Plano Brasil/Entrevista: “Martin Hüfner: ‘A zona do euro ameaça entrar em inverno tenebroso’”

EuroEconomista alemão vê nova crise na região e acredita que nem seu país será capaz de impulsionar o bloco econômico desta vez

Por Graça Magalhães-Ruether

BERLIM – Com a queda do crescimento e aumento do endividamento, a zona do euro entra em nova crise. Para o economista Martin Hüfner, analista do grupo Assenagon, a situação se tornou uma “doença crônica”. Segundo ele, o enfraquecimento da economia alemã, que teve um queda de 0,2% no segundo trimestre deste ano, não é apenas um fenômeno provisório. Desta vez, toda a zona do euro será afetada. E as políticas de austeridade fiscal, afirma, não são a solução. Na quinta-feira, o Banco Central Europeu (BCE) cortou os juros da zona do euro para patamares mínimos e anunciou um pacote de estímulos por meio da compra de ativos.

Há outra crise do euro?

Na verdade, ao contrário do que se julgou durante algum tempo, a crise do euro nunca foi inteiramente superada. Os problemas foram apenas adiados e a situação acalmada com a ajuda do BCE. Acreditava-se que a política de austeridade resolveria o problema. Até os investidores acreditaram que a crise tinha sido resolvida, e aplicaram os seus bilhões em euro. Mas agora retiram seu capital da região. Houve apenas um momento de calmaria, mas os problemas básicos continuaram. O endividamento aumentou e o crescimento continuou baixo.

A guerra da Ucrânia contribuiu para o agravamento?

A Alemanha, sobretudo, percebeu rapidamente o efeito negativo provocado pelas sanções. As empresas sofreram grandes perdas. O crescimento econômico tornou-se negativa, e os efeitos reais só poderão ser avaliados no fim do ano. Mas a causa da volta da crise é mais complexa. Enquanto os Estados Unidos conseguiram voltar a ter uma boa taxa de crescimento, muito por causa da ajuda da política do Federal Reserve (Fed, o BC americano), o BCE não conseguiu o mesmo na Europa.

Isso por causa dos políticos, que tentam impedir que o BCE adote uma postura mais ativa?

Sim. Mesmo que o BCE tenha um papel na política econômica maior do que tinha o Bundesbank (BC alemão) na época do marco, Mario Draghi (presidente do BCE) exige uma participação ainda maior depois de registrar a estagnação na zona do euro.

Quando o senhor começou a ver que a crise do euro voltava a ser uma ameaça?

Já esperávamos isso mas, mesmo assim, fomos pegos de surpresa no caso da Alemanha, com os resultados negativos nas exportações, setor que é o sustentáculo de sua economia. Ninguém sabe se a situação vai ficar difícil apenas por pouco tempo ou se enfrentamos o problema de uma crise real, como a que vivenciamos até há pouco tempo no continente.

Os problemas da primeira crise do euro foram, pelo menos em parte, resolvidos com a política de austeridade?

Não. A política de austeridade, que pode ter sido boa para a Alemanha, não ajudou a resolver os problemas no Sul da Europa. O presidente do BCE, Mario Draghi, advertiu para a situação, exigindo dos governos um relaxamento do pacto de estabilidade, apelando para uma correção dessa política diante do perigo de recessão.

Alguns analistas temem que a zona do euro repita a grave crise sofrida pelo Japão nos últimos anos. O senhor vê algum paralelo?

Os problemas do Japão terminaram em uma deflação com efeito negativo prolongado para a economia. Há hoje uma situação parecida na Europa. Embora houvesse o receio de que a intervenção do BCE provocasse inflação, registramos no momento um outro fenômeno, de deflação, que pode estagnar por muito tempo a economia do continente. A deflação já pode ser observada na Espanha e na Itália. A zona do euro está ameaçada de entrar em um inverno tenebroso. E os impulsos para a economia do continente, que partiam da Alemanha deixaram de existir.

Por que a situação econômica dos EUA melhorou e a da Europa não?

O desnível entre as taxas de crescimento já é grande e promete ficar ainda maior no próximo ano. Enquanto, na Europa, a taxa de crescimento é de 0%, nos EUA o avanço será de 5% este ano.

O problema aqui seria então gerado pelo euro?

O euro é um dos causadores dos problemas atuais. Até a França tem dificuldade e tenta influir para conseguir uma desvalorização da moeda em nível ainda maior do que já está acontecendo por influência do mercado. Os críticos do euro têm razão: essa moeda única circulando em países de economia tão diferentes não tem chance de sobreviver a longo prazo.

Fonte: O Globo, Economia, Página 26, Sábado, 06/09/2014

14 Comentários

  1. Além dos problemas internos que não são poucos: altas taxas de desemprego, baixos indices de crescimento economico, etc, a UE tem que enfrenrar os ditames dos norte americanos em retaliar a Russia com sanções suicidas, adotar novos custos de guerra no oriente médio. Assim é facil prever uma nova crise europeia, e pior, a Alemanha pagará o pato das idiotices do restante da UE, o melhor caminho com certeza é o fim do Euro, e a busca individual de solução para problemas distintos de cada país…e claro investir naquilo que tanto chutam…acordos com o BRICS.

    • Os brics, na melhor das hipóteses, se vingar, acabarão como a zona do Euro… querer reunir nações cujas expectativas econômicas são diversas é um sonho dos internacionalistas que nasceu morto… GRAÇAS A DEUS… então, posso depreender que os brics é a tentativa de criarem um bloco econômico que fadará em se autodestruir assim como as demais tentativas frustradas de união de países economicamente mundo afora… o Brasil que trate de fazer acordos independentes se não quiser acabar como a venefavela ou os hermanos do sul… QUEBRADOS e MENDIGANDO AJUDA ECONÔMICA…

    • por LUCENA
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      Bem lembrado Sr.ARC o BRICS e aquela história da Alemanha aderi-lo a cada dia se torna factual.
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      Provavelmente os sionistas americanos e britânicos, irão forçar os alemães ao máximo a não sair da Euro “Zona” buscando através da OTAN, o seu comprometimento para contrariar os russos.
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      Não é atoa que a Polônia e os países bálticos, instigados pelos sionistas anglo-saxões; forção a OTAN para ir mais próximo das fronteiras russas e com isso arrastando a Alemanha por força do pacto.
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      Esta mais do que na hora dos países da Europa repensar a sua unidade sem a presença dos EUA e com a Inglaterra fora.
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      A França, parece que a cada dia se afunda e a Alemanha com certeza será arrastada com ela.
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      Novos blocos surgirá, como os BRICS em escala mundia e a UNASUL em escala regional, novos tempos com novos problemas e novas respostas é isso que se chama de dinamismo no mundo.
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      Há aqueles que ainda não conseguiram se enquadrar na nova realidade, com as suas idéias ultrapassadas que se escondem em velhos paradigmas já derrubados e ideais obsoletos que se escodem atrás uma um conservadorismo míope e calcitrante.
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    • por LUCENA
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      Essa crise em muito semelhança com a dos EUA, a festança que os especuladores com o George Soros, fizeram para ganhar em cima da população; estes que até hoje dizem que o estado não podem intervir na economia a não ser para colocar o dinheiro público para salvar os grandes bancos que financiam a jogatina mafiosa que se viu por lá e agora estão aqui no Brasil.
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      Soros e muitos iguais a eles, querem repetir essa farra no Brasil instalando bonecos e bonecas no poder para transforma este país em um salão de orgia capitalista selvagem.
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      TE CUIDA POVO BRASILEIRO !!!!!

      • por LUCENA
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        Ditadura econômica, o grande tabu ?
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        (*) fonte: http://outraspalavras.net/brasil/ditadura-economica-o-grande-tabu-das-eleicoes/
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        ( … )Quem diria! Mal se passaram seis anos da crise em que as políticas neoliberais afundaram o mundo e eles já estão aí com todo o vigor. A aposta na mão invisível do mercado e na desregulamentação das finanças quase levou a maior economia do mundo ao colapso em 2008. Os Estados Unidos, a Europa e a economia mundial pagam o preço até hoje.

        Não demorou, porém, para que os intelectuais da banca superassem a vergonha e o descrédito, saíssem do armário e recuperassem a autoconfiança para defender a mesma rota do fracasso. Abstraíram 2008 e reaparecem de cara lavada para apresentar as mudanças necessárias na economia. ( … )

      • Se assim for, fazem 21 anos que Soros manda no Brasil, pois desde FHC, passando pelo lula e agora com Dilma, todos, sem exceção, comem nas mãos do George… incluso obamis… mas os “coligados” fazem vista grossa e tampam os ouvidos para essa verdade… 🙂

  2. a unica coisa de interesse que esse economista disse foi que o euro nao tem condicao de sobreviver a longo prazo. Eu diria a medio prazo.

  3. ONU diz que crise na Europa é “a maior ameaça à economia mundial”

    As Nações Unidas consideram que a crise da zona euro continua a constituir “a maior ameaça à economia mundial” e reviram em baixa o crescimento do planeta para este ano e para 2013, segundo um relatório deivulgado esta quinta-feira.

    A escalada da crise pode conduzir “a graves perturbações nos mercados financeiros e a um aumento acentuado da aversão ao risco a nível mundial, levando a uma maior diminuição do crescimento mundial”, lê-se no documento “World Economic Situation and Prospects 2012” (Situação de Perspectivas da Economia Mundial) relativo ao primeiro semestre.

    Segundo os especialistas das Nações Unidas, o Produto Interno Bruto (PIB) mundial irá crescer 2,5 por cento em 2012 e 3,1 por cento em 2013, sendo que estas projeções supõem “uma ligeira revisão em baixa” em relação à previsão anterior, quando o aumento do PIB seria de 2,6 por cento.

    O relatório observa que, “após um abrandamento acentuado em 2011, o crescimento mundial continuará provavelmente a apresentar-se fraco em 2012, prevendo-se que a expansão da maioria das regiões continue a ser inferior ao seu verdadeiro potencial”.

    Para as Nações Unidas, existem “quatro fragilidades principais que continuam a dificultar uma recuperação econômica robusta”, nomeadamente a redução do endividamento da banca, das empresas e dos agregados familiares, o desemprego elevado, as medidas de austeridade orçamental destinadas a combater o aumento da dívida pública e a exposição da banca a dívidas soberanas, “conjugada com uma economia fraca”.

    O documento salienta que os países desenvolvidos, “especialmente da Europa, estão a ter dificuldade em romper este círculo vicioso”, acrescentando que, mesmo que se consiga evitar um aprofundamento e alastramento da crise da zona euro, “a atividade econômica da União Europeia deverá estagnar em 2012”.

    O relatório calcula que o crescimento do comércio mundial baixe para 4,1 por cento em 2012, em comparação com 13,1 por cento em 2010 e 6,6 por cento em 2011.

    Os especialistas das Nações Unidas indicam também que o desemprego mundial “continua a situar-se acima do nível anterior à crise e está aumentar rapidamente na zona euro”.

    Fonte: Jornal de Noticias

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    Para pagar dívidas, França cogita vender Monalisa

    Por Charles Nisz | Vi na Internet – qui, 4 de set de 2014

    A Monalisa, quadro pintado por Leonardo da Vinci, é a obra de arte mais conhecida no mundo. O enigmático sorriso da mulher retratada pelo pintor italiano atrai milhões de visitantes ao museu do Louvre, em Paris. De acordo com o site France24.com, o governo francês cogita vender a obra para saldar as dívidas do governo francês.

    O governo francês tem dívidas estimadas em US$ 2 trilhões (R$ 4,5 trilhões). Mas quanto vale a Monalisa? Segundo o jornal britânico Daily Mail, em 1963, o quadro foi avaliado em US$ 100 milhões. Em valores atuais, o quadro passaria da casa de 1 bilhão de dólares. Especialistas em obras de arte afirmam que a dívida francesa poderia ser paga com a venda da coleção de quadros impressionistas do Museu d´Orsay.

    De acordo com o Guinness Book, a Monalisa tem “valor inestimável”. O governo Hollande não confirma a intenção de vender o quadro. O quadro é tido como um patrimônio francês, e pela constituição, não poderia ser vendido. Então, a França mudaria a lei e venderia a obra-prima de da Vinci. Você venderia a Monalisa?

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    http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1514

    • preparem-se para ver corpos largados nas ruas…lojas pilhadas…edifícios em chamas… sequestros… suicídios em massa(já acontece na espanha)… tráfico de drogas descambarem de vez na europa… a europa ficara como o México….muitos ainda não perceberam que a europa está FALIDA enquanto a China e Índia estão cada vez mais ricas e avançadas..

  4. o texto esclarece muita coisa
    o alemão coloca primeiro que as medidas de austeridade mandadas pelo fmi não deu certo e não era correto adotalas
    segundo que o banco central europeu tinha que ser mais pro ativo ,igual se faz aqui no brasil , e não na mãos do mercado igual alguns candidatos estão a falar que farão
    terceiro a economia alemã caiu 0,2 ,e o fmi reclama dos países latinos que só vao crescer 2 por cento , isso já demostra como são ridículos esse pessoal do fmi
    quarto que quando os estados unidos fizeram a europa não vender e não comprar dos russos , os estados unidos fez o mercantilismo fazendo a europa sua colônia
    então os yankes estão vendendo o que os russo vendiam para a europa e a américa latina vendendo para os russos o que os europeus vendiam resultou que quem perdeu foi a europa refém yanke
    bom texto do alemão mostra que o brics estão no caminho correto ,pena que tem candidatos que querem seguir a meta igualzinho da europa e apenas os estados unidos ganharem .

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