Indústria militar russa só irá ganhar sem produtos da Ucrânia

Eventuais quebras nos fornecimentos de produtos da indústria militar ucraniana à Rússia acabarão por beneficiar a economia russa, porque isso levará à necessidade de desenvolver produção própria.

O presidente da Rússia Vladimir Putin abordou este tema numa reunião sobre o problema de substituição de importações.

Representantes das principais empresas russas envolvidas na fabricação de produtos para fins militares já manifestaram a sua atitude para com este problema. A empresa de defesa antimíssil Almaz-Antei, a maior fabricante de sistemas de defesa aérea, irá transferir a produção de componentes para os seus produtos para a Rússia se a Ucrânia deixar de fornecê-los. Ao mesmo tempo, o presidente da Corporação Unificada de Construção Aeronáutica (OAK, na sigla russa), Mikhail Pogosyan, enfatizou que a cooperação da OAK com as empresas ucranianas é mutuamente benéfica e deve continuar independentemente da situação política.

A dependência das empresas russas de fornecimentos de conjuntos e componentes da Ucrânia não é crítica, mas em alguns segmentos a cooperação é muito importante. Isso se aplica, por exemplo, a fornecimentos de turbinas para a Marinha, e a outros equipamentos, nota o diretor do Centro de Pesquisa Sociopolítica Vladimir Evseev:

“Os sistemas de mísseis necessitam de acompanhamento de manutenção. Em particular, a Rússia usa complexos de armamentos como o Voevoda. Eles já estão em serviço há 25 anos. Para prolongar o prazo de vida útil é necessário realizar determinados trabalhos, mas é preciso que isso seja feito pelos desenvolvedores – a empresa de projetos Yuzhnoe de Dnepropetrovsk.”

Um exemplo de cooperação eficaz entre os dois países é a interação de empresas russas com a companhia Motor Sich em Zaporozhie. Quase metade dos helicópteros russos estão agora equipados com motores produzidos por essa empresa.

A Motor Sich tem um contrato de 5 anos com a Rússia que o lado russo não pretende dissolver. A empresa ucraniana negou as acusações de alguns políticos ucranianos de que a cooperação técnico-militar com a Rússia visa armar o exército russo. E também alertou sobre consequências negativas no caso de cessação da cooperação.

Este ano, a Motor Sich deve fornecer à Rússia 400 artigos. 90% deles são motores para helicópteros de exportação que serão vendidos a países do Sudeste da Ásia, América Central e América do Sul. E dos 40 motores destinados ao mercado russo 30 este ano foram encomendados para helicópteros civis, e apenas 10 para os militares. A cessação de fornecimentos de motores da Ucrânia realmente criará problemas, já que uma produção alternativa hoje ainda não foi lançada, diz Vladimir Evseev:

“Por isso é altamente desejável que tais fornecimentos continuem por vários anos, até começar a funcionar uma produção similar em território russo. De fato, a dependência é bilateral. E se uma das partes deixar de cooperar, ambos os lados sofrerão consequências.”

Em caso de incumprimento de seus compromissos por parte da empresa ucraniana, além de incorrer em penalidades, pode afetar a sua reputação. No entanto, o importante é que a Rússia encontrará uma substituição para as componentes ucranianas. Mas depois disso será difícil para a Ucrânia retomar uma produção que ninguém vai precisar. Ao contrário dos políticos,  as pessoas que realmente trabalham na indústria estão bem conscientes disso na Ucrânia. Além disso, especialistas não descartam que a Rússia podssa impor uma proibição de fornecimento de suas peças para motores produzidas em Zaporozhie. Isso afetará os contratos existentes da Ucrânia com a China, Índia, América Latina, e milhares de pessoas poderão ficar sem trabalho. Tal cenário é altamente indesejável.

Fonte: Voz da Rússia

3 Comentários

  1. Cuba, Coréia do Norte, Argentina, Irã … países que sofrem embargos e retaliações do ocidente, a Rússia de joelhos ???? meio complicado isso, não seria muito prudente, de qualquer forma o Putin vai ter que desacelerar um pouco, já temos mais de 100.000 mortos na Síria, as partes devem abandonar o calor das paixões e negociarem, de toda forma a Rússia ainda tem os Brics para ajudar no conjunto de seu comércio , a não ser , e atenção, que a Otan faça bloqueio naval e aéreo … bom eu já sei o que aconteceu nas antigas Leningrado e Stalingrado .

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