Setenta anos depois, o mundo precisa de outra Yalta?

Da esquerda para a direita, Winston Churchill, Franklin Roosevelt e Iossef Stálin

Na Conferência de Yalta, em fevereiro de 1945, três líderes mundiais – o soviético Iossif Stálin, o americano Franklin Roosevelt e o britânico Winston Churchill –, tentaram criar um sistema para evitar novos conflitos militares de escala global. Setenta anos depois do encontro, a questão ainda não parece completamente solucionada.

“Deveria ser organizada uma ‘Nova Yalta’ para tratar de questões de segurança global e encontrar maneiras de resolver os conflitos na Ucrânia e no Oriente Médio”, sugere Mikhail Miagkov, professor no Instituto Estatal Moscovita de Relações Internacionais (Mgimo, na sigla em russo).

“Deveriam participar líderes de países com peso real no mundo, e eles devem chegar a um acordo sobre as regras do jogo nas relações internacionais”, acrescenta o especialistas, destacando que os acordos deveriam ser celebrados em conformidade com os princípios da ONU.

A decisão de criar a Organização das Nações Unidas foi, inclusive, um dos principais resultados da Conferência de Yalta. O plano de criação da ONU fora discutido em dezembro de 1944, mas só em Yalta conseguiu-se chegar a um acordo sobre qual seria a sucessora da Liga das Nações, criada antes da guerra.

Veto contra a maioria

De acordo com Miagkov, o Conselho de Segurança da ONU foi desenhado com base na proposta de Roosevelt de instituir alguns “policiais internacionais”. No início, o conselho seria composto por Estados Unidos, União Soviética, Grã-Bretanha e China. Em Yalta foi acrescentado o quinto país – França –, graças à influência de Stálin.

Durante as discussões sobre os princípios do conselho, a URSS conseguiu aplicar o seu ponto de vista em uma questão fundamental: os “policiais” do Conselho de Segurança da ONU teriam o direito ao veto, opondo-se à proposta de Roosevelt de resolver as questões por maioria dos votos. Para a União Soviética, isso era inaceitável, já que os países ocidentais estavam em maioria.

Esfera de influência

Além do acordo sobre a criação das Nações Unidas, os líderes dos três países reunidos em Yalta concordaram em dividir as esferas de influência, sobretudo no que dizia respeito à Europa.

De acordo com o historiador militar Vitáli Bogdanov, durante a preparação da conferência, Moscou teve por objetivo formular propostas de modo a não causar insatisfação completa do Ocidente.

“Naquela época a União Soviética ainda não tinha começado a ‘comunização’ dos países da Europa do Leste. Isso foi feito mais tarde já no período da Guerra Fria”, diz.

Paralelamente, Roosevelt concordou com a política de “portas abertas”, esperando que a ajuda econômica dos Estados Unidos pudesse ajudar na penetração dos interesses de Washington em território de influência soviética.

Carisma em falta

Com o início da Guerra Fria, os planos de cooperação entre a URSS e o Ocidente ficaram no passado. Mesmo assim, os compromissos assumidos em Yalta se mostraram viáveis ainda sob as novas condições de confronto global.

É por isso que, de acordo com os especialistas entrevistados pela Gazeta Russa, qualquer melhora do sistema de segurança internacional deve se basear nos princípios estabelecidos em Yalta: com a presença da ONU e dos atores globais influentes.

Mas é justamente nesse ponto que os historiadores mais concordam: há falta de líderes mundiais cujo carisma pudesse ser comparado com o dos seus antecessores da época de Yalta e estivesse à altura da complexidade dos desafios da modernidade.

Fonte: Gazeta Russa

3 Comentários

  1. Uma coisa, para mim, é certa, a ONU deveria terminar. E o Brasil não deveria investir nenhum suor na tentativa de fazer parte de seu conselho permanente pelo simples fato de ter tanta politicagem envolvida para manter os status dos atuais membros.
    Deveria labutar por outra alternativa, que nivelassem os direitos entre todos os países, por representarem igualmente os cidadãos de seus estados.

    • fazer outra do zero so depois da terceira guerra mundial rsrs

      é melhor o brasil comer pelas beiradas e tentar entrar no que já existe

      • Sei que você está certo, mas acho que será dificil chegar lá. Os países aceitaram esse formato indecente ao fimda segunda guerra, de 5 importantes e o resto, bom, são o resto, se não gostarem se sacudam. Sds.

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