O que aconteceu com a economia dos Brics?

Credito: Pr
Países dos Brics enfrentam dificuldade econômicas

Em 2001, os Brics foram considerados países que poderiam remodelar a economia mundial.

Brasil, Rússia, Índia e China -na época o grupo não incluia a África do Sul- foram identificados como economias grandes e de crescimento rápido que teriam papeis globais cada vez mais influentes no futuro.

Mas a desaceleração econômica pela qual o Braisl está passando se repete em todo o grupo. O que aconteceu com estas economias?

Leia mais: País sai de recessão técnica, mas ritmo de recuperação decepciona

Hoje, China e Rússia são possivelmente as mais preocupantes para o resto do mundo no curto prazo. Podem provocar uma reformulação séria e bastante indesejável.

No caso da China, há o risco de a desaceleração econômica se transformar em algo mais prejudicial para a economia mundial. Com a Rússia, há a possível consequência econômica do conflito na Ucrânia.

A desaceleração da China aconteceria mais cedo ou mais tarde. Na verdade, é notável que não tenha vindo antes.

A China tem registrado taxas extraordinárias de crescimento econômico há muito tempo – uma média de 10% ao ano nas últimas três décadas.

Mas este crescimento é baseado em taxas muito elevadas de investimento, atualmente em 48% da renda nacional ou PIB.

Credito: BBC
Brasil e Rússia dependem em parte de exportação de commodities

Quando o investimento é alto assim, há sempre o risco de que muitos projetos acabem sendo um desperdício ou não rentáveis, minando as finanças dos próprios investidores e de qualquer pessoa que tenha emprestado dinheiro a eles.

Poucos países têm taxas de investimento mais altas do que as chinesas -e nenhum deles têm muito a ensinar para a China. São eles Butão, Guiné Equatorial, Mongólia e Moçambique.

Outro fator que ajuda a entender o crescimento chinês é a exportação.

Mas não é possível depender disso atualmente, quando o resto do mundo ainda luta para se recuperar da crise financeira.

Transição chinesa

O que o governo chinês quer fazer é avançar no sentido de um crescimento econômico um pouco mais lento e mais influenciado por venda de bens e serviços para os consumidores chineses.

A desaceleração está acontecendo. Já nesta década, a taxa média de crescimento caiu em mais de dois pontos percentuais.

O homem que inventou o termo “Brics”, Jim O’Neill, então da Goldman Sachs, acredita que a transição pode ser gerida sem muita turbulência.

Outros são mais cautelosos.

O professor Kenneth Rogoff, da Universidade de Harvard, diz que a desaceleração da China é ao mesmo tempo inevitável e desejável, mas adverte: “Não é fácil conter o crescimento gradualmente sem provocar problemas generalizados de projetos de investimentos ambiciosos.”

Ele diz que, se o crescimento chinês entrar em colapso, a queda global poderia ser muito pior que a causada por uma recessão normal nos EUA.

Já a Rússia é uma história diferente.

Seu impacto econômico potencial sobre o resto do mundo em um futuro próximo está altamente relacionado com questões políticas.

O conflito na Ucrânia já prejudicou a Rússia economicamente.

As sanções impostas pelo Ocidente e o receio entre os investidores de que elas possam aumentar agravaram uma desaceleração que ocorreria de qualquer maneira.

O país já perdeu US$ 85 bilhões este ano, de acordo com dados do Banco Central.

A Rússia é muitas vezes criticada por ter um ambiente de negócios difícil, devido à burocracia e incertezas sobre o sistema legal.

O FMI já falou disso antes, e Jim O’Neill também afirma que a Rússia precisa de normas confiáveis de direito empresarial.

Os problemas da Rússia já tiveram impacto econômico além de suas fronteiras, notadamente na Alemanha.

As exportações para a Rússia caíram acentuadamente – o que é um fator importante por entender por que a Alemanha está perto da recessão.

Olhando para o futuro, o FMI também advertiu que “riscos geopolíticos”, ou seja, a crise na Ucrânia e no Oriente Médio, são algumas das principais ameaças para a recuperação da economia global que já é, nas palavras do próprio FMI, “fraca e desigual”.

Força da Índia

Outros dos Brics com problemas claros é o Brasil – apesar de o país representar menos perigo no contexto global.

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Assim como a Rússia, é uma economia em que as exportações de commodities desempenharam um papel importante para os bons resultados da década de 2000.

Na Rússia, o que se exportava era de petróleo e gás. Já o Brasil tem minério de ferro e commodities agrícolas como soja, café e açúcar.

Credito: Reuters
Criador do conceito de Brics defende que Brasil dependa menos de commodities

Jim O’Neill diz que ambos precisam tomar medidas para tornarem-se menos dependentes do setor de commodities.

Devem melhorar a sua competitividade de trabalho, diz, e se tornarem mais atraentes para o investimento privado em outras indústrias.

Entre os países do Bric original – que não inclui a África do Sul -, a Índia aparentemente é o que está causando menos ansiedade nos mercados financeiros e instituições econômicas internacionais no momento.

O crescimento ganhou força este ano, embora esteja muito aquém daquele da década anterior.

Muitos investidores receberam bem o novo governo de Narendra Modi, que assumiu o cargo em maio.

“Estou mais otimista do estive por algum tempo sobre a Índia”, diz Jim O’Neill.

Então, os Brics estão desmoronando?

É bom lembrar de onde este conceito veio. Ele apareceu pela primeira vez em um artigo escrito em 2001 por Jim O’Neill.

Não era um grupo, mas apenas uma maneira conveniente, com uma sigla agradável, para detectar tendências importantes.

Somente anos depois os países começaram a fazer cúpulas anuais e, nesta fase inicial, o grupo não incluia a África do Sul. O “s” no final de Brics aparecia apenas como um plural.

Alcançando o crescimento

O objetivo do trabalho era mostrar o papel cada vez mais influente que esses países desempenhariam na economia global pelos próximos 10 anos, e argumentar que a cooperação econômica internacional deveria mudar para refletir esta realidade diferente. E isso ocorreu.

Desde 2008, um dos fóruns-chave para questões de política econômica tem sido o grupo G20, que inclui todos os Brics entre os seus membros.

Os Brics eram as maiores economias emergentes. Não havia nenhum país africano quando a ideia foi usada pela primeira vez, e em termos do seu peso econômico a África do Sul estava bem atrás dos outros, e também de alguns que não foram incluídos, como a Indonésia e o México.

Um artigo de acompanhamento de dois outros economistas do Goldman Sachs estendeu a análise até 2050 e sugeriu que os Brics, em conjunto, poderiam ser maiores que os seis principais países industrializados somados em 2039.

A rigor, os artigos do Goldman Sachs não eram previsões. Eram retratos de como o mundo poderia ser se os países crescessem o quanto podem.

As taxas de crescimento previstas eram muito maiores do que a de países ricos.

Eles têm a possibilidade de alcançar esses países ao investir rapidamente em tecnologia, o que já está estabelecido em economias desenvolvidas.

Eles também têm mão de obras disponível, para as indústrias em rápida expansão, por causa da população em crescimento e urbanização, com as pessoas se mudando do campo para as cidades.

Nas projeções originais de Jim O’Neill, o crescimento chinês ao longo dos próximos 10 anos foi fixado em 7%, da Índia de 5%, e Rússia e Brasil, em 4%.

O Brasil foi o único que não atingiu essa projeção.

Mas todos os Brics têm desacelerado na década atual, por mais de dois pontos percentuais cada, com exceção da África do Sul.

Potencial para o futuro

O FMI investigou a desaceleração dos países em desenvolvimento.

Uma parte significativa dele reflete a demanda internacional mais fraca por suas exportações e políticas governamentais dos próprios países, que se tornaram uma limitação ao crescimento, à medida que reverteram políticas de estímulo anteriores -cortando gastos ou aumento impostos para reduzir as necessidades de financiamento.

Mas também há outros fatores que afetam a capacidade das economias emergentes de crescer no futuro – que limitam o que o FMI chama de “potencial de crescimento”.

As taxas de juros tendem a subir gradualmente de seus atualmente baixos níveis nos países ricos – particularmente nos EUA e no Reino Unido.

Isso vai afetar as taxas globais e tornar o investimento mais caro em economias emergentes.

Credito: BBC
Política de filho único foi afrouxada na China

Muitos também terão de lidar com o envelhecimento da população e um crescimento mais lento do número de pessoas em idade ativa.

Para alguns, a vantagem demográfica que tinham anteriormente está desaparecendo.

Rússia e China estão entre nesse grupo. Isso foi levado em conta nas projeções do Goldman Sachs. Jim O’Neill diz que, mais recentemente, suas políticas nesta área têm sido “surpreendentemente boas”.

A China está afrouxando sua política de filho único e, diz ele, “a Rússia tem tido algum sucesso no aumento da expectativa de vida com políticas muito mais inteligentes sobre o consumo de álcool.”

Apesar de todos os Brics terem desacelerado nesta década, os que apresentam perfomance mais fracos agora são Brasil e Rússia.

Suas taxas médias de crescimento têm sido inferiores a dos Brics asiáticos o tempo todo e, neste ano, eles desaceleraram ainda mais. Para 2014 como um todo, o FMI projetou crescimento para os dois, mas muito pouco – de 0,3% para o Brasil e 0,2% para a Rússia.

Os dois números, aliás, são um bem menores do que foi previsto este ano até para a zona do euro – apesar de ela ainda estar em crise e ter sido descrita como assombrada pelo “fantasma da estagnação” por Mark Carney, do Banco da Inglaterra.

Jim O’Neill ainda não achar que é o caso de tirar Brasil e Rússia do Brics – mas os últimos anos têm certamente sido uma decepção.

Portanto, não é hora de abandonar os Brics.

Os países do grupo estão passando por alguns problemas, certamente. Para mudar o quadro, a China, em particular, está embarcando em uma operação audaciosa, enquanto busca uma forma diferente e, talvez, em última análise, mais sustentável de desenvolvimento econômico.

Os Brics e seu desempenho importam para o resto do mundo, mais do que importavam na virada do século – o que é, afinal, o ponto principal do conceito original.

Fonte: BBC Brasil

13 Comentários

  1. Se compararmos a capacidade industrial instalada nos EUA com a capacidade da banania ,veremos que 1% no crescimento da economia americana representa 20% no crescimento da banania , para uma naçao que estah falindo como os EUA crescer 2,3 % eh uma prova da força economica do pais , enquanto isto o gigante habitado por julios ,rasteja como um verme ,crescendo menos doque a africa do sul, este crescimento se deve ao apetite agora moderado da china , pra nao perder o costume ,o pt sugando a honra da naçao ,tambem lhe corta as maos e os pes , estamos na rabeira ,se nao fosse amassa consumidora de penduricalhos chineses e as riquesas naturais ,a banana seria convidada a deixar o grupo , kkkkk,o brasil deveria entregar a administraçao desta bagaça para um consorcio formado por Japaneses e Hebreus ,ai vcs veriam como tira este gigante natimorto da sepultura !

      • Kkkkkkkkkkk, esse Sáurio de pequeno encéfalo faz por merecer a pancadas que eu lhe aplico, depois vem a HMS pedir que eu manere com o demente, mas é difícil. Vejam o microcéfalo oportunista (por que se aproveita de reportagens alienadas para arrotar seu estrume), esquece que o Economia mundial está, ainda, no nível que está por conta dos BRICS. Fossem esperar pela atual “pujança” Yanke estariamos todas numa crise mundial sem precedentes. A analise feita pelo articulista leva em consideração o aspecto temporal imediato, esquece o passado, e não considera o futuro, alem de menosprezar de forma completamente despropositada o presente. Não precisa ter mais que dois neurônios para saber que os BRICS se converteram num dos pontos de equilíbrio na nova economia mundial, essa que busca seguir caminhos mais abertos, mais multilaterais. Só não dá para esperar essa compreensão do Sáurio com seu neurônio único, e incapaz de se reproduzir. Kkkkkkkk.

      • Um otario que finge acreditar no brics, meu deusss, dos cincos paises dos brics apenas INDIA e CHINA possuem um peso economico influente , a influencia exercida pelos dois gigantes complementam o ciclo de negocios globais , atraem investimentos de todos os lados do globo ,possuem uma massa humana pronta para ser semi-escravisada ,possuem boas relaçoes com o mercado CONSUMIDOR,India e China nao perdem a chance de fazer um bom negocio por motivos ideologicos ,sao realmente duas naçoes que dao suporte a economia global , sao FABRICAS INTERNACIONAIS , UE e EUA ganham dindim quando a china vende , ja em relaçao a terra paria e a russia ,nao se pode dizer o mesmo ,um e respeitado apenas por ser potencia nuclear e possuir reservas de hidrocarbonetos ,a banania eh tolerada porque possui riquesas naturais , mercado consumidor e sempre eh utilizada como um prostibulo por seus politicos de esquerda ,sendo eles vendiveis e hilarios o mundo os veh com carinho e sarcasmo ,kkkkkk. a africa do sul , hummmm,ta la por causa da cota,kkkkkkkkkkk !

  2. De um lado a China diminui nosso crescimento industrial competindo com baixo custo de produção, nos negando seu mercado interno e avançando sobre nossos clientes externos. De outro ela compra nossas commodities fomentando a produção agrícola e mineração. De um lado os EUA/Europa/e seu bloco ajudam nosso crescimento industrial implantando industrias, fomentando os fornecedores locais de partes aumentando nossa participação no mercado interno e de exportação, e de outro embargam nossos produtos agrícolas que concorrem com os deles, porém compram nossas commodities minerais. Por fim o governo federal cobra altos impostos e demora a criar infraestrutura para aumentar nossa competitividade com o arrecadado. Desviam parte para o bolso e parte para programas sociais, quando que o verdadeiro programa social é incentivar a produção desonerando, criando empregos, qualificando o trabalhador e criando uma cultura tecnológica. Pra uma cultura tecnológica é preciso melhorar a educação e ter algo que gere demanda, um programa espacial talvez, pesquisas biomédicas, químico industriais, etc. Com participação de todos estado e capital privado dividindo o custo dos laboratórios de pequisas/projetos e dividindo a patente sobre as descobertas criando novos produtos ou melhorando já existentes. Podemos por a culpa nos de fora por alguma dificuldade, más o problema maior está aqui mesmo no jeito de administrar o país, o jeitinho. Empreender daqui não é fácil e falta visão.

    • Meu caro, você faz uma analise do Brasil, que pode até ter alguma razão em alguns pontos, mas a questão do questionamento são os BRICS, ou seja o conjunto como opção a unilateralismo economico que representa a dependencia yanke. Muitas analises podem ser feitas sobre sua opinião.

      • So pode ter sido bolinado por caucasianos,kkkkk, tem um fricote por yankes que beira a loucura , deve ser pessimo viver com este sentimento de odio misturado com inveja e paixao,kkkkkkk

      • Não critico os BRICS como um todo só a China que quer assumir o papel monopolizador dos EUA, o alfa. É natural que a China queira ser o alfa, faz parte do instinto humano. Porem vamos trocar um monopólio por outro. Más não devemos aceitar a subserviência, ser beta em relação a ninguém. Temos que pensar grande e trabalhar duro para ser grande. Seremos considerados por eles no mínimo iguais então.

  3. Se todos seguem a política neoliberal de contenção de gastos públicos e redução de investimentos, é evidente que a crise só pode aumentar. A novidade é que a última cúpula do G20 mudou de rumo e foi acordado um PAC mundial, um programa mundial de retomada de investimentos públicos para reativar a economia. A fórmula em que um economiza destruindo o mercado interno com arrocho salarial e tenta vender para o mercado vizinho que se recusa a fazer isso ou ainda tem algum mercado a ser explorado não tem futuro.

    • Walfredo, essa abordagem Keynesiana já mostrou repetidamente sua insustentabilidade. Em um primeiro momento, com o aumento dos gastos pode haver algum crescimento no curto prazo, porém, como manter o nível de investimentos constante sem gerar inflação e um Estado (parasitário) gigantesco?
      Somente preço e lucro podem orientar de maneira eficaz o investimento. Com um Estado oneroso, dono dos meios de produção, sem propriedade privada ou livre concorrência não existe incentivo para uma produção eficiente.
      Esse negócio de PAC global me cheira a estatização gradual dos meios de produção, disfarçando investimentos em infraestrutura como um meio de continuar enriquecendo os coleguinhas empreiteiros e inflando a estrutura estatal… conhece alguma história parecida? Isto não vai funcionar.

  4. Eu tive um professor de estatística e probabilidade que meteria fogo naquele gráfico…. ele simplesmente nivela os países e faz um comparativo seco de crescimento. Para finalizar é como se colocar o crescimento do Brasil e do Paraguai mostrando que o primeiro cresceu 1% e o segundo 10%…. sendo assim o Paraguai cresceu muito mais que o Brasil. Paro por aqui.

  5. O que aconteceu com a economia do Ocidente ? kkkkkk
    A anos eu dizia sobre o momento economico que vivemos hoje kkkk e entãqo continuam acreditando em papeis,titulos e caras feias armadas ate os dentes kkkk.
    Como invejam os emergentes.
    A prioridade deles é defdlagrar uma guerra generalizada no sudeste Asiatico.A prosperidade Asiatica fere os olhos grandes deles.
    Se acalmem,paulatinamente o grande vampiro vai se revelando e estagnado não tera outra opção que não seja tentar a sorte se atirando no vacuo.
    Xeque mate,salario minimo de 100 dolares,duas porções de miojo,dois pãezinhos de soja e 1 litro de suco de soja pra cada um como ração diaria.
    Miojo sabor cachorra louca.

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