Jihad Assimétrica: As Doutrinas Mosaico e de Guerra irrestrita da República Islâmica do Irã

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Plano Brasil

Vympel

Como um país com forças armadas claramente inferiorizadas em meios de combate como o Irã, pode oferecer um desafio desproporcional para as forças muito mais poderosas dos EUA, da OTAN e de Israel em um possível enfrentamento na região do Golfo Pérsico? A questão do enriquecimento de urânio, que alguns anos atrás certamente envolveria um ataque preventivo por parte dos EUA ou mais provavelmente de Israel (como ocorrido em Osirak e Al Kibar), ainda não ocorreu, o que demonstra uma cautela destes países muito maior do que o normal, quando comparada a situações de anos anteriores (principalmente quando se leva em consideração que o Irã não é um país com armas nucleares, ao contrário da Coréia do norte). O que torna o Irã diferente de outros países da região que sucumbiram ao emprego de meios militares modernos, embargos econômicos e operações de desestabilização interna?  Este artigo tenta elucidar de forma simplista essa questão, servindo de exemplo para nós brasileiros do que significa “adaptar-se aos novos tempos”.

A República Islâmica do Irã possui grande experiência em guerra assimétrica, ao contrário que muitos pensam. Desde a guerra contra o Iraque (1980-1988), onde um Irã inferiorizado em meios militares utilizou seus meios humanos para superar suas limitações em um conflito militar convencional contra o Iraque (o qual ocasionou cerca de 1.000.000 de baixas iranianas em comparação com os 375.000 iraquianos mortos no conflito), vem através dos anos aprimorando suas técnicas assimétricas de combate, visando formas mais eficientes de empregar seu poder militar.

A falta de um orçamento militar comparável as maiores potências militares do planeta, a falta de uma base tecnológica para o desenvolvimento de tecnologias sensíveis e a falta de confiança existente para com os principais fornecedores de armamentos mundiais (vide o embargo dos S-300 pela Rússia), em virtude do governo de Teerã estar alinhado com o radicalismo islâmico mundial, fizeram com que este país buscasse soluções nacionais, dentro das possibilidades, para suprir o atraso tecnológico requerido para o desenvolvimento de armas modernas. O tempo para o desenvolvimento da economia nacional e destas tecnologias sensíveis pode levar décadas. Enquanto isto não acontece, o Irã criou uma força que se propõe substituir um exército moderno organizado convencionalmente (nos níveis necessários) por um exército voltado para operações de resistência, em um quadro de guerra não-convencional, o IRGC.

A exportação de treinamento militar iraniano, especialmente pelo IRGC (Army of the Guardians of the Islamic Revolution – Exército dos Guardiões da Revolução Islâmica) para conflitos do Líbano (1982 e 1985) e outros países (Afeganistão, Chechênia, Iraque) proporcionaram uma experiência operacional extremamente valiosa para o Irã, pois através principalmente do Hezbollah (treinados pela força Quds) foram testadas técnicas de combate assimétrico contra exércitos muito mais poderosos, modernos e organizados convencionalmente, que no futuro serão empregadas contra os seus adversários.

1 – As Áreas de Operações: O Golfo Pérsico, O estreito de Ormuz e o Golfo de Oman

O Golfo Pérsico

O Golfo Pérsico compreende a principal área de operações, com cerca de 900 km de comprimento e de 50 á 350 km de largura, com uma profundidade que varia de 50 á 110 metros, sendo um local de águas restritas, o qual contribui para uma estratégia de guerra assimétrica.

É o local onde se concentram cerca de 75% das reservas mundiais de petróleo e cerca de 45% das reservas de gás natural. De janeiro a maio de 2008, as nações do Golfo Pérsico (excluindo Bahrain e Oman) exportaram 267 bilhões de dólares. A província oriental da Arábia Saudita (onde se encontram as maiores concentrações de gás natural e petróleo do país) tem sua área costeira no Golfo Pérsico.

Concentrações dos terminais de petróleo e gás natural dos países produtores do Golfo Pérsico e Golfo de Oman

Suas características geográficas favorecem as operações assimétricas, devido principalmente á:

  • Proximidade da malha rodoviária litorânea do Irã, o qual permite flexibilidade tática de suas operações (lançadores de mísseis antinavio móveis);
  • As águas confinadas do Golfo Pérsico limitam a capacidade de manobra das forças navais de organização convencional de grande porte e suas águas de pouca profundidade favorecem a operação de mini-submarinos (midgets);
  • Antecipação das áreas de engajamento, devido ao golfo ser uma área restrita e que tem contato com toda a faixa costeira do Irã.

O Estreito de Ormuz

Uma das mais importantes vias de comunicação marítima do mundo, com aproximadamente 200 km de comprimento e 90 km de largura em sua porção oeste e 40 km em sua porção leste, ligando o Golfo Pérsico ao Golfo de Oman, com uma profundidade média de 50 metros. Cerca de 20% do comércio mundial de petróleo (17 milhões de barris/dia) e 30% do de gás natural passam pelo Estreito de Ormuz diariamente.

Um eventual fechamento do estreito de Ormuz paralisaria o comercio de petróleo e gás na região, causando uma crise econômica mundial. Tal fato é alardeado sempre pelo regime de Teerã, o que torna indesejável em suas formas iniciais, um conflito militar nesta área. Tal fato é explorado por Teerã como um ganho político. Países tradicionalmente contrários aos EUA e a OTAN, os quais dependem grandemente do petróleo e do gás natural desta região (Ex: China), provavelmente apoiariam Teerã devido ao desejo de manter suas vias de comunicação marítimas em segurança, garantindo assim o fornecimento de matérias primas (vide a matéria “Visão de futuro da Marinha Chinesa: A Estratégia das três Cadeias de Ilhas”). A Rússia também apoiaria nações contrárias aos EUA e a OTAN, devido a presença no mar mediterrâneo de sua única base nesta região, o porto de naval de Tartus, na Síria.

Alcance dos mísseis antinavio lançados a partir do território iraniano (Noor, Qader, Raad e Khalij Fars). 180 mi = 288 km e 75 mi = 120 km.

O Golfo de Oman

Tem aproximadamente de 340 a 950 km de largura, conectando o Golfo Pérsico ao Mar da Arábia / Oceano Índico, sendo muito mais profundo que o Golfo Pérsico, com uma profundidade máxima de 3.400 metros. Provável local de concentração da frota da USN, antes de uma incursão no Golfo Pérsico.

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O Estreito de Ormuz

2 – Antecedentes: A guerra Irã x Iraque

Durante a guerra contra seu vizinho Iraque, que durou de 1980 a 1988, ocorreram campanhas convencionais e não convencionais, de acordo com o desenrolar da guerra. Um acontecimento marcante foi a chamada “guerra dos petroleiros”, em que ambos os países atacavam navios petroleiros e mercantes do adversário e de países neutros, visando “estrangular” a economia do inimigo, a qual basicamente se sustentava nas exportações de petróleo.

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Navio petroleiro atingido por míssil Exocet durante a guerra dos petroleiros (1984-1987).

No início de 1984, com derrotas sucessivas e o risco de invasão pelo Irã, o Iraque foi duramente pressionado por uma grande ofensiva iraniana. Saddam esperava que, ao atacar os petroleiros iranianos, estes poderiam fazer algo extremo em retaliação como fechar o Estreito de Ormuz para todo o tráfego marítimo e assim trazer intervenção norte-americana para a guerra, salvando o regime de Saddam de uma possível derrota.

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Neste cenário, foram utilizadas pelo regime iraniano as IRGC (Army of the Guardians of the Islamic Revolution – Exército dos Guardiões da Revolução Islâmica), que diferentemente dos outros setores das forças armadas (Marinha, Exército e Força Aérea), especializou-se na utilização de táticas não-convencionais de guerrilha contra o inimigo em um quadro de resistência, devido a sua limitações de meios de combate quando comparados com as forças armadas iraquianas.

Com a experiência em guerra assimétrica adquirida durante a guerra contra o Iraque, o IRGC desenvolve atualmente táticas de guerra assimétrica voltadas para o enfrentamento da USN (United States Navy – Marinha dos Estados Unidos) nas águas restritas do Golfo Pérsico, do estreito de Ormuz e provavelmente nas aguas do Golfo de Oman, além de seu próprio território continental. Com o fim da guerra em 1988, Teerã definiu como metas para o IRGC a defesa da navegação comercial, o controle das rotas de comunicações marítimas e a capacidade de enfrentamento de uma força adversária no Golfo Pérsico. Para tanto, foram identificados os seguintes requerimentos para as forças navais do IRGC:

  • Acúmulo de misseis antinavio a serem lançados de várias plataformas móveis de lançamento;
  • Pequenos barcos de alta velocidade e pesadamente armados com mísseis e foguetes antinavio;
  • Grande número de pequenos navios lança-minas;
  • Aumento da capacidade de guerra submarina, através de novos submarinos, armas e sensores;
  • Grande número de plataformas de combate que sejam rápidas, pequenas e de difícil detecção (mini-submarinos, VANT’s);
  • Treinamento especializado, ao invés de quantidade;
  • Melhores comunicações e coordenações entre as unidades de combate;
  • Melhora na capacidade de inteligência e contra-inteligência;
  • Capacidade de degradar o C4ISR do inimigo, paralisando ou prejudicando suas operações.

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Quadro comparativo do número das plataformas navais iranianas em relação aos outros países do golfo pérsico.

(Iran’s Two Navies: A Maturing Maritime Strategy – Commander Joshua Himes, U.S. Navy).

 

3 – O IRGC: Finalidade, organização e ramos militares subordinados

O IRGC, mais conhecido como “Guardas revolucionários”, é uma força de segurança interna que complementa as funções das forças armadas do Irã (Marinha, Exército e Força Aérea) sendo totalmente independente destas (inclusive se sobrepondo as mesmas). É subordinada diretamente ao Aiatolá Ali Khamenei.

São finalidades do IRGC:

  • Proteger o sistema islâmico do país;
  • Eliminar revoltas internas dissidentes ao regime islâmico;
  • Monitoramento dos militares;
  • Organização de resistência armada voltada para guerra não-convencional ou assimétrica em auxílio as forças armadas;
  • Controle do Estreito de Ormuz;
  • Controle das forças de mísseis balísticos;

 

Organização do IRGC

O IRGC tem um efetivo de aproximadamente 125.000 integrantes (excetuando a força Basij) e possui suas próprias forças terrestres, navais e aéreas. Divide-se em

  • Força Aeroespacial: Opera basicamente pequenas aeronaves que seriam utilizadas para apoio das forças irregulares em um ambiente assimétrico. Tem como principal função operar e manter os mísseis balísticos de curto, médio e longo alcance da força de mísseis balísticos do Irã.

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Lançamento de um MRBM Sejil

  • Forças terrestres: Tem como função básica em tempo de paz a segurança interna, e em tempo de guerra operaria como força de guerrilha. Tem um efetivo de 100.000 integrantes;

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Forças terrestres do IRGC

  • Forças navais: Tem como função básica o desenvolvimento de táticas assimétricas para operações no Golfo Pérsico e no estreito de Ormuz. Possui um efetivo de 20.000 integrantes e cerca de 1.500 embarcações em sua maioria barcos de ataque rápidos e mini-submarinos;

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Barcos rápidos de ataque classe Nasr-1 e mini-submarinos classe Ghadir

  • Força Quds Jerusalém”: É a força de elite do IRGC, sendo responsável pelas operações extraterritoriais e a “exportação da revolução islâmica” para outros países. É capacitada a organizar, treinar, equipar e financiar movimentos revolucionários islâmicos ou não em vários países. A Força Quds tem treinado e equipado grupos como o Hezbollah, o Hamas, os insurgentes xiitas iraquianos e até mesmo elementos do Talibã. Já foram usadas para atacar os EUA e outras forças ocidentais no Líbano, no Iraque e no Afeganistão, e podem ser utilizadas contra alvos norte-americanos fora do Irã em caso de um conflito futuro. Tem um efetivo que pode variar de 5 a 15.000 integrantes.

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Força Quds em treinamento de CQB

Algumas operações conhecidas da força Quds:

  • Milícia Basij “Libertação dos oprimidos”: É uma milícia paramilitar voluntária que tem a função de auxílio a segurança interna, podendo ser utilizada em combate (como quando foi utilizada na guerra contra o Iraque, onde atacou com “ondas humanas” e abrindo caminho em campos minados através de “operações de martírio”) ou como apoio nas próprias missões do IRGC. A milícia Basij serve como uma força auxiliar envolvida em atividades como a segurança interna, auxiliares da aplicação da lei, prestação de serviço social, organização de cerimônias religiosas públicas, e mais notoriamente, o policiamento da moral e da supressão de reuniões de dissidentes (eleição presidencial iraniana de 2009). Tem um efetivo pronto de 90.000 integrantes mais 300.000 reservistas em idade militar, podendo chegar a até 13.6 milhões de integrantes (20% da população total) de ambos os sexos e em todas as idades. 

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Treinamento de reservistas da milícia Basij

3 – A Doutrina Mosaico e a Doutrina de Guerra Irrestrita

A Doutrina Mosaico:

Para o Irã, uma intervenção no estreito de Ormuz envolveria Israel, a OTAN e os EUA, numa força conjunta com consequências catastróficas para o próprio Irã. Superado por muitas vezes no aspecto militar convencional, o Irã elaborou uma estratégia assimétrica chamada Doutrina Mosaico, onde ocorreu uma total descentralização da cadeia de comando do IRGC, passando de uma força de estabilização interna organizada convencionalmente em batalhões e brigadas para os atuais “corpos” existentes em cada província do país (30 províncias, com a capital Teerã com um corpo adicional), sendo estes corpos otimizados para operarem em pequenas unidades de combate muito ágeis e de forma autônoma (ou seja, sem a necessidade de ser orientada em combate pelo comando nacional), visando a defesa da província onde se localiza. Este e o primeiro caso nos dias atuais que um estado-nação assimila a idéia de guerra assimétrica como doutrina principal, ao invés de adotá-la somente após uma derrota de seus meios convencionais.

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Províncias Iranianas em 2006

A vantagem mais clara deste tipo de organização descentralizada é uma enorme capacidade de sobrevivência contra ataques cirúrgicos realizados normalmente no início das hostilidades, os quais tem como função a destruição do C2 (comando e controle) e que em outras ocasiões (Ex: Guerra do Golfo em 1991 e invasão do Iraque em 2003) decapitaram organizações hierárquicas de estrutura vertical, como são praticamente todas as forças armadas organizadas de maneira convencional. Ao destruir os órgãos diretores da cadeia de comando, as unidades militares subordinadas são desprovidas de ordens de como agir durante o combate, criando assim o caos no sistema de comando e controle, tornando impossível o gerenciamento eficaz de uma força militar.

Este tipo de organização descentralizada e voltada para operações assimétricas favorece o emprego de técnicas de combate irregulares a serem utilizadas contra um exército de composição convencional, o qual é otimizado para combater uma força adversária de características semelhantes a sua própria, não tendo sucesso normalmente contra um adversário que opera em pequenos grupos altamente ágeis e integrados com a população local.  Estas técnicas de combate irregular tem suas origens nos ensinamentos colhidos durante os enfrentamentos entre o Hezbollah e o exército israelense em 2006 (além das aprendidas em operações em outros lugares do mundo), onde membros do Hezbollah orientados por agentes do IRGC (força Quds), utilizaram armamentos de infantaria de última geração (RPG-7, RPG-29 e ATGM Kornet) em pequenas unidades de guerrilha altamente móveis baseadas em vilas da área de operações, sendo os habitantes do local utilizados como uma rede de informações e alerta (HUMINT). Para se ter idéia do nível de treinamento do Hezbollah na ocasião, foram utilizados até VANT’s e um míssil antinavio C-802 em uma operação que terminou com uma corveta da marinha israelense, o INS Hanit, seriamente danificada e quatro marinheiros israelenses mortos.

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Equipes de mísseis antiaéreos (SA-18) e anticarro (RPG-7) do IRGC. Observem que as mesmas são organizadas em equipes de dois homens em motocicletas, evidenciando assim a preocupação com a alta mobilidade destas equipes, fator preponderante em operações de guerra assimétrica.

O mesmo raciocínio se daria com as forças navais e aéreas no caso de um enfrentamento assimétrico, sendo os principais aeroportos e portos (militares e comerciais, que seriam alvos prioritários) abandonados, e seus meios militares espalhados e camuflados no litoral e no interior do país, sendo apoiados pela milícia Basij, visando manter sua localização em sigilo e assim favorecendo um ataque surpresa em massa, coordenando contra forças navais superiores.

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Dada a superioridade numérica e tecnológica do inimigo, o IRGC usará técnicas de guerra assimétrica, tais como aquelas usadas ​​pelo Hezbollah em sua guerra de 2006 com Israel no Líbano. A estratégia iraniana também reflete os pontos fortes e fracos das forças dos EUA no Afeganistão e no Iraque. 

General Mohammad Ali Jafari – Chefe do IRGC

A Doutrina de Guerra Irrestrita:

A doutrina de guerra irrestrita tem como finalidade proporcionar a uma nação mais fraca uma vitória contra um inimigo muito superior, ao se utilizar um modelo de guerra econômica e social para se ganhar a guerra política. O conceito de guerra irrestrita foi oficialmente criado em 1999 por dois altos coronéis chineses, Qiao Liang e Wang Xiangsui, os quais publicaram um livro no qual mostram uma nova maneira de um estado muito mais fraco conduzir uma guerra contra outro estado, este muito mais poderoso, expandindo a guerra para além do domínio tradicional, usando o conceito de “guerra irrestrita”.

O Irã é atualmente, o país que mais se prepara militarmente nos moldes da guerra irrestrita, a qual se propõe a anular a vantagem tecnológica exercendo ações de contra-pressão” através de ações políticas, econômicas e sociais e outras “operações militares de não-combate”, baseadas nas vulnerabilidades do inimigo assimétrico, seja no plano militar (através do estudo das possibilidades e limitações mostradas em combate em outras regiões do mundo e a exploração das mesmas), no plano econômico (dificultando através do apoio de representações políticas contrárias ao interesse do país inimigo a obtenção de materiais estratégicos que são necessários a economia deste país, como petróleo, minerais e acordos econômicos) e no plano social (análise dos problemas sociais do país inimigo e financiar o agravamento destes, como tráfico de drogas, criminalidade, problemas raciais e étnicos) além de apoiar países ou organizações que são contrários a política externa do país inimigo em escala global.

“Ou seja, o conceito de guerra irrestrita propõe que não é necessário vencer batalhas para ganhar a guerra, e sim ganhar as representações políticas que o conflito cria.”

Para conseguir tais representações políticas, é necessário atingir certos objetivos:

  1.  A negação de objetivos a serem alcançados pelo inimigo: Não importa se você não ganhar a guerra, desde que o inimigo também não a ganhe. Isso quer dizer o alongamento do conflito o máximo possível, impedindo que o país inimigo não possa fazer previsões de quando conseguirá a vitória, pelo fato de não conseguir atingir seus objetivos estratégicos;  
  2. A necessidade de criar pressão coerciva constante sobre o inimigo: A ameaça constante de afundamento de porta-aviões, de ataques com a força de mísseis balísticos a alvos militares e civis, a interrupção do fornecimento de petróleo (causando uma crise financeira global) e de uma guerra santa (Jihad) contra Israel, mesmo que de difícil (ou quase impossível) cumprimento, causam sempre grandes apreensões que acabam por influenciar no julgamento da comunidade internacional quanto as exigências do Irã na arena internacional; 
  3. Trazer a guerra para o campo econômico e social: A guerra irrestrita engloba todas as facetas da sociedade. Países como Israel e os EUA (pelo fato de serem democracias, onde o povo tem participação direta nas decisões) são mais vulneráveis ao espectro de mais uma guerra de longa duração (com muitas baixas) no plano social. Economicamente, o temor que um fechamento do estreito de Ormuz produziria na economia mundial devido ao exponencial aumento do consumo de petróleo por estas nações, causando assim uma sensação de que, devido ao desenvolvimento de um novo método de guerra assimétrica pelo Irã, talvez os EUA e Israel não consigam de fato alcançar seus objetivos propostos em curto espaço de tempo e com poucas baixas; 
  4. Apoiar estados constituídos ou organizações contrárias á política externa dos EUA e de Israel: É notório o apoio que o Irã presta á organizações e a países que são contrários á politica externa dos EUA, de Israel e seus aliados da OTAN, através do financiamento, treinamento e equipamentos destes, visando causar um agravamento da situação política destes países em todo mundo, enfraquecendo assim sua posição politico/militar global. Tal função é cumprida pela Força Quds, a qual opera fora das fronteiras do país. São alguns destes países ou organizações: 
  • Apoio as facções xiitas iraquianas;
  • Apoio ao regime sírio de Bashar al-Assad;
  • Apoio ao regime líbio de Kaddafi;
  • Apoio ao Hezbollah em sua luta contra Israel;
  • Apoio ao Hamas na palestina;
  • Apoio aos bósnios muçulmanos contra os sérvios na Iugoslávia;
  • Apoio aos curdos contra Saddam Hussein no Iraque;
  • Operações na Índia, Líbano, Iêmen, Jordânia, Chechênia.

Muito tem se falado

 4 – Influências do Irã na América do Sul

Governos como os do Equador, Venezuela e Bolívia que são claramente opostos ás políticas norte-americanas mantém relações estreitas com o Irã, o qual este fornece apoio tecnológico nas mais variadas áreas (principalmente militar) com o motivo sugerido de “combater o imperialismo”, e assim enfraquecer a posição dos EUA na região.

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Mahmoud Ahmadinejad com líderes latino-americanos (Evo Morales, Hugo Chávez e Rafael Corrêa).

A República Bolivariana da Venezuela, a qual recebe apoio iraniano, aparentemente organiza suas forças policiais e militares nos moldes de suas congêneres iranianas. O melhor exemplo disso são os “comandos antigolpe” fundados pelo ex-presidente da Venezuela, os quais têm a função de manter o regime atual no poder, sendo planejado um efetivo de cerca de 1 milhão de homens até 2019.

Maduro afirmou que estes “comandos anti-golpe”, cuja estrutura, número e composição não detalhou, estarão presentes em cada um dos 23 estados da Venezuela e na capital Caracas. 

                                                                                              Agência de notícias Terra – 26 out 2013

Será que é mera coincidência ou o IRGC está exportando o know-how iraniano para a garantia da existência do regime islâmico para ser aplicado na Venezuela, visando garantir a continuidade do bolivarianismo venezuelano?

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Milícia bolivariana em Caracas

5 – Conclusão

O Irã pretende compensar sua falta de desenvolvimento econômico e  tecnológico em áreas sensíveis utilizando-se de uma estratégia assimétrica desenvolvida através dos anos e voltada para o enfrentamento de adversários de doutrina militar ocidental,   conseguindo assim tempo para para a consecução de seus objetivos estratégicos como nação, ao mesmo tempo que detém uma concentração de poder de combate que, devido as suas características únicas, causa apreensões desproporcionais entre seus adversários.

Bibliografia:

Iran’s Asymmetric Naval Warfare – Fariborz Haghshenass

Iran’s Naval Forces: From Guerilla Warfare to a Modern Naval Strategy

Iran’s Two Navies: A Maturing Maritime Strategy – Commander Joshua Himes, U.S. Navy

Army-tecnology.com

milicia.mil.ve

Wikipédia

64 Comentários

  1. O persas praticam a arte da guerra há milenios , e sua patria e uma verdadeira muralha natural montanhosa, mais mortal para invasores que as do Afeganistão, sem contar o estreito de Ormuz, que pode ser um cemitério para fragatas, cruzadores e ate porta aviões..
    Qualquer ataque a eles se daria por meio de bombardeios pessados e só, quem se atrever a tentar invadi-los por terra, mesmo apoiado pela melhor tecnologia belica existente, vai votar com certeza com o rabo no meio das pernas.

  2. “sendo os habitantes do local utilizados como uma rede de informações e alerta (HUMINT).”

    Outro fato importante é que os habitantes locias são usados como escudo humano, impedindo ataques aéreos à áreas civis ou maximizando o número de civis mortos nos ataques.

    Grande covardia se esconder entre mulheres e crianças para depois dizer que israelenses e americanos atacam civis.

    Na verdade a maior vantagem tática desses grupos guerrilheiros é justamente usar escolas, templos e hospitais como bases. Em campo aberto, fora de áreas urbanas eles quase sempre são varridos pelos americanos e israelenses.

    • Camarada, por isso chama-se de “guerra assimétrica”, onde até os civis são considerados combatentes. A questão moral disso vai depender das prioridades do país e sua disposição de continuar existindo como nação ou não. Não é a primeira vez na história que algo assim acontece..

      • “Camarada, por isso chama-se de “guerra assimétrica”,

        É mesmo? Não me diga.

        Mesmo assim, não deixa de ser covardia se esconder entre mulheres e crianças.
        Você sabe muito bem,que muitos desses civis não tem participação nenhuma na guerras. muitos estão apenas morando em suas casas e tentando viver suasvida em paz.

        Olhe o número de civis mortos nos atentados na Iraque e afeganistão. é muito maior do o número de soldados ameicanos mortos. Esses guerrilheiros sacrificam o próprio povo para sobreviverem.

        Depois acusam os EUA de bombardear civis indiscriminadamente.

        Inacreditável que vocês defendam essa covardia.

      • Não sei de onde sua pessoa entendeu que alguém defenda esse tipo de procedimento. Acredito que entendeste errado a finalidade da matéria, a qual é analisar o que ocorre mundo afora, com países que enfrentam inimigos muito mais poderosos e suas possibilidades e limitações.

        O Brasil deve desenvolver doutrinas militares baseadas em suas características geográficas, humanas, econômicas e tecnológicas, visando uma doutrina que cumpra da melhor forma a defesa de nossos interesses e integridade territorial com o melhor custo/benefício possível. E uma maneira de conseguir isso é justamente estudando o que acontece pelo mundo afora!

        Por isso eu escrevi:

        “A questão moral disso vai depender das prioridades do país e sua disposição de continuar existindo como nação ou não”.

        O que você acha que aconteceu durante a Barbarossa em 1941?

        Pelo fato de o então Exercito Soviético ter sua “cabeça pensante” cortada durante os expurgos de 1938, sua liderança era totalmente inapta, sendo eleita simplesmente por sua lealdade a Stalin, sofreu milhões de baixas até quase 1943, onde milhões de camponeses eram recrutados a força e quase sem treinamento (o que resultava numa expectativa de vida de um soldado de cerca de 24 horas em Stalingrado). Trocou-se tempo (que era usado para treinar “verdadeiros soldados” na sibéria) por vidas humanas. O fato é que em 1944, eles venceram e conquistaram Berlim, mas ao custo de cerca de 8 milhões de militares mortos!!! (alguns dizem 14 milhões).

        Entendeu agora o que quer dizer “continuar a existir como nação ou não”? Quando o inimigo bate a sua porta, muitas vezes qualquer sacrifício tem que ser feito para garantir a existência de seu modo de vida. Espero que tenha esclarecido o propósito do post.

      • “Acredito que entendeste errado a finalidade da matéria”

        Não entendi errado a finalidade da matéria, apenas acrescentei um fato que não estava escrito.

      • Também não vi defesa dessa tática em lugar algum…

        Pra quem vive na ideologia se não vê alguém criticando vê como se estivesse apoiando… isso é muito ódio pelo diferente não??

      • Bá, Francoorp.

        Às vezes você escreve cada bobagem!

        Quem é você para acusar os outros de viver na ideologia?
        Pior é que você não vive apenas na ideologia, mas também vive na fantasia.

    • Sim, covardia ,porem quem quer vencer um conflito nao deve contabilizar civis, todos sao alvos desejaveis ,assim nao se deixa brecha para covardes hipocritas !

    • ”…Na verdade a maior vantagem tática desses grupos guerrilheiros é justamente usar escolas, templos e hospitais como bases.”

      Isso realmente acontece,mas o inimigo não poupa ninguém vide o massacre de My Lai no Vietnã , os EUA e os europeus sempre falam isso desses combatentes que eles são covardes,assassinos etc,mas praticam verdadeiras carnificinas contra civis dos países subjugados na verdade a guerra não poupa ninguém seja ele criança, mulher ,velho,civil ou soldado !

      A ”bomba inteligente” não distingue o civil do soldado !

      • “Isso realmente acontece,mas o inimigo não poupa ninguém vide o massacre de My Lai no Vietnã ”

        “civis dos países subjugados na verdade a guerra não poupa ninguém seja ele criança, mulher ,velho,civil ou soldado !”

        Isso simplesmente não é verdade! Embora muitas vezes americanos bombardeiem civis, normalmente procura-se
        evitar ataques aéreos em áreas urbanas.

        Uma grande variedade de armas e baixo impacto tem sido desenvolvida para atacar guerrilheiros causando o mínimo de danos colaterais possíveis.

        Essa estória de que os EUA bomabrdeiam civis indiscriminadamente é mais uma mentira inventada pelos anti americanos que defendem tudo que for contra os Estados Unidos cegamente.

        È claro que muitos civis morrem, nos bombardeios, mas em grande parte isso se deve ao fato de militares e guerrilheiros utilizá-los como escudo humano.

        Os próprios guerrilheiros fazem atentados à bomba em áreas civis, não se importando nem um pouco com a vida de seus concidadãos, principalmente quanto tem opinião religiosa ou política diferente.

        E vários bombardeiors já foram evitados justamente para impedir a morte de civis.

        As pessoas tem tanto ódio e inveja dos Estados Unidos que são capazes de defender até mesmo grupos fanáticos de terroristas.

      • Mais correto, no seu caso ,seria assim:

        “Algumas pessoas tem tanto amor e adoração pelos Estados Unidos que são capazes de defender até mesmo grupos de mercenários, fanáticos e terroristas (travestidos de militares…)”

      • “Essa estória de que os EUA bomabrdeiam civis indiscriminadamente é mais uma mentira inventada pelos anti americanos”

        Não sei se vc assistiu ao vídeo collateral murder
        vazado pelo Wikileaks.

        Não que os outros povos seja mais civilizados que os EUA, mas na guerra meu caro só se aparece o pior da natureza humana, seja a nação que for.

      • Ok man, me explica então Hiroshima e Nagasaki, o video collateral murder,isso sem falar na guerra contra os nativos da américa do norte !

        Tem pessoas que tem tanto idolatria pelos Estados Unidos que são capazes de defender até mesmo os crimes de guerra que esse país comete !

        Olha só oque você disse Deagol:

        Embora muitas vezes americanos bombardeiem civis,..”

        EUA cometem crime de guerra ao atacar civis no Paquistão, diz Anistia Internacional
        .
        Desde 2004, entre 2.000 e 4.700 pessoas – incluindo centenas de civis – segundo diferentes avaliações, morreram em quase 300 ataques de drones norte-americanos em regiões rurais do Paquistão. No entanto, sob a administração de Obama, as operações que resultaram em morte tiveram número recorde – praticamente dobraram da administração de George W. Bush.
        http://www.redebrasilatual.com.br/mundo/2013/10/eua-comentem-cirme-de-guerra-ao-atacar-civis-no-paquistao-diz-anisttia-internacional-5674.html

        Isso tudo esta na mídia não é invenção de ninguém, ou você vai dizer que a Anistia Internacional inventou tudo isso porque tem ódio e inveja dos Estados Unidos ?

      • Deagol quando você afirma ser comum a pratica de bombardear civis pelos EUA, explicita no trecho :
        ” Embora muitas vezes americanos bombardeiem civis,..”

        Algo que acontece muitas vezes como você bem disse é algo comum corriqueiro,você só vem a afirmar os crimes de guerra dos EUA !

        Mas como muitos já disseram aqui, crimes de guerra são coisas reprováveis ,não importa qual nação os cometa !

      • Hiroshima e Nagasaki foram exemplo de bombardeios a civis, além de servir para testar as bombas e os efeitos da radiação.

  3. Amigos,

    é óbvio que os iranianos não permanecerão apenas com essas opções em seu portfólio de projeção de poder e defesa.

    Eu creio que, de fato haverá uma incessante busca por parte do Irã, no sentido de desenvolver armas nucleares e outros tipos de armas sofisticadas que lhes permitam ter alguma vantagem frente aos seus adversários.

    E que não se enganem, os iranianos não titubearão em utilizar os meios de que dispõe em seu arsenal, sejam eles quais for.

    Muito boa a matéria, grato!

  4. Embora a imprensa tente mostrar as inovações iranianas de uma forma jocosa e diga-se de passagem algumas merecem sim o rotulo de ridículo, eu vejo com muito respeito o povo iraniano e seus combatentes sempre dispostos a dar a vida por seus objetivos numa verdadeira prova de patriotismo e de f’é que a imprensa ocidental gosta de chamar de fanatismo !

    Qualquer pessoa de bom senso sabe quais são as intensões dos EUA/OTAN e Israel para com o Irã por isso devemos ter muito cuidado e observar bem o desenrolar desse conflito, para que nós brasileiros possamos traçar a nossa própria estratégia de sobrevivência, pois nós nunca sabemos o dia de amanhã e quem realmente são os nossos aliados !
    Sucesso ao povo iraniano na defesa de sua pátria !

  5. Interessante porem nada de NOVO, estas iniciativas nao sao novidades , ,o imperio britanico sempre fez uso destes artificios politicos e economicos ,o Irao pratica o OBVIO para quem esta na sua situaçao , em um comflito total com uma super potencia ,bastaria esta SP deixar de lado o besteirol criado pos guerra do vietnam , civis nao deverao ser poupados , um ataque as infraestruturas do pais seguido de um ataque direto contra civis utilizando armas que causam dor e pavor ,tudo isto de forma intensa utilizando bombas incendiarias ,armas biologicas e quimicas , se em um conflito isso nao for utilizado,a guerra se transforma em algo assimetrico, geralmente beneficiando o inimigo que se infiltra na populaçao civil, por isto os civis devem ser esterminados , nao ha vitoria facil sem devastar civis, sao destas fileiras que saem os combatentes uniformizados ou nao, se os EUA tivessem feito isto no IRAQUE, a guerra teria durado 20 dias, mas preferiram ataques cirurgicos , preferem ter amigos trairas doque serem odiados e TEMIDOS, simples assim senhores , mas a quem prefere guerras com regrinhas , a boiolagem e geral !

    • Você não está falando de guerra com fins de dominação, mas de extermínio puro…
      Sua opinião revela o coração e a mente de um genocida demente…

      E depois vem criticar Stalin , quando está em um nível mental ainda pior que ditador soviético….

    • Pô mais aí meu caro vc acaba com a falsa civilidade das potências corsárias.Eles baseiam suas ações no falso moralismo e nas intervenções humanitárias.
      Vide o exemplo da Líbia e Síria, onde a mídia ocidental bateu na mesma tecla semana, após semana que os “Ditadores” estavam a maltratar seu povo.
      Esse falso moralis é muito conveniente até certo ponto, mais uma vez passado dos limites perde-se a desculpa principal e o lobo perde a pele de cordeiro, simples assim.

  6. Senhores, muito boa à matéria.
    .
    O fato é que… , quando se deflagra uma guerra, esta tem por objetivo tirar a vida (MATAR) o maior numero do lado oponente, e destruir, seus meios de sobrevivência, ponto.
    .
    Qualquer coisa, além disso, não funciona…, não existe…, não é GUERRRA…, sei lá o que é…
    .
    Por isso existe a diplomacia, porque o que virá depois d’ela, é cruel para os despreparados.
    .
    Quer resolver as disputas de forma diplomática…!?
    .
    Então esteja bem preparado para a GUERRA.
    .
    Saudações,
    .
    konner

  7. Iran é um País com uma sociedade muito saudável.
    Os jovens tem certa liberdade , inclusive as meninas.
    Lá o o facebook é proibido , acho que vou me mudar pra lá kkkkkk

  8. Aproveitando que citaram a matéria da estratégia chinesa das três linhas de ilhas, EMP, você conseguiu recuperar essa matéria? Ou ela foi uma das que foram permanentemente perdidas? Porque ela era muito boa, na minha humilde opinião, a melhor de todo o Plano Brasil. Seria legal tê-la de volta e em um local de destaque permanente no blog.

  9. 4 – Influências do Irã na América do Sul

    Governos como os do Equador, Venezuela e Bolívia que são claramente opostos ás políticas norte-americanas mantém relações estreitas com o Irã, o qual este fornece apoio tecnológico nas mais variadas áreas (principalmente militar) com o motivo sugerido de “combater o imperialismo”, e assim enfraquecer a posição dos EUA na região.
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    Independente da ideologia que esteja no poder no Brasil a Inteligencia de Estado sabe o saco de gatos que nos rodeiam e conhecemos tambem as intenções extra-regionais.
    Quanto a filosofia,doutrinas e metodos Iranianos de intenso adestramento e sincronismo de sua população reflete um sentimento pátrio milenar da cultura mais antiga da Terra e o berço do conhecimento humano.
    Eles são uma civilização guerreira em suas geneticas e jamais se subjugariam se tomassem bombas nucleares como se subjugou o Japão que tambem sempre foi uma civilização guerreira e que jamais havia perdido uma unica batalha em toda sua historia milenar ate o evento atomico.
    Quando eu vejo em nosso meio militar justificativas de que algo é inviavel por não estar de acordo com nossa doutrina percebo o alto grau de desconhecimento estrategico e a ignorancia do que é assimetria.
    Se o meio militar é aquele que pode vir a desempenhar qualquer função em qualquer tempo e qualquer momento justificativas de incompatibilidade de doutrina não procede.Não é apenas uma questão de reciclagem ou aperfeição de condicionamento mas sim a necessidade urgente de mudança de mentalidade.

  10. Texto interessante.

    Quanto a capacidade do Irã de fazer uma guerra assimétrica, creio que isso é questionável e creio que merece mais debate… Afinal de contas, estarão lidando com uma armada que pode atacar com mísseis de cruzeiro a centenas de quilômetros de distância; longe do alcance da maioria dessas armas para combate assimétrico…

    Quanto a paralisação das rotas de petróleo, isso é realmente possível, mas poderia trazer mais problemas do que soluções… Vale lembrar que ao proceder dessa forma, o Irã também estaria paralisando as suas próprias rotas, haja visto a presença militar aliada… Operações navais aliadas poderiam ser conduzidas contra a navegação iraniana, no intuito de destruir sua capacidade de exportar por seus próprios meios, além de arrasar com os portos iranianos. Isso causaria um impacto mortal na economia do Irã. E vale lembrar que o ocidente não depende propriamente do petróleo iraniano… Os iranianos também são dependentes de sua exportação de petróleo e de suas importações de alimentos e maquinários, de modo que fica a dúvida de quanto tempo poderiam manter esse esforço.

    É bem verdade que a organização descentralizada pode tornar as unidades mais focadas, mas a ausência de um comando centralizado também impede que uma unidade possa apoiar a outra em caso de necessidade. Em suma, fica difícil a obtenção de reforços em caso de pressão e muito mais difícil ainda coordenar um ataque… É um método que pode ter impacto em um primeiro momento, mas jamais será capaz de proporcionar vantagem duradoura contra uma força melhor equipada e aguerrida, que esteja lutando com objetivos fixos e, principalmente, também lutando de maneira irrestrita.

    O conceito de vitória política de fato é valido, mas ele se aplica somente se a parte agressora levar em consideração certas diretrizes de combate que limitem suas forças, tal como aconteceu com os americanos no Vietnam, com seus meios seriamente tolhidos na ação por conta da interferência política constante… Contra um país com opinião pública consistente e com um objetivo fixo, creio que esses métodos seriam questionáveis…

    Mas não vou negar que o texto tem fundamento, principalmente se considerarmos a atual situação política dos EUA…

    Assim, destaco os pontos que considero mais importantes no que diz respeito a ausência de uma empreitada contra o Irã:

    – Diferente do Iraque pré-guerra ou do Afeganistão ( no primeiro o povo estava louco pra se livrar de Sadan e no segundo não havia qualquer senso real de união ), o Irã é um país bem organizado e com pouca oposição interna. Se somarmos o que está exposto no texto, é evidente que resistência seria certa. Adicione a isso o tamanho do país e de sua população e fica claro o tamanho da empreitada; de fato, uma invasão já é impraticável apenas por isso… E a melhor maneira de lidar com a situação seria através de uma invasão por terra…

    – Resta um ataque aéreo, mas esse método também é algo complexo de ser levado a cabo… As instalações iranianas podem estar muito bem guardadas, sob metros de concreto, de modo que uma força aérea ( caso apele apenas para métodos convencionais ) deveria fazer valer-se de meios muito poderosos e em grande quantidade para lograr algum êxito. E mesmo assim, o sucesso não é garantido…

    • Camarada _RR_ , a principal característica da guerra assimétrica é justamente o combate a curta distância e fugaz, onde se “ataca e corre”, por isso misseis de cruzeiro são ineficazes contra uma força que se movimenta frequentemente, não fornecendo assim um alvo fixo. O mesmo não pode-se dizer da infraestrutura do país, mas ao assumir os riscos de uma guerra em seu território, essa certeza já é aceita. Cada província é dimensionada para operar sem qualquer apoio das outras (são totalmente auto suficientes).

      Diretrizes de combate são imperativas, principalmente se o agressor quer conquistar os “corações e mentes” da comunidade internacional, pois nos países democráticos, a população é que muitas vezes é a causa de se “ganhar ou perder guerras”. Ninguém quer ser acusado perante o resto do planeta de crimes de guerra (como aconteceu no Vietnã, Afeganistão e no Iraque). Este é o foco da chamada “doutrina de guerra irrestrita”.

      Muito interessante seu comentário a respeito da dependência econômica a respeito do petróleo, o que faz muita relevância, inclusive aos planejadores iranianos, os quais já sofrem com o embargo da ONU contra o Irã. Mas porque será que ainda não ruiram economicamente? pelo fato do Irã ter uma grande balança comercial com seus vizinhos, além de outros métodos ( sabia que cerca de 60% do orçamento do IRGC provém do mercado negro administrados por eles mesmos e existente no Irã? Incrível, né?). Não somente o Irã seria afetado pelo fechamento do estreito de Ormuz, mas sim também a Arábia Saudita, o Quatar, EAU, o Kwait (os quais são aliados dos EUA), daí entende-se que estes países fariam de tudo para evitar esse fechamento. É aí que se vê o verdadeiro efeito desta doutrina militar.

      Quem sairia vencedor num enfrentamento? Só depois que acontecer este enfrentamento e chegar a um fim que eu arriscaria uma resposta. Mas justamente por causar essa dúvida que os Iranianos já saem na frente….

      Muito obrigado pelo comentário muito bem estruturado.

      • Me faz lembrar a poderosa esquadra oceanica Brasileira quase sendo dezimada no rio Parana por quenas chatas bem armadas Paraguaias.Os projeteis dois canhões passava por cima das mesmas sem atingi-la ate que uma tatica surpresa o abalrroamento se fez eficaz.
        As pequenas velozes e bem armadas çlanchas Iranianas deixa de cabelo em pé a esquadra Americana no golfo e os pequenos submarinos diesel-eletricos tambem.

      • 1maluquinho,

        Essas embarcações seriam um problema em mares fechados. Contudo, em águas mais abertas, esses meios dificilmente teriam alcance para perseguir uma frota da USN… E mesmo com as teóricas vantagens propiciadas por um mar fechado, seria extremamente complexo golpear aquela que certamente concentra a maior força ASW/ASuW do mundo, com navios navegando a cerca de 30 nós e com helicópteros prontos patrulhando o perímetro dos porta-aviões o tempo todo…

      • Mas a finalidade não é a perseguição ou interceptação meu caro e sim a surpresa onde um alvo teoricamente menor pode passar desapercebido.

      • Camarada _RR_

        A área de operações para o Irã é praticamento o Golfo Pérsico, que devido as suas características geográficas, é melhor indicado para operações assimétricas, e não em mar aberto.

        O detalhe que lembro a respeito da eficiência das pequenas embarcações em operações assimétricas é que nunca tal ataque iria ser realizado isoladamente, e sim seria mais um integrante de uma ofensiva muito maior. Além dos pequenos navios, seriam utilizados também:

        mísseis antinavio de plataformas móveis disparados do litoral;

        misseis antinavio disparados de aeronaves;

        mini-submarinos (Gadhir);

        ASBM Khalij Fars (imagine uns 50 destes disparados ao mesmo tempo!);

        mergulhadores de combate (MEC);

        minas navais;

        utlização de ECM, ECCM e técnicas de engodo e interferência nos mísseis de cruzeiro da USN (Kolchuga ESM, o mesmo que degradava a precisão dos Tomahawk no iraque em 1991);

        Agindo tudo ao mesmo tempo, imagine o trabalho que dariam em um espaço confinado como o Golfo pérsico….

        http://thediplomat.com/the-editor/2013/06/22/irans-carrier-killer-missile-improves-accuracy/

        http://www.youtube.com/watch?v=Nc7eUO1aw9M

  11. “, a principal característica da guerra assimétrica é justamente o combate a curta distância e fugaz, onde se “ataca e corre”

    Nesses combates a curta distância os grupos guerrilheiros sempre são devastados, restando com sua única opção, se misturar com civis para os americanos e israelenses perderem os alvos. Que tipo de guerra é essa em que 50 guerrilheiros são são mortos para cada um invasor que é ferido? Você considera isso como vantagem?

    • Isso é uma das variantes meu camarada nem sempre ataca-se e corre.Assimetria é adaptação voce joga versatilizando com o que voce tem adequando-o ao ambiente.

    • A sua incompreensão da questão deve-se que sua pessoa (e a maioria do ocidente, diga-se de passagem) julga certos povos de acordo com nossos próprios padrões. Estes padrões são considerados aceitáveis em um mundo que, quando ocorre um conflito de baixa intensidade, mas que ocorram baixas significativas (Serpente gótica, Somália 1993, por exemplo) a sociedade indigna-se de tal forma que passa a exercer pressão sobre o governo por uma solução rápida do conflito, o que normalmente leva a derrota.

      Certos povos, em toda sua história, sofreram enormemente nas mãos de invasores, e esta situação leva á uma compreensão diferente daquilo que se chama guerra. Estes povos acreditam que, para garantir seu modo de vida (seja lá qual ele for), justifica-se morrer até o último homem (e talvez a última mulher ou criança). por exemplo:

      Afeganistão (1979-1989)
      baixas soviéticas – 14.000
      baixas afegãs (Mujahideen e civis) – 1.000.000

      Vietnam (1965-1974)
      baixas americanas – 58.000
      baixas vietnamitas – 1.200.000

      Mesmo com essa diferença enorme, os vietnamitas e os afegãos venceram os dois exércitos mais poderosos do mundo em sua época. Mais uma vez repito:

      “A questão moral disso vai depender das prioridades do país e sua disposição de continuar existindo como nação ou não”.

      De um modo mais simples:

      Um criminoso invade sua casa e ameaça sua família. Você não possui armas em casa, mas o criminoso tem uma faca. O que você faria?

      Sairia correndo (o que garantiria sua sobrevivência, mas não a de seus familiares);

      Enfrentaria o criminoso com cadeiras, pratos, vassouras, mesas e etc, ou seja, tudo que estivesse perto. (mesmo estando em grande desvantagem, ainda existe uma chance de derrubar o criminoso).

      Pois a situação dos mais fracos é justamente esta. Quando existe uma razão, você luta por aquilo acredita ser válido, mesmo estando em desvantagem e utilizando tudo o que tiver a mão e puder improvisar…..

      Se você não possui artilharia, utilize IED’s (dispositivos explosivos improvisados);

      Se você não possui aviões de bombardeio, utilize carros-bomba;

      Se você não possui satélites, VANT’s e aviões de reconhecimento, utilize inteligência humana (HUMINT);

      No final, o que dita a proporção de baixas é justamente o grau de recursos modernos que um exército possui. Se você não possui estes recursos, tem que aceitar baixas pesadas entre seus soldados e civis, e isto é algo do qual não se pode evitar.

      Me lembra uma conversa entre o general Norman schwarzkopf e o general Vo Nguyen Giap, na qual o primeiro disse que, apesar de vencer a guerra, os vietnamitas nunca venceram uma batalha contra os americanos no Vietnã. O segundo respondeu que isso era “irrelevante”, pois havia sido a vontade dos vietnamitas de resistir que derrotou os EUA no sudeste da ásia, não as batalhas da guerra!

      Acaba sendo uma batalha entre vontades….
      E vence quem tiver mais vontade de vencer….

      • A determinação sobrepõe-se ao condicionamento e a superioridade devastadora sucumbe a resistencia e o tempo torna-se o melhor meio.

  12. Caro Vympel1274 ( 10 de novembro de 2013 at 19:43 ),

    Concordo que mísseis de cruzeiro tem pouca aplicabilidade em um cenário de guerra assimétrica. Contudo, no caso específico de um país organizado, sempre existem alvos estratégicos que são essenciais para a condução de uma campanha organizada; alvos que normalmente não são móveis, tais como portos, aeroportos, estradas… Enfim, sempre tem toda uma infraestrutura que pode ser atacada e desestabilizar economicamente um país. Evidente que o essencial para manter uma guerrilha se pode conseguir através de diversos meios, mas sem uma base industrial local, as ações terminam bastante restritas e fica difícil de sustentar um esforço concentrado…

    Muitos meios essenciais a defesa estratégica ( baterias SAM de longo alcance, por exemplo ), mesmo que sejam móveis, requerem um período de preparação para serem utilizadas, perdendo completamente a sua mobilidade enquanto estão em operação, estando completamente vulneráveis nesse meio tempo, podendo ser localizadas pelos diversos meios de reconhecimento a disposição dos EUA e OTAN. Observe os ataques a Líbia, nos quais as posições SAM de médio/longo alcance foram destroçadas com pesados ataques de mísseis de cruzeiro. Isso, por si só, já liberaria o espaço aéreo para ataques a média altura, garantindo ( pelo menos na teoria ) ataques táticos… E com os porta-aviões operando a centenas de quilômetros da costa iraniana, dificilmente haveria como revidar…

    Excelente seu comentário a cerca da economia iraniana. Concordo que todos os países do Golfo sofreriam. Contudo, creio que o amigo desconsidera um detalhe: ao prejudicar os demais países da região, o Irã muito provavelmente também os arrastaria para um conflito… Ou seja, o problema triplica…

    Por fim, concordo que as diretrizes de combate são quase um “pré-requisito” ( por assim dizer )… Mas a hipótese que levanto é: e se o ocidente apelar para uma guerra irrestrita…? Concordo que a possibilidade disso ocorrer é remotíssima ( para não falar inexistente… ). Mas e se os americanos forem provocados a um nível extremo? O que ocorreria…?

    Enfim, a principal questão ( no meu entender ) é quem está mais preparado para aguentar tamanha carga de um conflito como esse, o que dependerá da motivação de cada participante… Uma campanha prolongada normalmente esfacela com os dois lados ( de diversas formas ). A instabilidade econômica normalmente gerada no pós-guerra quase sempre termina em instabilidade social; o que por sua vez pode gerar instabilidade política. E isso é essencialmente verdade em uma sociedade organizada e com padrões médios, como o caso iraniano…

    • Grande _RR_

      Numa guerra assimétrica, o IRGC não utilizaria sistemas de defesa aérea de grande porte, e sim MANPADS, para garantir a própria segurança e de suas operações (observe a figura de dois operadores de SA-18 em uma motocicleta).

      Eles (o IRGC) desprezariam a infraestrutura do país para poder continuar lutando contra os invasores, pois eles sabem ser impossível defendê-la dos ataques. A defesa da infraestrutura do país seria a cargo das forças armadas (que teriam pouco ou nenhum sucesso).

      Acredito eu que, no dia que os EUA ignorarem perante ao mundo e formalmente aquilo que podemos chamar de “regras da guerra” (apesar de já fazê-lo, mas de maneira discreta e em episódios esporádicos), iria ocorrer algo muito negativo, principalmente no mundo islâmico, que iria reagir de uma maneira tal que iria criar um “ponto de inflexão” muito pior que o 11 de setembro. Deus queira que isso nunca aconteça, meu amigo…..

      • Caro Vympel1274,

        MANPADS são excelentes meios de defesa de ponto, mas não se constituem em meio estratégico de defesa… Se o adversário tiver acesso ao espaço aéreo e usar o poderio aéreo de maneira irrestrita, ele pode ditar o ritmo dos combates ( atacar onde, quando e como bem entender ), restando a quem não possui defesa aérea apenas dar o combate em caráter reativo… Vale lembrar que as aeronaves de hoje e futuras não precisam/precisarão atacar necessariamente a baixa altura, podendo realizar ataques cirúrgicos por seus próprios meios a média altura ( fora do alcance dos MANPADS )…

        Qualquer guerra depende de uma infraestrutura para poder manter o esforço bélico ( seja a do país que faz a guerra ou de um aliado ). Mesmo uma guerrilha não pode negligenciar esse aspecto, sendo necessário um mínimo para dar suporte ao esforço de combate ( imagine o que seria dos vietcongs sem a trilha Ho Chi Minh e os depósitos pelo caminho )… E se tudo o que os caras precisam tiver que vir de fora, cobrindo grandes distâncias, então ficará difícil repor equipamento, o que por si só limitará todas as ações…

        De toda a sorte, acredito que os métodos de guerrilha sejam válidos, mas, no meu entender, para países organizados, são o ultimo recurso ( quando realmente não há mais o que fazer )…

        No mais, os demais métodos assimétricos do Irã são sim muito interessantes e creio que merecem grande estudo… Impossível negar que a maneira deles de lutar se constitui numa maneira econômica, com bom aproveitamento dos recursos locais, embora não considere apropriadas as limitações inerentes a parte da estrutura ( como a ausência de comando central ).

    • _RR_

      ” Mas e se os americanos forem provocados a um nível extremo? O que ocorreria…?”
      ————————–

      Provocados por um ataque de falsa bandeira? Como o 11/09 ?

      • É isso mesmo Alvez80….

        O que você acredita que foi ataque com armas químicas que ocorreu na Síria alguns meses atrás?

        Uma intervenção dos EUA na Síria (apoiada por China, Rússia e Irã), iria causar algo que iria se espalhar pelo oriente médio e as consequêcias disso são imprevisíveis… e os americanos sabem disso!! (ainda bem que temos o Obama, pois se fosse o McCain a me**a tava feita!).

        Acreditem no que eu digo: a guerra no Iraque ainda nem começou de verdade!!! Esta vai ocorrer quando os EUA saírem do país, e vai ocorrer uma guerra civil, onde os xiitas (80% da população, como aos iranianos) vão trucidar os sunitas (20% da população, dominavam antigamente por serem a tribo de Saddam). Quem sabe irá surgir um emirado Irão/Iraque…Aí sim estaremos ferrados…

      • A tendencia a unificação é inevitavel por tratar-se de um mesmo povo com mesma cultura e religião caso ja meio impossivel para Paquistão e India onde são o mesmo povo com semelhante cultura mas diferença teologica.

  13. A maior tática que o Irã mostra ter aprendido e está aplicando em sua doutrina assimétrica de comando militar descentralizado (está diretamente relacionada a derrubada de Sadam e Kadafi, no Iraque e na Líbia) que é: Uma cobra sem cabeça aparente, ou que tem inúmeras cabeças não poderá ser morta.
    Ou seja, com essa estratégia fica impossível dar a guerra por encerrada pela simples derrubada do governante inimigo.
    Esse uso da assimetria com poder descentralizado mas coeso na finalidade é que a torna realmente eficiente. Na nossa END há algo semelhante ao se almejar um combatente das três armas com capacidade de adequação e comunicação entre elas.

    Quanto ao uso de manpads “assimetricamente” seu uso foge a defesa de ponto, mas sim são direcionados para ataque aos hélis de apoio das tropas invasoras. O que os torna um armamento temido. E se empregado com eficiência pode debilitar enormemente o esforço de invasão, que hoje é muito dependente dos helicópteros de desembarque-embarque e socorro de comandos. Pois é claro que não vai se mandar um exército para as inúmeras ações pequenas no território invadido. Nesse ponto apoio as recentes compras de manpads pelo nosso exército.

    • Camarada ViventtBR, você foi diretamente ao ponto que eu estava tentando explicar, muito obrigado!!!
      Quem desenvolve a guerra assimétrica (no Irã, o IRGC), não se atém a defesa de estruturas, mesmo que de grande valia para o país, pois já existem setores com essa responsabilidade (forças armadas).
      O IRGC é direcionado para causar o máximo de dano ás forças atacantes utilizando técnicas assimétricas de combate, e em consequência disso, explorar isso na mídia (quem se lembra dos vídeos de “Juba, o sniper de Bagdá”?). O efeito psicológico na população do país invasor, ao ver seus helicópteros e aviões destruídos por simples guerrilheiros que nem aeronaves e carros de combate tem (sem contar navios e submarinos) é muito grande (e desmoralizante), o que normalmente leva á um desejo de acabar com as operações militares e por sua vez, a guerra. Helicópteros de transporte de tropas são um alvo de muito maior valor que um caça (quem se lembra do filme Black Hawk Down?). O ressuprimento de armas e munições é algo extremamente difícil de neutralizar (visto as operações de combate no Afeganistão, onda a ISAF detém superioridade aérea sobre todo o país, e ainda assim o tráfico de drogas e de armas teve um aumento de 400% desde 2001), isso sem falar nos “caches” que podem armazenar armto e munição por anos!

      leonardo_sp, muito obrigado e espero que tenha sido de valia a mesma..seja feliz.

    • ViventtBR (11 de novembro de 2013 at 20:43 ) ,

      Vympel1274 ( 11 de novembro de 2013 at 22:07 ),

      Concordo que seja extremamente difícil lidar com uma guerrilha a esse nível… Contudo…

      Qualquer sistema de defesa necessita de um comando central para que se possa gerenciar o combate e para que se possa tomar as decisões a nível “macro”.

      Para resumir, entramos em um problema de consciência situacional. Sem um comando central para gerenciar/filtrar informações, termina ocorrendo que as áreas a serem defendidas se tornam inconscientes do que ocorre ao seu redor, de modo que não seriam capazes sequer de alocar os recursos necessários em campo para contrabalançar os movimentos do adversário. Em suma, ocorrerá exatamente o que disse acima: cada região termina ficando por conta própria, sem que uma consiga apoiar a outra em meio aos combates, podendo até mesmo dar a liberdade ao adversário de concentrar o grosso de seus recursos em uma região por vez, dominando o território e estrangulando o espaço dos guerrilheiros. Enfim, sem um comando para organiza-la a nível estratégico, a guerrilha pode acabar fazendo o jogo do oponente ( militarmente falando ).

      Como exemplo, recordo aos amigos a ofensiva do TET… Apesar da surpresa inicial, causada por uma excelente preparação, a ausência de comunicação entre as unidades em campo e seu comando culminou com o fracasso completo da operação, com todas as unidades isoladas e dizimadas pelos americanos. Apenas nos primeiros dias, foram mais de 10000 mortes vietnamitas contra cerca de 200 baixas americanas… Evidente que esses combates causaram uma imensa impressão nos EUA, mas em termos militares, foi um completo fracasso para os vietnamitas.

      Vou concordar também que pouco importa o fracasso militar em si… Afinal de contas o objetivo da guerrilha é uma vitória política; e isso não necessita de uma vitória no campo de batalha propriamente… Contudo, quando analisamos uma sociedade organizada e de padrões médios de vida, fica a dúvida se sua opinião publica aceitaria o peso de milhares de mortes de seu próprio povo em seu próprio território. A questão é que sempre se chega a um ponto de saturação, no qual toda a sociedade clama pelo fim dos combates… A bem da verdade, é preferível que essa mesma sociedade evite a guerra a todo o custo…

      No meu entender, o que funcionaria seria justamente a aplicação de unidades militares utilizando táticas de guerrilha, e organizadas/gerenciadas com uma visão macro do ambiente onde luta, com comunicação em tempo real e podendo dispor de meios para saber a disposição/posição das forças invasoras ( consciência situacional completa ). Isso sim eu consideraria um terror para qualquer invasor… A única maneira real de se superar um oponente militarmente superior é através da informação no espaço de batalha, para que se possa gerenciar os recursos disponíveis e assim evitar o êxito militar adversário no ponto pretendido.

      No tocante a END, creio que a padronização das comunicações vai além… A padronização de comunicação prenuncia exatamente uma metodologia de guerra centrada em redes, na qual é fundamental a comunicação com todos os níveis de comando para que se possa tomar a melhor decisão a nível tático e estratégico, e gerenciar o combate. É uma maneira de lutar mais similar a da OTAN, mas ainda assim haveriam várias cadeias de comando independentes…

      • Excelente Discussão Vympel 1274 e _RR_, suas colocações estratégicas para o campo de batalha acrescentam e enriquecem muito meu conhecimento, e acredito que o de muitos outros interessados nestes assuntos também.

        PB de parabéns pela ótima publicação deste artigo especial sobre a atualidade de estratégias de defesa e ataque assimétricas. Que vem sendo aperfeiçoadas no Irã. Saudações aos demais comentaristas!!!

      • _RR_ neles existe sim mas no nosso caso a descentralização não significaria total independencia de missões.
        No caso deles a ambiente é praticamente unico e no nosso altamente diversificado.
        Em todos os sentidos existe unica intenção então unica missão nde nucleos executam da melhor forma.
        No Irã é muito mais dificil manter homogeneo por isso eles intensificam ao limite,mas o padrão é unico o mesmo usado por celulas terroristas apenas para dificultar identificações e inteceptações de comandos.
        Se tivessemos no Brasil interesse do estado desenvolveriamos proprio padrão inexpulguinavel.
        O Irã apenas podera ser totalmente derrotado e subjugado com metodos de falsa bandeira levando-o a perder o apoio da Russia e da China.

    • A unica discordancia Vivente é quanto ao ponto comando descentralizado,isso não existe no Irã e sim uma versatilização que nos leva erradamente a compreendermos assim por não compreendermos o padrão deles.

  14. Excelente texto Vympel1274..

    Melhor texto do ano no Planobrazil. Precisamos mais tipos de textos assim no PlanoBrazil .

    Em relação ao Irã, invadir esse um país como esse é algo quase impossível, pois uma guerra prolongadas contra esse país afetaria economicamente o mundo e sem falar número grandes de baixar que o invasor terá. Não será um passeio como alguns acham.

    Bombardear o Irã já é uma tarefa complicada para os EUA, imagina essa tarefa para Israel que late todo dia que pode atacar o Irã? Os militares dos EUA sabem que isso seria uma desastre caso resolvam atacar o Irã, pois sabem que no momento em que a coisa se complicar os países Àrabes vão ficar ao lado do Irã.

  15. Não falarei em táticas de guerrilha mas em outra coisa…
    Acrescentaria que…um dos maiores empecilhos para um ataque unilateral americano, ou mesmo da OTAN, contra o Irã não é apenas o fato de ataques iranianos contra o transporte de petróleo no golfo pérsico, que causaria um baque na economia mundial, e no qual ele possui um extenso litoral cheio de possibilidades. Mas algo que seria similar ao Vietnam que não se dava por vencido… que é novamente fazer guerra contra um inimigo ligado fisicamente a países não muito chegados ao Ocidente, já que…
    Por meio do Mar Cáspio, lá do outro lado do Irã, oposto ao Golfo Pérsico, eles possuem fácil comunicação, para abastecimento de armas russas. Isso para não falar de sua fronteira com o Afeganistão e outros não mui amigos dos americanos.
    E até onde sei não existem submarinos americanos patrulhando no Mar Cáspio.

    Vejam que a ação militar dos revolucionários da Síria só se torna possível com abastecimento de armas, sem elas eles ficam paralizados.

    E é justamente esse um dos grandes empecilhos para fazer uma guerra contra o Irã, pois possivelmente eles teriam onde conseguir armas para uma infinita operação assimétrica.

    Dessa forma, continuo acreditando que apenas veremos muito mais diplomacia, e no máximo alguns ataques cirúrgicos. E para agora, senão nem esses ataques relâmpagos teremos. Dado que o Irã já aprendeu que nesse enorme ninho de cobras que é o mundo, só existe um certo respeito com aqueles que tem poder de ataque. E por isso estão a cada dia melhorando mais e mais seu armamento.

    Ou se faz um ataque contra ele agora, ou amanhã a retaliação iraniana poderá ser muito dolorosa.
    E além do mais, pelo jeito, pelas últimas guerras, os ianques e seus aliados, só tem peitado presa miuda, e cachorro morto. Nosso país que abra os olhos JÁ para sua condição de indefesa, e pare com essa enrolação de meios insuficientes.

  16. Vympel, mais uma vez, meus parabéns pela excelente matéria, bastante elucidativa e clara, bem como informativa.
    Estavamos sentindo a falta deste tipo de conteúdo.
    É uma honra tê-lo de volta as operações.
    Grande abraço
    E.M.Pinto

  17. Texto excelente!
    Um dos melhores do ano, indiscutivelmente.

    So um detalhe, ao meu ver, faltou:
    O objetivo de uma invasao ao Irã…

    O petroleo iraniano hoje tem muito mais mercado na China que no ocidente, logo…
    A ameaça nuclear iraniana pode facilmente ser debelada, ou postergada com ataques cirurgicos…

    Se houvesse o objetivo de ocupar o Irã, poderiamos entender facilmente o acerto da estrategia assimetrica. Mas quem pretende ocupar esse país?

    O ocidente nao tem o objetivo de ocupar o Irã… Na verdade, essa hipotetica guerra seria de outra forma:

    1). Saturacao aerea acabaria com o sistema de defesa antimisseis.
    2).Bombardeios cirurgicos a todos os alvos primarios ( militares, nucleares…)
    3). Bombardeios cirurgicos a alvos secundarios altamente impactantes (centrais eletricas, centrais civis de comunicacao publica, meios de comunicacao, hospitais, escolas…
    4). Bombardeio otimizado contra todo o complexo industrial do pais, estradas, portos, usinas de extracao ou refino de petroleo, aeroportos…

    Enfim, uma estrategia de terra arrasada, politica, economica e industrialmente. Finda a ameaca de uma potencia nuclear islamica no oriente medio, os americanos voltam para casa…

    As respostas iranianas seriam muito pequenas e de facil contencao. E os aliados americanos possuem formas eficientes de combate-las… Mesmo o sistema de misseis balisticos iranianos nao representam seria ameaca contra um aliado como Israel.

    Ninguem precisa ocupar o Ira para transforma-lo em uma ilha com desenvolvimento tecnologico do seculo 19…

    E dai que vao se reerguer? Voltamos la a cada 10 anos…

    Essa possivelmente seria a maneira que os EUA agiriam… E nessa analise provincias autonomas podem fazer muito pouco.

    Iraque e Afeganistao foi diferente por ter objetivos diferentes… Pelo menos nos discursos publicos.

    • Camarada Heindall, obrigado pelo comentário!

      A ocupação do Irã, se alguém realmente tentar isto, seria visando uma mudança de regime (depor a elite dirigente do país) da mesma maneira que ocorreu no Iraque de Saddam, substituindo-a por um governo fantoche alinhado aos EUA/OTAN.

      Ocorrer algo parecido com a Líbia (a qual facções armadas derrubaram o poder central), é difícil de acontecer, devido a coesão do país, em parte devido á religião, em parte a medidas do próprio estado.

      Para se atacar um estado constituído, deve-se obter o aval do CSNU, mesmo que de efeito formal (não houve autorização durante a invasão do Iraque de 2003). Ocorre aí uma mudança do quadro político mundial nos dias de hoje, pois os EUA passam por uma “queda de poder político/militar”, e tanto quanto na época da guerra fria, eles necessitam de aliados para suas futuras empreitadas, e a melhor maneira de conseguir isso é parecendo correto (pelo menos formalmente) perante a comunidade internacional.

      A questão nuclear, essa sim poderia ser resolvida através de um ataque cirúrgico (como aconteceu aos reatores nucleares da síria e iraque), mas o Irã iria responder de alguma maneira, e com certeza, iria envolver os outros países da região que professam o islamismo. A situação do Irã é completamente diferente do Iraque, Síria ou Líbia.

      • Acontece meu caro que isto apenas é um sonho Ocidental e nada mais.
        Mesmo o povo de la anseiando liberdades seja qual for o regime no poder qualquer interferencia externa os une.Eles são realmente um povo diferenciado e extremamente patriotas.

  18. Voces ainda verão a gracinha que vai ficar tudo e os conceitos se desfarelarão.
    Unificação Irã-Iraque
    o bicho pegando na Arabia Saudita e que ja se bandeia por baixo dos panos para a China.
    França e Russia juntas e Alemanha caindo nos braços de Pequin.Turquia come miojo de palitinho quietinha.
    Aqui no paraiso tropical Venezuela,Bolivia e Equador com a Russia,O Peru e a Argentina com a China.E o Brasil?Encima do muro mandando beijinhos para todos os lados e TODOS querendo comerem nossos figados.
    Seja bem vindo ao seculo 21 e ajunte pacotinhos de sopa estantanea e fabrique uma borduna de jacarandá enquanto ainda existe.

    • é isso aí, 1maluquinho!!!

      É isso o que se consegue quando líderes irresponsáveis e incompetentes cismam que seus países estão a cima do “bem e do mal”. Hoje eles chamam isso de “excepcionalismo”…..

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