Em vídeo vazado, militares egípcios debatem como pressionar a mídia

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Imagens gravadas antes da derrubada de Mursi mostram oGeneral Abdel Fattah al-Sissi e outros comandantes discutindo como levar à autocensura

DAVID KIRKPATRICK

DO NEW YORK TIMES

CAIRO – Um vídeo vazado mostrando comandantes do Exército egípcio debatendo como influenciar a mídia nos meses que precederam o golpe militar oferece uma rara visão da ansiedade que envolve as Forças Armadas diante da forma como são vistas pelos civis.

Na gravação de seis minutos do encontro liderado pelo general Abdel-Fattah el-Sissi, os militares expressam seu descontentamento com uma cobrança do público em relação ao Exército, algo desconhecido no Egito até o levante de 2011. Chamando a cobertura da mídia de desrespeitosa, perigosa e anormal, os oficiais pedem a restauração dos limites que protegeram as Forças Armadas por décadas. E estimulam Sissi a pressionar os donos das grandes organizações de comunicação para que lancem mão da autocensura.

Misturando humor e autoconfiança, Sissi diz aos militares que eles devem se adaptar à nova realidade de vigilância pública e do Parlamento, mas também aconselha paciência, enquanto recruta aliados na mídia.

– Construir uma aliança necessita de tempo e esforços. Leva muito tempo até se contar com influência sobre a mídia – diz. – A revolução cortou as correntes que estavam presentes, não apenas para nós, não apenas para as Forças Armadas, mas para todo o Estado. Foram desmanteladas e estão sendo rearrumadas.

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Os uniformes de inverno e as referências ao referendo de dezembro sugerem que o encontro ocorreu naquela época.

O novo governo, que assumiu após a derrubada de Mursi pelos militares, fechou as redes de TV islâmicas e os principais jornais que apoiavam o ex-presidente. A polícia prendeu vários jornalistas percebidos como críticos ao governo ou às Forças Armadas. E, seja por qual razão for, os jornais privados e as redes via satélite agora elogiam o Exército e demonizam a oposição islamista.

O vídeo faz parte de diferentes imagens divulgadas pelo RNN, um website islamista na quarta e na quinta-feira passadas. Numa entrevista, seu diretor, Amr Farrag, disse que o material foi obtido com fontes dentro das Forças Armadas. Autoridades militares informaram que o assunto está sendo investigado.

Para analistas, a gravação revela motivações que podem ter ajudado a levar os militares ao golpe.

– Ele deixa perceber um medo verdadeiro do que um discurso democrático pode parecer e do que pode significar para os militares, em termos de o que pode ser falado e o que pode ser exposto – disse Michael Wahid Hanna, pesquisador especializado em Egito da Century Foundation, em Nova York.

A sensibilidade sobre a perda dos limites da imprensa é sintomática, observou Hanna:

– Se as Forças Armadas podem ser mencionadas de forma sem precedentes, a preocupação é que isso leve à erosão da estatura dos militares no imaginário popular. Então, todo o papel das Forças Armadas como instituição estaria em risco.

Um militar egípcio de alta patente argumentou que o vídeo mostrava Sissi sob uma perspectiva positiva. Ele parece tentar acalmar os ânimos de seus oficiais e encorajá-los a se ajustar à democracia, incluindo a possibilidade de responder a questões no Parlamento.

– Temos que estar preparados para enfrentar as mudanças sem sermos muito negativamente afetados por elas, mas elas vão nos atingir – diz o general no vídeo.

Um militar chamado Omar argumenta que as Forças Armadas devem restaurar as proteções, “mas de uma forma mais desenvolvida do que no antigo sistema”, usando “uma nova abordagem para lidar com a mídia, criando limites numa forma respeitosa ou realista”.

Ele observa de cerca de 20 pessoas são donas da maioria das empresas de comunicação e sugere “um diálogo com elas de forma discreta, individualmente, para persuadir ou intimidá-las”.

– Mostrar um cartão vermelho a essas pessoas fará com que, se não cooperarem, parem em um determinado ponto ou imponham uma autocensura – observa Omar no vídeo.

Foto: General Abdel Fattah al-Sissi, que liderou a destituição do ex-presidente Mohammed Mursi, diz que pode concorrer à Presidência do Egito.

Fonte: The New York Times via O Globo, 06/10/2013 

6 Comentários

  1. Apoiados pela democracia americana depois do golpe de estado… e as virgens no prostíbulo devem existir pra quem fala sempre que são o exemplo a seguir!!

    Hipocrisia pouca é bobagem!

    • A democracia capitalista liberal é sustentada pelo controle da mídia por poucas famílias ricas. O Estado de bem estar social exige que o espaço midiático também fique sob controle democrático de vários atores sociais, empresas sim, mas também, universidades, partidos, sindicatos, sociedades filantrópicas, igrejas, clubes, cooperativas…

  2. Imagens gravadas antes da derrubada de Mursi mostram oGeneral Abdel Fattah al-Sissi e outros comandantes discutindo como levar à autocensura ==== Esses são os bandidos q estão sendo apoiados pelas grd democracias ocidentais….o lobo sendo colocado no galinheiro.Mt cinismo.Trágico.Sds.

  3. por LUCENA
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    Esse tragédia que os egípcios estão “assistindo”, já ocorreu aqui em 1964,nós brasileiros sabemos o quê os egípcios estão passando agora.
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    Sabemos o quê sentem sobre um golpe de estado,sabemos o quê seja um estado terrorista,pois assim como aqui foi,lá eles estão todo dia tendo que ter cuidado com as bombas quer seja nas “bancas de revistas” ou nos centros de eventos,do tipo do RioCentro.
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    E por falar em ditaduras,golpe de estado;la vai mais uma para refrescar a memória.
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    Castello Branco rompeu relação com Cuba após perder queda de braço em conselho de ministros.
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    Primeiro presidente da ditadura militar brasileira foi voto vencido e cedeu por suspensão imediata de laço com ilha caribenha
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    Na primeira reunião do Conselho de Segurança Nacional após o golpe de 1964, o principal foco de discussão foi a suspensão das relações bilaterais com Cuba. Colocado no poder com o apoio dos Estados Unidos, o presidente Humberto de Alencar Castello Branco defendeu a manutenção do laço com a ilha caribenha, maior inimigo norte-americano desde a chegada de Fidel Castro ao poder, em 1959.
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    Por 12 votos a 7 (o posicionamento de Daniel Agostinho Faraco, ministro da Indústria e do Comércio, não é conclusivo), predominou a opinião do ministro das Relações Exteriores, Vasco Tristão Leitão da Cunha Silva, que defendeu o rompimento imediato com Havana.
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    Castello Branco preferia esperar um parecer da OEA (Organização dos Estados Americanos), que acabou se reunindo em julho de 1964 em Washington. O líder do golpe contra João Goulart queria ter tempo para mostrar que seu governo instalaria medidas pelo “bem-estar do povo”.
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    “Somos um governo novo que ainda não tomou nenhuma medida para o povo, a não ser o restabelecimento da ordem e de uma certa tranquilidade. Não podemos tomar uma medida de ordem internacional, no plano ideológico, sem nos termos voltado para o povo com medidas que ele reclama para seu bem-estar”, argumentou Castello Branco, antes de abrir a votação aos demais ministros.

    A sessão de 24 de abril foi iniciada com a apresentação de um relatório pelo ministro das Relações Exteriores. Vasco Tristão Leitão da Cunha Silva, ao final de sua fala, fez um parecer específico sobre Cuba. “As relações entre Brasil e Cuba já não servem a qualquer propósito útil, para não dizer mais. O caminho claramente aponta para o rompimento imediato.”
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    Outro argumento usado pelo chanceler foi o de que o Brasil poderia demonstrar sua liderança na região suspendendo imediatamente os laços, caso tal atitude fosse seguida por outros governos. “Os países que ainda não se animaram a romper relações se sentirão fortalecidos para tomar essa atitude.”
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    Leitão da Cunha Silva ainda reclamava que Fidel não reconhecera o governo brasileiro que derrubou Goulart. Entre os ministros que apoiaram essa posição vencedora estavam o futuro presidente Arthur da Costa e Silva (Guerra), Milton Soares Campos (Justiça) e Flávio Suplicy de Lacerda (Educação e Cultura).

    Ao lado de Castello Branco ficaram Roberto Campos (Planejamento), Pery Constant Bevilacqua (Estado-Maior das Forças Armadas) e Octavio de Gouveia de Bulhões (Fazenda).
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    Ex-embaixador em Washington, Campos pode ser considerado o ideólogo da posição do grupo castellista. “Se não rompermos com outros países socialistas, não haveria consequência lógica em rompermos com Cuba. […] Mantendo relações, apesar da discordância ideológica, não é uma atitude de fraqueza. É um reconhecimento prático de que o governo controla a situação em seu território.” De fato, o Brasil não rompeu com a União Soviética durante o regime militar, apesar de nenhum presidente desse período ter visitado o país.
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    Depois do posicionamento de todos os ministros, Castello Branco concluiu: “Assistimos aqui a uma verdadeira manifestação da opinião pública. Cada ministro falou com a responsabilidade de Ministro de Estado e, sem o querer, interpretando correntes da opinião pública brasileira. Compete a mim interpretar a resultante.”
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    Derrotado no Conselho de Segurança Nacional, o primeiro presidente da ditadura nacional cedeu e, 19 dias depois, anunciou o rompimento com Havana por “repetida interferência de Cuba nos negócios internos brasileiros e pelo desejo do governo de não permitir ação comunista no Brasil”.
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    Na reunião da OEA que poderia ter definido a posição do Brasil sobre Cuba, ficou decidido que nenhum país do continente poderia manter laços com Fidel e seu governo. Já rompida com a ilha caribenha, a chancelaria brasileira teve destaque na IX Reunião de Consulta dos Ministros das Relações Exteriores da OEA, presidindo os trabalhos.
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    Ao suspender as relações com Cuba, o Brasil sinalizou o fim da chamada Política Externa Independente, implementada durante os governos Goulart (1961-1964) e Jânio Quadros (1961) e que tinha o objetivo de diversificar os laços do país, diminuindo a importância dos Estados Unidos.
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    O temor de que o Brasil pudesse seguir o exemplo de Cuba e se aproximar da URSS foi um dos motivos para o apoio norte-americano ao golpe de 1964. As relações bilaterais com Havana foram restabelecidas em 1986, no mandato de José Sarney.
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    (*)fonte:
    .[operamundi.uol.com.br/conteudo/reportagens/33362/castello+branco+rompeu+relacao+com+cuba+apos+perder+queda+de+braco+em+conselho+de+ministros ]
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    Parece ,pelo texto,houve um golpe em cima de outro golpe…hooo povinho para gostar de golpe baixo…rsrsrsr..
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    E falando em traíras e ditadores,me lembro de uma matéria sobre Raquel de Queiroz,prima do Marechal Castelo Branco,e esta senhora reportou uma conversa entre ela e o seu primo marechal;ela falou que um dia o seu primo brincando a disse:

    -No Brasil,vai sair um presidente sem pescoço(ele),e vai entrar um sem cabeça (Arthur da Costa e Silva)… 😉

  4. Vocês acham que quando os membro do Petê ou do PECÊduBÊ falam em “regulamentação da midia” e muito diferente distes generais toscos egipicios?

    A diferença que o Egito assim como no oriente medio, ou e isto ou a loucura da Sharia com a irmandade muçulmana.

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