Russos de olho no submarino nuclear brasileiro

SBNR

“O Brasil será o sétimo país do mundo possuidor de submarinos atômicos.

O perito militar Viktor Litovkin assevera que o Brasil olha dezenas de anos à frente. Existem duas regiões de interesses brasileiros – na África, onde há possíveis colisões políticas com os países europeus e com a China, e, hipoteticamente, na Antártida. O Brasil, um país de economia emergente e de crescente potencial militar, faz desta maneira um requerimento para o futuro, demanda o seu direito de participar da geopolítica em pé de igualdade com outros jogadores mundiais” diz.

Não se pode subestimar as ambições do Brasil, que demanda o papel de uma superpotência regional.

Na realidade, o Brasil pode repetir o êxito da companhia aeronáutica Embraer, – mas desta vez no mar.”

Do blog Crônicas do Motta, 22/10/2013

A intenção do Brasil de construir seu primeiro submarino nuclear repercute no exterior. O projeto é tocado há mais de uma década, mas foi o governo petista que, de fato, compreendeu a sua importância.

O site noticioso Voz da Rússia publicou uma extensa matéria sobre o assunto, algo revelador, já que os russos são o segundo maior exportador de armamentos do mundo, só atrás dos Estados Unidos, detêm desde a década de 50 a tecnologia de construção de submarinos nucleares, e certamente acompanham atentamente o desenvolvimento do projeto brasileiro.

O artigo está transcrito na íntegra a seguir:

O site informativo Lenta.ru publicou um grande artigo intitulado “Carnaval Atômico”, em que se constata que a construção de um submarino atômico ajudará o Brasil a elevar a sua economia. Quando se soube que na cidade de Itaguaí, Estado do Rio de Janeiro, foi criado um estaleiro de construção de submarinos, os peritos indagaram: contra quem e em prol de que pretende lutar o país mais bem-sucedido da América Latina?

A direção do Brasil e os representantes dos círculos militares do país declararam reiteradas vezes que a frota de submarinos será utilizada exclusivamente a fim de defender as reservas submarinas de petróleo do país e as plataformas de pesquisa, destinadas a ampliar ainda mais estas reservas.

Na cerimônia de inauguração do estaleiro de Itaguaí a presidente Dilma Rousseff chamou a atenção para o fato de que esta arma será utilizada exclusivamente a fim de manter a paz. “Eu gostaria de louvar um fato que é muito importante: uma indústria de defesa, como disse o ministro Celso [Amorim, da Defesa], é uma indústria da paz. Mas eu acho que a indústria da defesa é, sobretudo, a indústria do conhecimento. Aqui se produz tecnologia, aqui tem também um poder imenso de difundir tecnologia. É isso que nos outros países a indústria de defesa faz. Nós somos uma nação muito característica. Nós somos um país continental, nós vivemos em profunda paz com todos os nossos vizinhos. Nós somos uma região do mundo que não faz disputas bélicas, não tem conflitos e, sobretudo, uma região pacífica. Todos nós temos consciência, no entanto, que o mundo é um mundo complexo. O Brasil assumiu, nos últimos anos, uma grande relevância. Um país como o Brasil tem esse mérito de ser um país pacífico. Isso não nos livra de termos uma indústria da defesa e temos toda uma contribuição a dar na garantia da nossa soberania, e nos inserirmos cada vez de forma mais pacífica e dissuasória preventivamente no cenário internacional.”

O projeto de criação do submarino atômico próprio – atualmente em fase de desenvolvimento no Brasil -, permitirá a este país atingir um novo nível geopolítico. O Brasil está convencido de que a criação do submarino atômico próprio permitirá tornar mais próximo o objetivo almejado – ser membro permanente do Conselho de Segurança da ONU.

Foi isso que a presidente Rousseff anunciou com orgulho. “Nós podemos dizer, com orgulho, que essa obra, ela é produto da iniciativa de várias, de múltiplas instituições privadas e públicas. Podemos dizer que, de fato, com ela nós entramos no seleto grupo que é aquele dos integrantes do Conselho de Segurança das Nações Unidas – únicas nações que têm acesso ao submarino nuclear: Estados Unidos, China, França, Inglaterra e Rússia.”

O Brasil será o sétimo país do mundo possuidor de submarinos atômicos. O plano de criação destes submarinos foi anunciado ainda em 2008. Foi resolvido, afinal, construir cinco novos submarinos, cada um dos quais irá custar 565 milhões de dólares. Um dos navios terá um reator atômico. Os militares brasileiros afirmam que os submarinos serão utilizados exclusivamente para defender as reservas submarinas de petróleo e as plataformas de pesquisas, destinadas a ampliar estas reservas.

O perito militar Viktor Litovkin assevera que o Brasil olha dezenas de anos à frente. Existem duas regiões de interesses brasileiros – na África, onde há possíveis colisões políticas com os países europeus e com a China, e, hipoteticamente, na Antártida.

“O Brasil, um país de economia emergente e de crescente potencial militar, faz desta maneira um requerimento para o futuro, demanda o seu direito de participar da geopolítica em pé de igualdade com outros jogadores mundiais” diz.

Não se pode subestimar as ambições do Brasil, que demanda o papel de uma superpotência regional. De acordo com a Estratégia de Defesa Nacional do Brasil, o submarino atômico deve surgir em 2013. Já foram dados passos preliminares em direção a este objetivo: no país foi criada uma empresa que irá produzir hexafluoreto de urânio, começou o desenvolvimento do projeto do sistema de propulsão nuclear, foi criado um estaleiro e realiza-se a preparação de quadros de operadores de reatores nucleares.

Na realidade, o Brasil pode repetir o êxito da companhia aeronáutica Embraer, – mas desta vez no mar. Apesar da ausência de razões militares para a realização do projeto de criação da frota submarina, ele não deixa de ter bases políticas e econômicas.

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Em tempo (11/05/2013): “Marinha testa em segredo combustível do submarino nuclear

Fonte: Luis Nassif Online 

25 Comentários

    • Este artigo que você cita foi escrito lá por 2008/2009, época de muitas dúvidas sobre o tema…

      2008 é quando foi assinado o acordo de compra dos submarinos com a França , desde então o pŕograma vem sendo desenvolvido em atrasos, dentro dos prazos previstos.

      E 2009 a FAB/governo assinou com a Embraer e foi lançado o desenvolvimento do KC-390, que até agora está rigorosamente dentro dos prazos! E JUSTAMENTE HOJE, 21/10/2014, O KC-390 FAZ O SEU ROLL-OUT !

      Agora claro, se o Aético vencer, aí pode ser que sua sombria previsão se realize e a conclusão do submarino nuclear brasileiro fique para o “Dia de São Nunca”…

    • por LUCENA
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      Sr Avez80;
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      Se depender dos bicudos e dos coxinha não vai sair nunca ! … 🙂
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      A turma que adora torcer contra o Brasil, sempre viu esse projeto uma pedra para as pretensões dos USA ao nosso litoral .. 🙂
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      Qualquer coisa que possa dá ao nosso Brasil, terra da mãe preta e pai João, instrumentos de defesa e de dissuasão é algo temerário aos bucaneiros a quem os bicudos e os coxinha admiram e servem.
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      QUALQUER UM MENOS, UM AMERICANÓFILO ENTREGACIONISTA !! .. 🙂

  1. Eu acho que os russos deveriam ir ao arquivo cinematografico, e desenterrar o filme CASO MATTEI, porque parece-me que esta havendo outro caso semelhante, agora envolvendo um frances, cujo aviao sofreu um acidente e ele morreu. Esse frances, e diretor de uma compania petroleira Francesa .Este frances ousou dbrir a boca e dizer que nao ha razao para que o preco do pretoleo no mercado internaciunal seja fixo em US dollar. Agora ele morreu em Moscow..VER “ANTI PETRODOLLAR” CO OF FRENCH ENERGY GIANT TOTAL DIES IN FREAK PLANE CLASH IN MOSCOW www,zerohedge.com Coincidencia?

      • Well my friend! Nao sabia nada sobre o WACO ate vc mentiona-lo. O que descobri, o material que estou lendo e resultado do fato que vc me registrou, sem minha autorizacao, como membro de um grupo que antes nunca tinha ouvido falar. Agora possuo material, que so ainds nao comentei, no Plano Brasil para nao chatear vc e seus camaradas. O que escrevi, foi muito superficial, sem detalhes. mas vai assistgir o Caso Mattei, e ler o livro de William Engdhal, Century of War. By the way, Engdhal, faz parte do time de Lyndon Larouche, que foi parceiro internacional do dr. Eneas, quando este era vivo.

  2. Tubarão sem dente não assusta ninguém… mas vamos lá, para os mais informados: a sala de misseis que vemos na ilustração é real? Trata-se de uma simples sala para estocagem ou trata-se de lançadores verticais?

    Ao meu ver seria imprescindível que o sub-nuc tivesse lançadores verticais com alguma variante do AV TM 300…

    Fica então a pergunta pros especialistas: qual seria o grau de complexidade nisso (considerando ainda que o AV TM ainda nem foi concluído)?

    • Mangano,
      Os scorpenes eletro-diesel terão como armamento torpedos pesados e serão capazes de lançar, através dos lançadores verticais, também os misseis anti-navio encapsulados (VSM) Exocet SM 39 e minas.

      Creio que a intenção da MB seja no futuro substituir os Exocet SM 39, por uma variante do atualmente em desenvolvimento MANSUP, ou talvez, porém improvável…do AV TM 300 que vc cita.

      • Boa tarde Alvez80;

        Obrigado pelas respostas. Mas o dísel-elétrico terá lançadores verticais? Tenho lá minhas dúvidas de que o nuclear terá lançadores verticais… (estou com a impressão de já ter visto discussões aqui e em outros fóruns que a dita ‘sala de misseis’ nem existiria no nosso sub-nuc). No mais, acredito que os Exocets seriam lançados pelos tubos de torpedos…

      • Mangano,
        me equivoquei e você está correto, os 4 submarinos de propulsão diesel-elétrica lançarão os Exocet pelos tubos dos torpedos e o 1º sub com propulsão nuclear parece que terá também estes mesmos sistemas de armas, sem lançadores verticais…

        Parece que a MB que ir devagar com as inovações, para diminuir as possibilidades de erros…

  3. “- O Brasil está convencido de que a criação do submarino atômico próprio permitirá tornar mais próximo o objetivo almejado – ser membro permanente do Conselho de Segurança da ONU”.
    O Brasil? Tem certeza que é o Brasil?
    Assim como a ONU, o Conselho de Segurança perde sua importância a cada dia, tendo em vista que se tornou uma quebra de braço entre os capitalistas e os sindicalistas. Ambos os lados tem atropelado o Conselho ou nem sequer o consultado antes de despejarem suas munições.
    Quanto ao texto, a Índia já possuiu um sub nuclear, que foi aposentado, hoje tem dois e dois em projeto/construção, e nem por isso está no conselho de segurança.
    Ingenuidade do ‘Brasil’ (o Brasil dito no texto) achar que isso permitiria o Brasil fazer parte do clubinho.
    Uma coisa é certa, eles permitirão a entrada do Brasil, mas somente quando o Conselho não tiver função nenhuma.

  4. Não devemos ser pessimistas,mas temos que ter os pés no chão!

    Não adianta ter um SubNuc modernos, num país de analfabetos e mortos de fome,antes de protegermos as riquezas minerais devemos proteger a nossa riqueza maior que é o nosso povo ! e como faremos isso ?

    Faremos promovendo uma educação de verdade e de qualidade,com saúde e bem estar ! só assim teremos independência tecnológica nesse país !

    ”Na realidade, o Brasil pode repetir o êxito da companhia aeronáutica Embraer…”

    A Embraer tem tido avanços mas ainda muito a quem das necessidades brasileiras essa empresa deveria já ter no mínimo um estudo de um caça nacional, coisa que precisamos para ontem,tem uma aeronave intitulada “AX” que teria sido um suposto projeto, da Embraer mas nada além disso !

    Quanto aos submarinos,eu acreditei que a tecnologia dos IKL alemães,que nos possibilitou a construção de submarinos no BRASIL, iria nos tornar fornecedores dessas embarcações para as nossa marinha e até para outros países quem sabe da África e América Latina entre outros,mas nada disso aconteceu !

    Meu receio se baseia em fatos anteriores,que espero não se repitam novamente,por isso a necessidade de se ter os pés no chão, de se ter humildades e não ficar de oba,oba !

    Quero ver resultados ”concretos” com a parceria com os Gripens e essa com os submarinos franceses pois as anteriores não passaram de frustrações !

  5. É Alvez80,

    Nesse sentido estão minhas maiores críticas ao projeto. Fui ler um pouco mais e me parece que muita gente confunde o conceito defendendo que não faz sentido um submarino nuclear sem armas nucleares (o que foi uma verdade até o fim da guerra fria pois os submarinos nucleares serviam exclusivamente na tríade nuclear). Mas após a guerra fria passaram a desenvolver outros papeis, sem armas nucleares, mas sempre fazendo uso de armamento estratégico (vide Tomahawk). Então minha crítica é essa: até que ponto faz sentido um submarino nuclear sem armas estratégicas? Eu defendo que o Alvaro Alberto (mesmo pelo período que terá até o comissionamento) deveria ser concebido já com lançadores verticais pensando em uma variante do AV TM 300… com os devidos investimentos acho que a dita versão poderia já estar em fase de testes quando o SN for comissionado… Temos que pensar que se o Brasil quer NAes (que são para projeção de poder) porque não tubos verticais e AV TM 300 no SN? Ao meu ver é desperdiçar uma oportunidade uma vez que o mais difícil ( que é o próprio SN) já estará feito…. ou seja, mais alguns milhões investidos no AV TM e o bilionário investimento no SN fará muito mais sentido… o ganho em projeção de poder seria infinitamente maior por alguns milhões a mais…

  6. Quanto ao SubN posso dizer que ele sairá jo prazo previsto ( pelo menos até a data de hj com base no cronograma vigente) pois tenho amigos que trabalham no estaleiro do mesmo e me mantém informado que tudo esta seguindo de acordo com o desejado. Mas Vale ressaltar um coisa que me preocupa é o plano brasileiro original sobre esses vetor, pois com isso a Russia se preocupa sim, por representar uma postura bélica mais concreta da parte brasileira em relação ao mundo e sendo um membro do grupo que antagoniza os EUA precisa de poder para confrontar seus interesses, para não vivermos a humilhação que viveu João Goulart.
    Espero uns 6 a 10 SubN e uns 20 a 30 SubC mas só sendo muito otimista para acreditar em tamanho numero.

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