Coreia do Norte virou uma pedra no sapato de Pequim, diz analista

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As constantes ameaças de Pyongyang a Seul não têm incomodado apenas o governo sul-coreano e as potências ocidentais, que parecem não saber bem como lidar com a imprevisibilidade de Kim Jong-un. A tensão na Península Coreana também não vem agradando um dos maiores aliados do regime comunista norte-coreano: a China.

Esta é a opinião de Scott Snyder, analista do Council of Foreign Relations (CFR). Em entrevista ao Terra, o especialista em relações entre as Coreias disse que essa instabilidade causa um transtorno na geopolítica internacional e tira o foco da política internacional chinesa de sua grande estratégia: o Mar do Sul da China.

“Acredito que Pequim tenha poder suficiente para lidar com as duas situações, mas a Coreia chama atenção internacional e sobe na agenda das conversas sino-norte-americanas, competindo em prioridade”, avalia.

A atenção chinesa sobre o sudeste asiático é obra da política do presidente Xi Jinping, que, desde novembro, quando foi apontado como o candidato do partido para a presidência, lançou a campanha do “Sonho Chinês”. O lema de Xi é visto por analistas como um agressivo passo à frente em relação ao slogan criado pelo ex-presidente Hu Jintao, a “sociedade harmônica”.

Parte do Sonho Chinês é a soberania do país, buscada por Xi através da força militar (confira os números na tabela). “Ele já provou ser mais duro em suas políticas, em especial sobre territórios do sul da China”, comenta Snyder. Mas a retórica belicista de Kim Jong-un vem obrigando a China a colocar a questão norte-coreana à frente no front diplomático.

Investimento militar na Ásia

A China aumentou em 10,7% seu orçamento militar para 2013, elevando para 740,6 bilhões de yuans (R$ 244,3 bilhões). Os Estados Unidos ainda lideram a lista dos maiores orçamentos militares do mundo com US$ 677,2 bilhões (R$ 1,3 trilhão) e adicionam mais tensão às relações da China com seus vizinhos militarmente mais pobres – ato que foi altamente criticado por Pequim em seu Livro Branco sobre Defesa.

A Coreia do Sul investe US$ 26,1 bilhões (2,8% do PIB) em defesa, enquanto a Coreia do Norte gasta US$ 8,21 bilhões (22,3% do PIB). O Japão, o quinto maior orçamento militar mundial, conforme o Instituto de Pesquisa de Paz Internacional de Estocolmo, é o concorrente chinês, com gastos de US$ 59,3 bilhões anuais.

No sudeste asiático, o apoio norte-americano impulsionou o investimento em defesa de Vietnã, Taiwan, Brunei, Malásia e Filipinas – todas as nações em conflitos atuais com o dragão asiático por territórios marítimos no Mar do Sul da China.

China e Coreia do Norte: relações estremecidas
Desde que a Coreia do Norte fez seu terceiro teste nuclear em fevereiro deste ano, as relações entre Pyongyang e Pequim não vão bem. Em março, a histórica aliada China votou a favor de sanções impostas pelas Nações Unidas ao governo de Kim Jong-un, o que adicionou pressão à crise da Península Coreana e às ameaças de uma guerra com os Estados Unidos.

No calor da crise de abril, o ministro das relações Exteriores chinês, Wang Yi, declarou que “Pequim não aceitaria problemas em suas portas”, colocando os dois aliados históricos em lados diferentes na mesa de negociações. No mês anterior, Pyongyang já havia cancelado o armistício assinado em 1953 com o fim da Guerra da Coreia – o documento garantia apenas trégua entre as forças coreanas do Norte e do Sul; não era um Tratado de Paz.

“A China está mudando sua tática com a Coreia do Norte para uma relação mais condicional, dependendo diretamente das respostas norte-coreanas às preocupações chinesas”, explica Snyder. O novo governo Kim tem se mostrado menos interessado em manter a diplomacia com Pequim, ignorando pedidos de conversas bilaterais e as ameaças do seu maior parceiro econômico e fornecedor de combustível e alimentos.

Fonte: Terra

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