Crise ucraniana marca discussão de visita de Lavrov a Pequim

O chanceler russo, Serguêi Lavrov (esq.), e seu colega Wang I (dir.) – Foto: Reuters

O chanceler russo, Serguêi Lavrov, visitou Pequim em 15 de abril, onde se encontrou com o presidente da China, Xi Jinping, e seu colega Wang I. Um dos principais temas das negociações foi a crise ucraniana. De acordo com os integrantes da delegação russa, a China ocupa uma posição reservada sobre essa questão e presta o maior apoio possível a Moscou.

O motivo oficial da viagem a Pequim foi a preparação da visita do presidente russo à China, planejada para maio de 2014. No entanto, durante a reunião, os representantes das duas potências não se limitaram apenas à discussão das relações bilaterais. “Os problemas mundiais não diminuem. Na maioria deles, coordenamos nossa abordagem e nesse aspecto a reunião de hoje é especialmente oportuna”, disse Serguêi Lavrov. Ele referia-se, em primeiro lugar, à Ucrânia.

Ao longo da crise ucraniana, as autoridades chinesas não fizeram nenhuma declaração que poderia ser interpretada de forma inequívoca em favor da Federação da Rússia ou do Ocidente. A decisão de Pequim de se abster na votação do Conselho de Segurança da ONU sobre a Crimeia, e mais tarde, na Assembleia Geral, pode ser avaliada ambiguamente. No entanto, ao longo do discurso sobre a incorporação da península, Pútin agradeceu ao povo e aos líderes da China pelo apoio. Lavrov sublinhou que a China tem “posição objetiva e equilibrada”.

“A China nos dá o máximo possível, e não se pode colocar pressão sobre ela”, disse um dos representantes da delegação russa. “Se você exige de um amigo algo impossível,  o resultado será proporcional. Você perderá seu amigo.” De acordo com um entrevistado do  “Kommersant”, Moscou “está completamente satisfeita” com a posição da China sobre a crise ucraniana, caso contrário, Pútin  não falaria disso do alto da tribuna”.

Na questão sobre a posição da China relativa aos acontecimentos na Ucrânia, o ministro das Relações Exteriores da China, Wang I, disse que o seu país não precisa da desestabilização na Ucrânia. “É importante levar em conta os interesses legítimos de todas as partes envolvidas.” No entanto, ele confirmou: “em relação à crise ucraniana, a China e a Rússia têm relacionamento próximo  e estão sempre em contínua cooperação.”

“A China realmente apoia a posição da Rússia sobre a crise ucraniana, exceto a questão da integridade territorial”, disse o diretor do Centro de Pesquisa sobre o Leste Asiático e a Organização para Cooperação de Xangai do Instituto Estatal de Relações Internacionais de Moscou, Aleksander Lukin.

Segundo o estudioso, a China está satisfeita que os EUA tenham diminuído sua posição nas questões do caráter global. O relacionamento entre China e os Estados Unidos não sofreu, pois todas as críticas foram dirigidas à Rússia. De acordo com especialistas, a crise nas relações entre a Rússia e o Ocidente pode aproximar a assinatura do acordo de gás entre Moscou e Pequim. “Se a Rússia, por causa das sanções, não tiver ninguém para vender seu gás, com exceção da China, provavelmente ela terá que fazer concessões no preço”, disse Lukin.

Os integrantes da delegação russa, no entanto, pedem para que não se politize as negociações sobre o gás. “Essa questão é 100% econômica. Representantes do Ministério do Exterior nem sequer estão presentes nas negociações de preço”, diz uma fonte que não quis se identificar. “Todas as decisões políticas necessárias foram adotadas em meados dos anos 90.”

O fato de Moscou e Pequim estarem perto de assinar um contrato, cujos termos foram discutidos ao longo de cerca de dez anos, foi confirmado, na semana passada, pelo vice-primeiro-ministro da Rússia, Arkádi Dvorkovich. O chefe da Gazprom, Aleksêi Miller, prometeu que o acordo sobre o  fornecimento de 38 bilhões de metros cúbicos de gás para a China entrará em vigor antes do final de 2014.

Com material do Kommersant

Fonte: Gazeta Russa

1 Comentário

  1. Ao se observar os Russos apresasarem à assinaturas desse acordo, fika nítido q o Urso vai ou está esperando alguma coisa, anexar o resto do leste da Ucrânia e, esperando q a UE cortem o uso ou diminua em + de 50% o uso do gás Russo…Quem viver verá.Sds.

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