AH-X BR: Bell AH-1Z Viper

Bell AH-1Z Viper

Autor: MessiaH
Plano Brasil

Matéria feita em parceria com o Site Warfare

 

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PREFÁCIO

Em meados dos anos 60 no auge da Guerra do Vietnam após uma requisição do US ARMY a Bell Helicopter apresentava um modelo nomeado de 209. Utilizando: motor, transmissão e rotor do famoso Bell UH-1 Iroquois “Huey”, nascia o então Bell AH-1, batizado de COBRA. O helicóptero que revolucionou o conceito de “Cavalaria Aérea”.

Por muitos anos, o AH-1 foi a espinha dorsal das forças armadas americanas e a última palavra em helicóptero de ataque e escolta, até o surgimento do Apache.

Quase 50 anos depois, entrava em operação a variante Z denominada de ZULU ou Viper no USMC onde será utilizado pelo corpo aéreo dos Marines.

Baseado no seu antecessor, o AH-1 “Whiskey” SuperCobra com dois motores, e carregando armas e sensores no Estado da Arte, o AH-1Z, dá sinais claros de que a cobra está mais potente e mais letal, representando a continuidade dessa família que está pronta para responder às demandas modernas para guerra contemporânea.

O Helicóptero

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O AH-1Z Viper é derivado direto do AH-1W SuperCobra. Representando um dos helicópteros mais poderosos e avançado, voando hoje. A ideia de uma nova versão do famoso Cobra, surgiu em paralelo ao desenvolvimento da versão Y do helicóptero UH-1, também produzido pela Bell Helicopter com o programa de modernização H1 lançado em 1996, o resultado foi uma comunalidade entre o AH-1Z e UH-1Y tendo 84% de seus componentes idênticos. Assim como o AH-1W que está sendo reconstruído e redesenhado para o padrão AH-1Z. A confiabilidade tradicional da série Huey agora contribui para o excelente desempenho, dinâmica de state-of-the-art e aviônicos do Programa H1. O primeiro voo ocorreu em 2000. Sendo introduzido no US Marine Corps dez anos depois, em 2010. E tendo produção de grande escala iniciando já em 2012.

Propulsão

Uma das modificações principais no AH-1Z Viper foi a nova propulsão, agora baseada em duas turbinas General Electric T700-GE-401C Turboshaft que entregam uma potência de até 1.940 shp cada uma se necessário (a potência operacional fica em torno de 1622 shp e 1800shp). Vale ressaltar que turbinas da mesma família equipam outras aeronaves de asas rotativas como o UH-1Y Venom, UH-60 BlackHawk, MH-60 SeaHawk e AH-64 Apache.

Esquema de funcionamento da turbina Turboshafts
Esquema de funcionamento de uma turbina Turboshafts
Turbina General Eletric T700 GE 401C
Turbina General Eletric T700 GE 401C

Além da remotorização, foi adicionado um novo rotor com 4 pás ao invés das tradicionais duas que equipavam os Cobras desde sua primeira versão. As pás são feitas de compósitos que reduzem o peso e aumentam a proteção balística, além de contarem com um sistema de dobragem semi-automática para facilitarem o armazenamento a bordo de navios de assalto anfíbio. A configuração de quatro pás fornece melhorias nas características de voo, incluindo o aumento do envelope de voo, velocidade máxima, subida da velocidade vertical, carga útil e redução do nível de vibração do rotor. Modificações que trouxeram melhor desempenho e aumento significativo da segurança em voo. O novo sistema utiliza 75% menos peças do que rotores articulados convencionais, reduzindo significativamente o seu peso

Galeria de imagens (Turbosquid)

Sensores

A versão ZULU do AH-1 teve sua aviônica e sistemas integrados (IAS) desenvolvidos pela Northrop Grumman. O “cérebro” do Viper consiste em dois computadores de missão e um sistema automático de controle de voo, garantindo mais confiabilidade as operações. Cada estação da tripulação possui duas telas multifunções de LCD 8 × 6 polegadas e um display de 4.2 × 4.2 polegadas.

Computador de Missão desenvolvido pela Northrop Grumman

Os monitores são fornecidos pela L-3 Ruggedised Command and Control Solutions. Enquanto que a Smiths Aerospace fornece o sistema de controle de estoque de armamentos e de transferência de dados.

Além da suíte de navegação que conta com mapas digitais dinâmico, um moderno sistema de navegação inercial e sensores que auxiliam a tripulação quando em voo pairado garantido a máxima letalidade sem a necessidade de se expor ao fogo inimigo.

Tanto piloto quanto artilheiro do AH-1Z estão equipados com capacetes HMS/D (Helmet Mounted Sight and Display) no qual todas as informações referentes a velocidade, potência, altitude e principalmente informações sobre o alvo são providas na viseira da tripulação. O modelo “Top-Owl” da Thales foi o escolhido para equipar as tripulações do Viper que incorpora conceitos alternativos de visão noturna com base na tecnologia existente promovendo uma integração com a tecnologia já comprovada, ou seja, um aperfeiçoamento do “Top-Owl”.

HMS/D "TopOwl"
HMS/D “TopOwl”
Capacete Thales "TopOwl"
Capacete Thales “TopOwl”

 

A projeção na viseira fornece imagens em infravermelho, o que garante a operação em quaisquer condições climáticas, seja dia ou noite.

O sistema de mira do Viper foi desenvolvido pela Lockheed Martin, conhecido por Hawkeye XR ou TSS – Target Sight System, o sistema incorpora um sistema de controle de fogo (AN/AAQ-30) múltiplos sensores eletro-ópticos e infravermelhos(EO/IR), um sensor FLIR de 3º geração que opera nas bandas de 3-5 microns, um sensor CCD TV em cores com uma resolução de 640×512 e um designador laser. O TSS oferece a capacidade de identificar e designar alvos na faixa máxima das armas, melhorando significativamente a plataforma nos quesitos de sobrevivência e letalidade, principalmente se comparado ao antigo NTS operado nos AH-1W.

Torreta do TSS
Torreta do Hawkeye XR ou TSS
Comparativo entre as imagens do TSS e o antecessor NTS

 

O AH-1Z Viper pode operar ainda com um radar Longbow instalado na ponta de um de seus cabides de armamentos (asa). Este radar poderá detectar, classificar e priorizar múltiplos alvos fixos e moveis, sendo que o alcance para alvos moveis é de 8 km e para alvos estáticos é de 4 km.

Radar Longbow instalado em um AH-1Z.
Radar Longbow instalado em um AH-1Z.

Para fins de supressão de ruído e calor, os escapes das turbinas são cobertos com defletores de calor (HIRSS) Hover Infrared Suppression System, uma carenagem que direciona o fluxo para longe da estrutura da aeronave e refrigerar o mesmo.

Além disso, o helicóptero é equipado com o dispensador chaff/flare AN/ALE-47 “Smart” fabricado pela BAE Systems Defesa Integrated Solutions e Lockheed Martin Tactical Defense Systems, dispositivos de alerta de mísseis AAR-47 Missile Warning Device e um sistema AVR-2A Laser Warning Receive APR-39A(v) 2 Radar Warning Receiver que alerta a tripulação em caso de estarem sob mira, seja de um míssil guiado por radar ou a laser.

Vídeo

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Armamento e Carga

O AH-1Z pode ser armado em seus 6 pontos fixos nas asas: mísseis ar-terra Hellfire, mísseis ar-ar AIM-9 Sidewinder, pods de foguetes Hydra de 70 milímetros (7 e 19 tiros) e a versão APKWS guiada, além do armamento fixo na torreta abaixo do nariz um canhão M197 Gatling com 3 canos e capacidade para até 750 munições.

 

Canhão M197 do tipo Gatling.
Canhão M197 do tipo Gatling.
AH-1Z-pic
Gama de armamentos empregados pelo AH-1Z

 

Ou levar ainda tanques externos auxiliares de combustível de 291 e 378 litros. Bombas de manejo Mk-76, BDU-33D, Mk-106 e bombas incendiárias Mk-77.

AH-1Z dispara mísseis AGM-114 Hellfire durante testes
AH-1Z dispara mísseis AGM-114 Hellfire durante testes

Cockpit e Segurança

O cockpit do AH-1Z foi projetado de acordo com o conceito HOCAS (Hands on Collective and Stick) que permite ao piloto voar sempre com as mãos nos controles direcionais e de potência. Outra característica peculiar ao Viper é que ambas as posições, tanto operador/artilheiro quanto a do piloto são bastante similares dando total capacidade de pilotagem e combate a qualquer um dos tripulantes, característica que facilita inclusive o treinamento das tripulações.

Cockpit do AH-1Z Viper

Os assentos foram projetados para serem resistentes e atenuarem o choque em caso de queda da aeronave. Os skis de aterrissagem também foram concebidos para absorverem a energia do choque. E todos os tanques de combustíveis possuem auto vedação para impedirem que se incendeiem.

Toda a célula foi construída de modo a resistir a impactos e preservar as estruturas sensíveis um design conhecido como Mass Retection (retenção de massa).

 

Baia da aviônica do AH-1Z Viper

 

Bell Helicopter AH-1Z VIPER

Tripulação 2 homens
Preço US$ 29,89 milhões

Dimensões e peso

Comprimento 17.8 m
Diâmetro do Rotor Principal 14.6 m
Altura 4.37 m
Peso (vazio) 5.5 t
Peso (máximo de decolagem) 8.16 t

Motores e performance

Motores 2 x General Electric T700-GE-401C turboshafts
Potência dos Motores 2 x 1622 ~ 1940 shp
Velocidade Máxima 337 km/h
Velocidade de Cruzeiro (Operacional) 296 km/h
Teto de Serviço Abaixo de 6.1 km
 Raio de Alcance 425 km
Alcance (com tanques auxiliares) 685 / 715 km

Armamento

Canhão 20-mm com 750 cartuchos
Mísseis AGM-114A/B/C  mísseis anti-tank, mísseis AGM-114F anti-navio, míssil ar-ar AIM-9 Sidewinder.
Outros armamentos Pods com foguetes Hydra de 70-mm, bombas de queda livre, tanques auxiliares

Conclusão:

De fato, o AH-1Z Cobra/Viper pode ser considerado o mais revolucionário helicóptero da atualidade, sendo descendente de uma já testada e aprovada família, este formidável helicóptero garantirá por outros muitos anos a vanguarda da aviação de escolta e ataque dos Fuzileiros Americanos (Marines) e demais nações que venham a adquiri-lo.

Agregando a experiência adquirida nos últimos conflitos ao que há de mais moderno hoje em tecnologia o Cobra/Viper foi desenvolvido sob medida para o USMC e poderá enfrentar qualquer ameaça além das convencionais para o qual foi projetado. A capacidade de operar mísseis ar- ar AIM-9X Sidewinder deixará o campo de batalha muito mais hostil para aeronaves inimigas. Porém sua principal característica ainda será a de aeronave de contra insurgência, atuando em apoio direto as tropas.

No cenário brasileiro, o AH-1Z Viper seria excelente um vetor se operado pela Aviação do Exército ou por um corpo aéreo dos Fuzileiros Navais brasileiros que estrategicamente seria criado, visto que a Estratégia Nacional de Defesa prevê como força expedicionária o Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha.

Atuando em parceria com os EC-725 Caracal e Blackhawk’s brasileiros nas missões de C-SAR, escolta e ataque os Cobras seriam ferramentas importantes nas ações estratégicas brasileiras, principalmente no teatro Amazônico que hoje carece de meios operativos de transporte e vigilância.

Por fim, percebe-se que muito de suas linhas originais foi preservada nesta variante Z, porém como já citado, com novo coração, novo cérebro e novos olhos essa Cobra demonstra que está mais venenosa e mais letal do que nunca e pronta para a qualquer momento dar seu bote fatal.

Corte esquemático do Bell AH-1Z Viper
Corte esquemático do Bell AH-1Z Viper

Conheça mais sobre os sistemas do AH-1Z Viper.

Link 1 : Lockheed Martin TSS

Link 2: Geaviation

19 Comentários

  1. Excelente matéria, como sempre. Belíssimo trabalho MessiaH. A propósito, saberia algum lugar que possua esse corte esquemático só que em maior resolução?

    • Saudações Lucas Senna. Nós do Plano Brasil é que agradecemos. Pois é infelizmente imagens que possibilitem a leitura das informações contidas no Cutway não foram encontradas. As que existem são dos AH-1W ou estão em russo. Continuarei procurando, caso encontre lhe comunico.

  2. “””Vale ressaltar que turbinas da mesma família equipam outras aeronaves de asas rotativas como o UH-1Y Venom, UH-60 BlackHawk, MH-60 SeaHawk e AH-64 Apache.”””

    “””As pás são feitas de compósitos que reduzem o peso e aumentam a proteção balística, além de contarem com um sistema de dobragem semi-automática para facilitarem o armazenamento a bordo de navios de assalto anfíbio.”””

    Uma obra de arte essa máquina e também uma excelente matéria, quem sabe tenhamos alguns por aqui.

    • Oxalá o Brasil poder contar com um vetor desse calibre. O que temos mais próximo disso hoje são os Mi-35 da FAB. Até agora somente a Coreia do Sul consta como cliente de exportação.

  3. excelente matéria senhor MessiaH…a única coisa que eu não gostei foi desse vídeo ai em espanhol…o linguinha feia viu…..sempre fico com agonia quando alguém conversa algo nesta língua….

    • Falando merda senhor incoerente , o espanhol eh a lingua da naçao mais amada e invejada por aquelas desgraças que ensistem em roubar as estatais brasileiras ,entao na ausencia de algo que preste , $ PoRQUE NAO TE CALAS $ kkkkkkk

  4. Atenção senhores, fiquem a vontade para comentar a matéria e seu conteúdo, manifestações políticas e xingamentos serão excluídos sem prévio aviso assim como seus autores.
    Obrigado.

  5. “Este radar poderá detectar, classificar e priorizar múltiplos alvos fixos e moveis, sendo que o alcance para alvos moveis é de 8 km e para alvos estáticos é de 4 km.”

    Não seria o contrário!? É mais fácil detectar alvos móveis mais perto, mas se o alvo é fixo, ele pode estar mais longe e ainda assim vai ser detectado!

    Entre o Apache e o Cobra, creio que o Cobra seria uma opção muito mais inteligente para o Brasil, principalmente por compartilhar muitos componentes com o seu primo Super Huey. Versão modernizada e “turbinada” do cavalo de guerra do Vietnam!

    http://bit.ly/1BXzvv0

    http://bit.ly/1zk9msU

    http://bit.ly/1BXzuHp

    Melhor que isso, só que adquiríssemos direitos de uma linha de montagem da Bell em solo brasileiro.

    • 30 milhões de dólares? Só se vier pelo MIlitary Assistance Program.
      O preço cairia pelo menos 20%.
      O mesmo preço que o EUA vende para nações amigas.

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