13 de abril de 1954: Robert Oppenheimer é afastado do programa nuclear dos EUA

Robert Oppenheimer, um dos pais da bomba atômica do programa nuclear dos EUA

Em 13 de abril de 1954, o presidente Dwight Eisenhower excluiu Robert Oppenheimer, um dos pais da bomba atômica, do programa nuclear dos EUA. Ele manifestara “restrições morais” ao desenvolvimento da bomba de hidrogênio.

Robert Oppenheimer, filho de um imigrante alemão, nasceu em Nova York em 1904. Bem cedo, revelou potencial excepcional tanto nas áreas de matemática e ciências como na de idiomas. Na Universidade de Harvard, concluiu os estudos de Física, Ciências Naturais, Grego e Latim. Em 1924, mudou-se para a Europa, onde estudou primeiro em Cambridge, na Inglaterra, e depois em Göttingen, na Alemanha.

Aluno brilhante, na universidade alemã fez contato com outros gênios científicos da época, como Max Born, James Franck e Werner Eisenberg. No período entre as duas guerras mundiais, Göttingen foi um centro de ciência e investigação, de onde partiram grandes avanços nas áreas da física e matemática.

Em 1929, Oppenheimer assumiu uma cátedra na Universidade da Califórnia, em Berkeley. Entre 1943 e 1945, dirigiu o centro de pesquisas atômicas de Los Alamos. Carismático e com muita capacidade de organização, Oppenheimer deu grande impulso ao trabalho dos cientistas, coordenando o Projeto Manhattan, que levou à construção das bombas nucleares que devastaram Hiroshima e Nagasaki.

Julius Robert Oppenheimer

“Sabíamos que o mundo não mais seria o mesmo. Algumas pessoas riram, algumas pessoas choraram, a maioria ficou em silêncio. Recordei-me de uma passagem das escrituras hindus, o Bhagavad-Gita. Vishnu está a tentar persuadir Arjuna de que deve fazer o seu dever, e para o impressionar assume a sua forma de quatro braços e diz, “Eu tornei-me a Morte, o destruidor de mundos.” Suponho que todos nós pensamos isso, de uma maneira ou de outra.”

Impressionante poder de destruição

A destruição total das duas cidades e o sofrimento da população, no entanto, mudaram radicalmente seu modo de pensar. Terminada a Segunda Guerra Mundial, assumiu a direção do Instituto de Estudos Avançados em Princeton e, em seguida, a presidência do Conselho Consultivo de Energia Nuclear em Washington, que exerceu até abril de 1954.

Apesar dos altos postos que ocupou, nos anos seguintes Oppenheimer foi vítima de enorme conflito pessoal, causado pelas pesquisas em torno da bomba de hidrogênio, com potencial destrutivo mil vezes maior do que a nuclear. Desde 1945, resistira à construção da nova superarma. Suas pesquisas foram concluídas em 1950, o ano seguinte à explosão da primeira bomba nuclear soviética.

Contatos com comunismo

Em 13 abril de 1954, em plena “caça às bruxas” da era McCarthy, terminou um inquérito contra Oppenheimer. Considerado “ameaça à segurança nacional”, ele perdeu a licença para trabalhar em programas secretos do governo Dwight Eisenhower. Entre os motivos alegados constavam os contatos do físico com o professor Haakon Chevalier, comunista declarado, assim como suspeitas de associação com os soviéticos.

Muito mais tarde, o espião russo Pavel Sudoplatov revelaria que os planos da bomba nuclear norte-americana foram passados aos soviéticos por um colaborador de Oppenheimer, o britânico Klaus Fuchs.

Oppenheimer deixou Princeton em 1966 por motivos de saúde. Ele foi reabilitado oficialmente pelo presidente John F. Kennedy em 1962, durante um jantar na Casa Branca, oferecido aos agraciados com o Prêmio Nobel. Um ano mais tarde, recebeu o cobiçado Prêmio Enrico Fermi por seu engajamento no programa nuclear. Fumante inveterado, o físico faleceu em 1967, aos 62 anos, em Princeton, em consequência de um câncer na laringe.

 

Fonte: DW.DE

 

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