Diplomata brasileiro, indicado para ocupar a Embaixada do Brasil em Tel Aviv, Israel, diz que a partilha da Palestina é “obra inacabada”

palestinaDiplomata brasileiro, indicado para ocupar a Embaixada do Brasil em Tel Aviv, Israel, diz que a partilha da Palestina é “obra inacabada” 

“Aprovado pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) para o cargo de embaixador em Israel, nesta quinta-feira, 23/05/2013, o diplomata Henrique da Silveira Sardinha Pinto reconheceu na sabatina que a criação do país, em 1947, foi uma das grandes obras da comunidade internacional imediatamente depois da criação da Organização das Nações Unidas.

A partilha da região da Palestina, no entanto, permanece uma obra “inacabada”, sem uma solução para que também seja definitivamente fundado o Estado da Palestina, assinalou.”

Partilha da Palestina é “obra inacabada”, diz indicado para embaixada em Israel

Gorette Brandão
Da Agência Senado

Aprovado pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) para o cargo de embaixador em Israel, nesta quinta-feira, 23/05/2013, o diplomata Henrique da Silveira Sardinha Pinto reconheceu na sabatina que a criação do país, em 1947, foi uma das grandes obras da comunidade internacional imediatamente depois da criação da Organização das Nações Unidas.

A partilha da região da Palestina, no entanto, permanece uma obra “inacabada”, sem uma solução para que também seja definitivamente fundado o Estado da Palestina, assinalou.

“A sua conclusão interessa não somente ao povo palestino, que busca legitimamente a construção de seu Estado, mas também a Israel, para que possa viver em paz e em cooperação com seus vizinhos”, disse.

 A mensagem da presidente Dilma Rousseff com a indicação seguirá agora ao Plenário, para exame final, assim como o nome de Eduardo Botelho Barbosa, também aprovado pela CRE nesta quinta, para representar o Brasil na Argélia.

Os dois receberam aprovação unânime, em votação secreta, como prevê regra constitucional relativa ao exame de autoridades pelo Senado.

Henrique Sardinha fez questão de não deixar dúvida quanto ao posicionamento do Brasil em relação conflito e seu desenlace: o país se opõe à ocupação de territórios palestinos e defende um Estado palestino independente dentro das fronteiras anteriores à data de 4 de junho de 1967, que antecede a chamada Guerra dos Seis Dias, um dos marcos do conflito árabe-israelense.

O diplomata assinalou que não há espaço para uma visão “ingênua”, mas considerou que a recente visita a Israel por parte do presidente Barack Obama, dos Estados Unidos, deixou alguns sinais promissores em relação ao avanço das negociações de paz. Ele considerou, porém, que as conversações não podem continuar circunscritas ao quarteto representado pelos Estados Unidos, Rússia, União Europeia e ONU, sendo conveniente a entrada de novos atores.

Prosperidade

O indicado para o posto em Israel destacou que o país se tornou um Estado “moderno, próspero e com enorme capacidade criadora” no campo científico e tecnológico. Henrique Sardinha observou que a relação com o Brasil é madura, diversificada e rica, mas ainda merece ser reforçada.

Nesse sentido, destacou que há uma agenda bilateral positiva que vem recebendo atenção dos dois governos, especialmente com a troca de visitas de ministros de Estado. Entra as áreas de cooperação mencionadas pelo diplomata estão as indústrias farmacêutica e espacial, a medicina e a agroindústria.

Apesar de o Brasil ser tradicionalmente deficitário no balanço das trocas comerciais, com uma diferença ao redor de US$ 700 bilhões anuais a favor de Israel, Henrique Sardinha destacou que nos últimos meses os números estão se apresentando mais positivos. Ele observou que, se a tendência persistir, até o final deste ano haverá uma redução importante do atual deficit.

Henrique Sardinha lembrou que, por conta de duas diásporas, a judaica e a árabe, o Brasil ganhou um “rico patrimônio” representado pela ampla presença dos dois povos. Depois de salientar a convivência pacífica entre as duas comunidades aqui no país, ele destacou projeto do Itamaraty, chamado de Lado a Lado, para estimular ainda mais a aproximação, inclusive no campo acadêmico, o que considera um “potencial” do Brasil para promover um diálogo.

“Não há que ser ingênuo aqui, pois evidentemente não pretendemos que iniciativas como essa possam decidir e resolver um conflito, mas é uma forma de contribuição nesse sentido”, assinalou.

Argélia

Já Eduardo Barbosa, indicado para a Argélia, país situado ao norte da África, na chamada região do Magreb, assinalou que as duas sociedades, a brasileira e a argelina, compartilham visões de política internacional, aspirações similares de desenvolvimento, características socioeconômicas e, além da “paixão pelo futebol”. Também destacou que o país é o maior da África em termos territoriais e o segundo parceiro comercial do Brasil naquele continente

“Há muitos espaços comuns para o diálogo entre os dois países, como espero convencê-los”, disse aos senadores.

Em relação ao panorama político do país, ele ressaltou que o país enfrentou quase dez anos de conflitos internos, mas que desde 1999 teve início um processo de inclusão e reconciliação. Por conta disso, assinalou, a Argélia se distingue dos demais países árabes que entraram em ebulição e conflitos civis nos últimos tempos.

“Assim, alguns comentaristas locais avaliam que seu país já passou pela Primavera Árabe”, muito antes dos movimentos registrados em 2011″, destacou.

O diplomata disse que o processo de abertura política está em andamento, na direção de uma ordem democrática e um Estado laico, num cenário acompanhado com interesse pela comunidade internacional e demais países árabes. Há eleições marcadas para o próximo ano, mas os islamitas radicais continuam impedidos de participar do processo.

Ele lembrou ainda que a economia argelina depende muito do setor de gás e petróleo, que representou em 2012 mais de 30% do PIB do país e 95% das receitas de exportação. É o sexto maior exportador de gás do mundo, tendo a Europa como principal comprador. Do lado das importações, depende de bens de capitais, semimanufaturados e produtos alimentícios.

O diplomata observou que o país, apesar de sua forte inserção no comércio internacional, permanece apenas como observador na organização mundial de Comércio (OMC). O Brasil apoia sua candidatura como membro efetivo.

O senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) lembrou que a Argélia, durante os anos da ditadura militar no Brasil, foi a terra de exílio para muitos perseguidos políticos. O primeiro a ser recebido pelo governo argelino foi o então governador Miguel Arraes, de Pernambuco, cassado e preso em 1964. O arquiteto Oscar Niemeyer projetou obras para o país, onde também trabalhou o ex-senador Darcy Ribeiro, outro cassado.

“Queria lembrar isso porque faz parte do legado do relacionamento entre os dois povos”, destacou.

Fonte: Agência Senado via UOL 

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“Paz implicará dolorosas concessões, mas é único caminho possível”, diz ministra de Israel

Javier García
Em Jerusalém

A ministra da Justiça de Israel e encarregada das negociações com os palestinos, Tzipi Livni, afirmou nesta terça-feira, 28/05/2013, que a paz baseada na solução de dois Estados implicará em “dolorosas concessões”, mas considerou que esta é “a única via” para a sobrevivência do país como um Estado democrático.

Em um encontro com diplomatas e correspondentes estrangeiros em Jerusalém, em um momento em que se fala sobre a possibilidade de retomar o processo de paz em poucas semanas, Livni reconheceu que o tempo “corre contra a solução de dois Estados”.

“Cada dia que se passa sem uma solução ao conflito ou sem negociações é uma vitória para alguns, mas esses são felizmente uma minoria em Israel”, afirmou a responsável do processo de paz, que se reuniu em quatro ocasiões com o secretário de Estado americano, John Kerry, nos últimos cinco dias.

Na sexta-feira passada, após visitar pela quarta vez a região desde que chegou ao cargo, Kerry disse que esperava respostas da parte palestina e israelense aos seus últimos esforços no prazo de uma ou duas semanas e pediu que fossem tomadas “decisões difíceis e necessárias” para possibilitar o reatamento das conversas, em suspenso desde setembro de 2010.

“Espero que iniciemos as negociações em um próximo futuro”, disse hoje Livni, embora tenha reconhecido que “ainda existem coisas para serem fechadas” antes de Israel voltar a se sentar com os palestinos.

A ministra admitiu que Israel deve escolher entre as opções “menos ruins” e advertiu que um futuro acordo implicará “dolorosas concessões para todos e cada um dos cidadãos israelenses”, mas apesar disso frisou que a paz “é necessária”.

“Está claro que teremos que tomar alguns riscos, mas serão riscos calculados”, afirmou Livni, para quem a “segurança de Israel deve ser preservada nas negociações”.

Livni, ministra das Relações Exteriores entre 2006 e 2009, foi chefe da oposição durante a legislatura passada após ser incapaz de formar governo apesar de ser a líder do partido mais votado, o centrista Kadima.

Nas últimas eleições, em janeiro, Livni conseguiu com sua nova formação, o Hatnuah, apenas seis deputados, que no entanto serviram para transformar o partido em um dos membros mais importantes da nova coalizão de governo formada pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.

Livni destacou que seu papel no novo Executivo é “colocar de novo a paz como parte da agenda”, após as conversas entre israelenses e palestinos terem ficado de fora do debate político nacional nos últimos anos.

Segundo sua opinião, retomar as negociações pode, além disso, contribuir para mudar o processo de “deslegitimização” que Israel enfrenta diante da comunidade internacional.

“Perder legitimidade reduz as possibilidades de defender a si próprio”, afirmou frente aos que argumentam que um acordo com os palestinos poderia pôr Israel em risco, como assegurou ontem o ministro da Economia, Naftali Benet, líder do partido ultradireitista Habait Hayehudi.

Livni destacou que as negociações precisam dar resposta a “todas as questões”, entre elas assuntos como fronteiras, refugiados, segurança, água e Jerusalém.

“É a única maneira de acabar com o conflito”, disse antes de ressaltar que os palestinos precisam declarar claramente que o acordo “será o final do conflito”.

Neste sentido, pediu para a comunidade internacional e especialmente a Europa não tornar a organização mais forte, que segundo ela “não é uma parceira para a paz e não está disposta a reconhecer a existência de Israel”.

“Há um elefante no quarto que é a Faixa de Gaza”, afirmou a ministra, explicando que Israel só aceitará que o território seja parte do Estado palestino se não estiver controlado por grupos violentos ou terroristas.

Em relação à questão dos refugiados, a ministra afirmou que o futuro Estado palestino deverá recebê-los e descartou que estes possam voltar a seus lugares de origem, que estão atualmente em Israel.

Livni disse que precisa existir um “equilíbrio” entre os assuntos que serão negociados previamente ao início das conversas propriamente ditas.

“Se eles querem falar sobre fronteiras primeiro, deverão fazer isso também sobre a segurança de Israel”, afirmou em referência à insistência palestina para que a parte israelense apresente um mapa com os limites de seu futuro Estado antes de entrar em outra questão.

Fonte: EFE via UOL 

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Milhares de palestinos protestam nos 65 anos da expulsão

Reuters

Palestinos entraram em confronto com forças israelenses nesta quarta-feira na Cisjordânia ocupada durante manifestações para marcar os 65 anos da data que denominam de Nakba (Catástrofe), quando a criação do Estado de Israel resultou na perda de suas casas e eles se tornaram refugiados.

Um projétil lançado da Faixa de Gaza, governada pelo movimento islamista Hamas, explodiu em área aberta em Israel, sem causar vítimas, segundo um porta-voz militar israelense. Nenhum grupo de Gaza reivindicou de imediato a responsabilidade pelo disparo.

O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, deve retornar à região na terça-feira, em nova tentativa de reavivar as conversações de paz, congeladas desde 2010.

Mas ainda não há nada definido e muitos palestinos se agarram ao desejo de refugiados e descendentes de retornar a terras ancestrais agora parte do território de Israel — ideia rejeitada por Israel, que alega que isso levaria ao fim do Estado judeu.

Manifestantes entraram em choque com forças israelenses diante de um campo de refugiados perto da cidade de Hebron, na Cisjordânia, e de uma prisão nas imediações de Ramallah, também nesse território. Vários palestinos ficaram feridos.

Em Jerusalém, a polícia israelense se confrontou com manifestantes palestinos, lançou granadas de efeito moral contra eles e efetuou várias prisões.

Milhares também protestaram na praça principal de Ramallah, a capital de facto dos palestinos enquanto Jerusalém permanece sob controle israelense. Eles seguravam cartazes com os nomes das vilas habitadas por palestinos até 1948 e mostravam chaves velhas, símbolos das casas perdidas.

“Pelo meu futuro e pelo retorno à terra da minha família, eu não quero mais negociações inúteis, mas o caminho da resistência e do fuzil”, disse Ahmed al-Bedu, um palestino de 15 anos, com cidadania jordaniana.

Árabes da região e de países vizinhos não conseguiram impedir na Guerra de 1948 o estabelecimento dos judeus na Palestina, os quais citavam laços bíblicos com a terra e a necessidade de um Estado judaico na região, que até então estava sob controle colonial britânico.

5,3 milhões de refugiados

Muitos moradores árabes fugiram ou foram expulsos à força de suas casas e depois impedidos de retornar. Somente a Jordânia, que agora tem um tratado de paz com Israel, deu cidadania aos refugiados palestinos.

Segundo cifras oficiais palestinas divulgadas esta semana, 5,3 milhões de palestinos –quase a metade do total distribuído por vários países– são registrados pelas Nações Unidas como refugiados na Síria, Líbano, Jordânia, Cisjordânia e Gaza.

Boa parte deles vive em campos de refugiados superlotados, quase sem acesso a emprego e serviços básicos.

Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Palestina, apoiada por países ocidentais, e ele mesmo um refugiado de uma cidade no norte de Israel, causou ultraje entre os palestinos no passado ao dizer a uma TV israelense que não pretende voltar para sua região de origem.

O principal negociador palestino com Israel, Saeb Erekat, disse nesta quarta-feira que os conflitos sectários na Síria e no Iraque põem perigo os palestinos lá residentes e que a recusa de Israel em “assumir a responsabilidade pela questão dos refugiados” e chegar a um acordo sobre uma “solução justa” para eles está prejudicando as perspectivas de paz.

A Autoridade Palestina quer criar um Estado independente na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, com Jerusalém Oriental como sua capital. Todos esses territórios foram tomados por Israel na guerra de 1967.

Israel considera Jerusalém sua capital “eterna e indivisível”.

Fonte: Reuters via UOL 

5 Comentários

  1. O patrulheiro USA-Israel não passou aqui ainda não… hahahahha

    Está cheio de frases com pontos de vistas “Errados” no texto pra serem contestadas pelo amigo…

    Valeu!!

    • Não meu caro Francoorp! No geral o diplomata brasileiro se saiu bem, embora ele deveria ter citado que a partilha da palestina tenha resultado inacabada muito mais por obra dos próprios árabes. Mas ele derrapou feio ao defender “novos atores” como mediadores do conflito visto que ele certamente usou o termo para defender a presença do Brasil como tal.

      Ocorre que as posições ideológicas do partido no poder, que possui profundo ódio pelo movimento sionista ao mesmo tempo que abertamente simpatiza com o a ditadura síria e o regime fascista iraniano, inviabilizam a empreitada. E atos equivocados tais como aquele acordo nuclear fajuto terminaram por tornar o país não confiável para a empreitada…

  2. Eu honestamente já não tenho nenhuma esperança de ver um estado Palestino e Israelense convivendo. Sejamos honestos, nenhum dos dois vai aceitar qualquer condição e nenhum dos dois teriam condições adequadas de existência e defesa. Estariam sempre brigando pelos parcos recursos da região e por terras. A região já é pequena, vai reduzir ainda mais? Verdade seja dita, a solução dos dois estados é bonita no papel, mas nunca vai passar disso porque é inviável.

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