COMPRAREM CASAS. A CRISE DO EURO AFETOU A CAPACIDADE DESSAS PESSOAS PAGAREM O EMPRESTIMOS E OS BANCO SUISSOS ESTAO EM DIFICULDADES, DAI NAO PERMITIREM SEUS CLIENTES ESTRANGEIROS RETIRAREM SEUS DINHEIROS DEPOSITADOS,

  3. Será que as mau-logradas sanções que o clube de vassalos do tio Sam ( EU ) estão por trás dessa disposição da Alemanha ou é uma atitude fora do contexto levantado ?
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    A America Latina está na mira dos investidores russos,Chinese,indianos,japoneses também.
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    O quintal do tio Sam virou a tabua de salvação de muita gente do hemisférico norte … 🙂
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    Isso se deve a muitos fatores políticos como por exemplo, a política de muitos países sul-americanos seguirem uma agenda própria como o caso da UNASUL e do sofrível MERCOSUL,para quem muitos rosnam mostrando os seus caninos.
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    Vejam o caso da Cuba, criticam o investimento que o Brasil fez no porto de Mariel, criticam o Brasil pelo simples fato de fazer investimento em um pais comunista e agora, esses hipócritas ficam calados quando verem alguns países da UE e a sua vaca-sagrada querendo reatar relações comercias e diplomáticas com a Cuba.
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    E tem gente que tem crise de nervos e se errita quando situações em que demostra uma America Latina independente, sem a coleira de submissão que a prendia antes.
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    Essa gente, ainda acha que nós,os habitantes abaixo da linha do Equador; somos os eternos súditos da vaca-sagrada deles ( EUA ). .

    • AS GUERRAS E AS SUAS SANÇÕES ECONÔMICAS VISAM MANTER OS PAÍSES PERIFÉRICOS NA PERIFERIA.
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      Nas guerras econômicas dos séculos XIX- XXI usou-se o comércio, as possibilidades marítimas, o bloqueio de créditos, o aprisionamento e a confisco de bens. Isso foi feito, numa esmagadora maioria dos casos, tendo-se em vistas fins políticos. De quando conduzindo política exterior agressiva, em relação a países na periferia do capitalismo mundial, o ocidente evita usar o termo “guerra econômica”, preferindo outros termos mais neutros, como “sanções econômicas”, delimitação comercial-econômica, “moratório” e “interditação”. Entretanto, todas essas medidas, no conjunto, tem o objetivo de arruinar adversários econômicos, levantar agitação social, e conduzir a mudanças de poder.
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      (*)fonte: [ dinamicaglobal.wordpress.com/2015/02/17/as-guerras-e-as-suas-sancoes-economicas-visam-manter-os-paises-perifericos-na-periferia/ ]
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      (…) Para Washington isso apresentou-se como uma surpresa e um fato absolutamente não aceitável. Irã tornou-se depois numa espécie de manual educacional, mostrando a outros países como se poderia contornar as sanções ocidentais. Do nosso ponto de vista foi exatamente isso que motivou a que em 2013, por iniciativa de Washington, as discussões em Geneva foram iniciadas quanto ao programa nuclear do Irã, com a participação do sexteto, ou seja dos 5 permanentes membros do Conselho de Segurança da ONU, mais a Alemanha, como intermediários. (…)

    • .COMUNIDADE EUROPÉIA QUER AUMENTAR COOPERAÇÃO CIENTÍFICA COM CUBA
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      A diretora de Cooperação Internacional da Comunidade Europeia, Maria Cristina Russo, defendeu o aumento da colaboração com Cuba no âmbito da pesquisa e do desenvolvimento.
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      (*)fonte:[ vermelho.org.br/noticia/259081-7 ]
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      (…) Com relação à colaboração para a pesquisa entre a UE e Cuba, indicou que o programa Horizonte 2020 permite a pesquisadores de todo o mundo competir por uma bolsa de apoio em diferentes âmbitos de atividades. (…)

    • “Será que as mau-logradas sanções que o clube de vassalos do tio Sam ( EU ) estão por trás dessa disposição da Alemanha ou é uma atitude fora do contexto levantado ?”

      Não.

  4. A dificuldade desses nossos ultimos governos com Berlim, sé deve a uma grande dificuldade que esses tem para lidar com poodles. O país foi poodle por tanto tempo, que esse processo de libertação, ainda marcado na sua personalidade, faz com que a cada imagem que espelhe semelhança com o que ja foi, cause um estranhamento e um rosnar. Mas nada que um afago nos cabeças do país não possa eliminar.

  5. Entrando pela porta da frente , pedindo licença, conversando na boa, ainda mais com Uta Thofern , lindíssima, exatamente como tem feito China e Rússia, lógico que os aspectos práticos é que vão pesar na balança e isso não é de uma hora para outra, esperemos para ver o que vai ser assinado.

    Outro país já instalou seis tiphoons em certa ilha e aumenta o cerco militar na América do Sul, inclusive na outra visita que fez ao Brasil o primeiro ministro deles disse que desejaria que o Brasil e eles voltassem ao século 18 … escravidão, subserviência …

    Diferentes políticas e diferentes resultados .

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