Segundo porta-aviões chinês: O que se esconde por trás das informações?

Vassily Kashin

Em 31 de janeiro, a prefeitura de Changzhou anunciou, através de sua conta oficial no microblog, que uma das empresas da cidade, especializada em fabrico de cabos elétricos, tinha vencido o concurso e iria fornecer sua produção para equipar o segundo porta-aviões chinês.

Retirada mais tarde da Internet, essa informação provocou uma avalancha de comentários de especialistas e amantes de equipamento militar.

A notícia chegada de Changzhou não é foi o primeiro “vazamento” de informação sobre a construção do segundo porta-aviões chinês. Já houve vários casos do mesmo gênero, incluindo uma declaração de Wang Mingyu, dirigente comunista da província de Liaoning, que já no início do ano passado se tinha referido aos preparativos para a construção de mais dois porta-aviões.

Ora, o que é que sabemos atualmente sobre este programa e seu andamento? O segundo porta-aviões chinês levará no seu casco o número de amura 17. O navio está sendo construído no estaleiro de Dalian, de acordo com o projeto modernizado do Liaoning, com o qual terá muita similitude no aspecto exterior. As diferenças internas, ao invés, deverão ser substanciais.

É lógico supor que os chineses não vão reproduzir o grupo motopropulsor do Varyag/Liaoning, já moralmente obsoleto e, além disso, pouco confiável e trabalhoso em manutenção. Aliás, a configuração técnica do novo grupo motopropulsor ainda é desconhecida. Pode-se esperar também grandes mudanças no equipamento radioeletrônico e melhorias importantes na organização dos espaços interiores do navio.

O projeto 17 envolve, grosso modo, os mesmos recursos humanos e as mesmas empresas que construíram e aparelharam o navio do projeto anterior, o Liaoning. Portanto, o atual projeto distingue-se por uma baixa taxa de riscos técnicos e não deve ser extraordinariamente caro. Todos os possíveis erros já foram feitos e corrigidos durante a construção do Liaoning. Por isso, os chineses poderão obter, no final, um navio muito melhor do que o Liaoning ou o Admiral Kuznetsov russo.

O terceiro porta-aviões, em que os engenheiros chineses, como podemos supor, estão trabalhando a toda a velocidade, será construído em Xangai. É um projeto de nível e complexidade tecnológica totalmente diferente. Pelo pouco que sabemos, podemos julgar que o navio do projeto 18 será completamente um porta-aviões nuclear de tipo norte-americano, com catapultas eletromagnéticas e propulsor nuclear. Uma vez construído, a China se tornará indiscutivelmente a segunda nação do mundo na área de construção naval militar (pelo menos, na classe de navios de superfície).

É possível que o navio tenha o deslocamento comparável com o dos porta-aviões norte-americanos de grande porte. Além disso, terá aviões embarcados mais eficientes e versáteis, ou seja, não só caças mas também aeronaves do sistema de vigilância aérea por radares, que estão sendo desenvolvidos na China.

Durante a construção do projeto 18, os chineses não poderão contar com as soluções técnicas prontas, emprestadas do exterior. O projeto é altamente arriscado do ponto de vista técnico, e os prazos reais de sua conclusão diferirão muito dos inicialmente planejados. Portanto, não se pode excluir que no futuro o programa de porta-aviões seja submetido a certos reajustes, por exemplo, em detrimento da construção de navios adicionais do tipo Liaoning.

Por que razão cresce o número de materiais publicados sobre o navio em construção? Evidentemente, dentro em breve estaremos testemunhando o mesmo fenômeno que foi observado na mídia chinesa durante a construção do Liaoning. Nos anos anteriores à sua entrada ao serviço na Marinha chinesa, o projeto de remodelação do navio era de conhecimento comum, embora o governo chinês não emitisse a esse respeito nenhuns comentários oficiais.

Na altura, a China não fez nenhum esforço prático para esconder o fato de estar executando o programa de construção do porta-aviões e, aparentemente, não vai o esconder agora. Ao rejeitar um secretismo hermético, as autoridades preparam gradualmente a opinião pública, tanto na própria China como nos países vizinhos, para o próximo reforço da Marinha chinesa.

Ao mesmo tempo, a falta de informação oficial sobre o assunto não permite aos adversários estrangeiros da China tirar o máximo proveito do que está acontecendo para promover a tese da “ameaça chinesa”. Além disso, a falta de contenção na divulgação dos projetos tecnicamente arriscados pode levar a consequências políticas desagradáveis no âmbito interno se tais projetos enfrentarem atrasos e custos adicionais (o que acontece muitas vezes).

Quanto a isso, a China consegue, portanto, evitar felizmente o erro que a Rússia às vezes comete no que concerne aos seus programas espaciais e técnico-militares.

Fonte: Sputnik

 

6 Comentários

  1. Interessante como produzem materias de algo totalmente desconhecido somente para darem margens a suposições para deleite de aficcionados debaterem conhecimentos kkkkkk
    Supositorio kkkkk
    A unica coisa que desconfiam é que os caras ja estão construindo um e se encaminham para construirem outro kkkkk
    Ai vem os invejosos falarem que levarão uma decada para testes de mar e mais outra para incorporação kkkkk

  2. Enquanto os EUA e a OTAN estão enrascados com o urso e não sabem mais o que fazer, o dragão está afiando as sua guarras. 😉

  3. Da forma que a China está investindo em forças marítimas, não dou 20 anos pra se igualarem em poder naval com os EUA (até porque a burrice norte americana ajudou lançando a Russia nos braços do dragão).

    • Concordo contigo Arc eles fizeram Russos e Chineses se aproximarem e agora pagarão pela falta de visão estrategica.
      A muitos anos afirmo que perderam a oportunidade de atrairem Russia e India pois o inimigo imediato deles era a China.Inimigo não por questões militares ou politicas MAS POR INVEJAREM A PROSPERIDADE CHINESA.

      • Para enfrentar o oriente os EUA precisam de reorientar, parar de ver outras nações como filiais franqueadas, que só existem para pagar as contas, e oferecer parceria real, a América e a Europa ainda podem fazer escala e disputar mercados com a Ásia, desde que estejam realmente unidas.

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