Vídeo: Comissão não soube enfrentar Ustra, dizem militantes

ustra

Familiares de vítimas da ditadura criticam CNV por não ter sido mais dura e deixar o coronel passar “de acusado a acusador”.

Roldão Arruda

O desempenho dos integrantes da Comissão Nacional da Verdade durante o depoimento do coronel da reserva Carlos Alberto Brilhante Ustra, na sexta-feira, está provocando críticas de ex-presos políticos, familiares de desaparecidos e organizações de direitos humanos. Na avaliação desses grupos, a comissão teria deixado o ex-comandante do DOI-Codi transformar o depoimento público numa espécie de palanque político, em defesa do período autoritário. “Estou indignado.

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 A comissão deveria ter se preparado melhor, organizado as regras, para impedir que um facínora transformasse aquilo num palanque, agredindo a presidente da República da forma como fez”, diz o ex-deputado Aldo Arantes, da direção nacional do PC do B. Preso em 1976, durante upe 1ção da ditadura que culminou com o desmantelamento da direção nacional do partido, Aldo diz que foi torturado no DOI-Codi, cuja estrutura foi montada e dirigida durante quatro anos por Ustra. “Ele foi convocado na condição de algoz e tentou se transformar em herói. A comissão deveria ter evitado.”

O presidente da Comissão Estadual da Verdade Rubens Paiva, de São Paulo, deputado Adriano Diogo (PT), também criticou a Comissão Nacional “As pessoas selecionadas não estavam preparadas. Ele chamou a presidente de terrorista e eles não reagiram, não defenderam a legalidade”.

Luiz Moreira, professor de direito constitucional da Faculdade de Direito de Contagem e assessor de grupos de direitos humanos, qualificou como “desastre” o depoimento. “O erro foi deixara oitiva de Ustra, um quadro ideológico profundamente ligado às estruturas da ditadura, pender para o lado de um tribunal de júri.” Para o professor, o papel da comissão é garantir as vítimas da ditadura e a seus familiares o esclarecimento dos episódios de que foram vítimas: Não adianta jurisdicizar o debate, porque as ações da comissão não têm consequências jurídicas. O que está em questão é o direito à verdade. O depoimento deveria ter tido um tratamento mais técnico e político”.

Dezenas de ex-presos políticos afirmam ter sido torturados no DOI-Codi do 2.º Exército, em São Paulo, quando Ustra comandava a instituição. Ele é hoje uma das figuras mais visadas por ações no Judiciário que envolvem o período ditatorial. Está enfrentando três ações penais, movidas pelo Ministério Público Federal, que buscam sua responsabilização em caso de desaparecidos políticos. Em São Paulo, já foi reconhecido na Justiça como torturador.

Positivo. O cientista político Manoel Moraes, membro da Comissão da Verdade de Pernambuco, considera positiva a presença do coronel perante a Comissão Nacional: “Os inquiridores estavam bem preparados. A melhor indicação disso foi o fato de que Ustra começou a falar e a ficar nervoso, quando tinha o direito de silenciar. Percebeu que a comissão tinha munição”.

Quanto aos argumentos de Ustra, observa: “A busca da verdade não pode anular o direito do inquirido de se manifestar. O que ouvimos foram manifestações de alguém preso a uma visão totalitária e superada. Seus argumentos eram tão frágeis que começou a gritar”.

Fonte: O Estado De São Paulo via NOTIMP

14 Comentários

  1. “A comissão deveria ter se preparado melhor, organizado as regras, para impedir que um facínora transformasse aquilo num palanque, agredindo a presidente da República da forma como fez”, diz o ex-deputado Aldo Arantes, da direção nacional do PC do B.”

    Este trecho já diz tudo sobre esta “Comissão da Verdade”. Porque não levar as pessoas amordaçadas e sob a mira de armas?

    A pérola foi: “(o) deputado Adriano Diogo (PT), também criticou a Comissão Nacional “As pessoas selecionadas não estavam preparadas. Ele chamou a presidente de terrorista e eles não reagiram, não defenderam a legalidade”.”
    Alguma novidade? Porque ele ficou pertubado pela verdade? Seria melhor chamá-la de assaltante de bancos?

    Não sou contra que se levantem a verdade, mas desde que seja por uma comissão que tenham participantes de todas as partes: militares, terroristas, imprensa, universidades.

    Afinal, existe a Lei n° 6.683, que estabelece:
    Art. 1º É concedida anistia a todos quantos, no período compreendido entre 2 de setembro de 1961 e 15 de agosto de 1979, cometeram crimes políticos ou conexo com estes, crimes eleitorais, aos que tiveram seus direitos políticos suspensos e aos servidores da Administração Direta e Indireta, de fundações vinculadas ao poder público, aos Servidores dos Poderes Legislativo e Judiciário, aos Militares e aos dirigentes e representantes sindicais, punidos com fundamento em Atos Institucionais e Complementares.
    § 1º – Consideram-se conexos, para efeito deste artigo, os crimes de qualquer natureza relacionados com crimes políticos ou praticados por motivação política.

    Afinal, Lei é Lei.

    Abraços.

  2. Sem entrar no mérito da culpabilidade do Cel. Ustra.
    A retórica desta comissão e dos interssados é de dar diarréia de tão infame. Em qual tribunal do mundo (democrático) o julgado é pré escrito como criminoso? pois é isto que estes entrevistados querem, conenar antes de julgar, se já é précriminoso,pra que o tribunal ou a dita “busca da verdade”?
    Curioso, é que o incendiário da dentista é previamente vítima de uma sociedade e defendido pelas mesmas pessoas que já julgaram o Cel antes mesmo dele ir depor.
    Se há um julgamento ou se querem a verdade, a vítima e o criminoso devem contar as suas versões, cabe ao juri e não a platéia ou o partido ou no caso os militantes partidários julgar ou dar destino as interpretações, não cabe as vítimas ou o criminoso decidir quem é culpado ou não.
    Porque se for assim, eu quero que mande fuzilar todos os políticos que foram presos com dolar na cueca, porque sou vítima também, já que meus impostos estão sendo roubados, então? o que acham?
    sds
    E.M.Pinto

  3. Uma pena que a “Lei” não coloque esses canalhas atrás das grades. Não só os agentes do governo mas também os guerrilheiros, ambos cometeram crimes contra a humanidade e ambos deviam pagar pelos seus crimes. Mas vivemos no Brasil país da impunidade, onde canalhas como Genuíno e Ustra podem anda livremente mesmo todos nós sabendo dos crimes que cometeram.

    Lamentável!

    • Olá Carl,

      Concordo totalmente contigo. Torturadores, terroristas, enfim, qualquer que tenha feito crime deve responder por isto no mais alto rigor da lei. Infelizmente o que vemos é a tentativa de reescrever a história. De Ustra a Dilma, todos foram anistiados, conforme a lei, como deve ser em uma democracia.

      O que me deixa preocupado é o descaso que a imprensa vem tratando isto,e os patrulheiros ideológicos de plantão que parecem seguir a uma cartilha nazista. Daqui a pouco vamos ter pessoas defendendo aqui, o incêndio do Reichstag (https://pt.wikipedia.org/wiki/Pal%C3%A1cio_do_Reichstag)

      Abraços.

  4. Levando em conta que a América Latina inteira colocou seus ex ditadores na cadeia e todos sabemos que no Brasil isso não ocorrerá, não pela pouca maldade dos comandantes da época, mas devido a covardia dos que hoje ocupam o poder (neste aspecto) entendo que o Ustra já entrou como herói conservador desde o início, pois essa comissão é pouco levada a sério por muitas pessoas da esquerda. Só gostaria de lembrar aos que dizem que os “terroristas” deveriam ser investigados, que estes tais foram perseguidos, presos, processados, torturados, julgados, condenados e mortos com o apoio do então capitão Ustra, que já entregava tudo fatiadinho para as autoridades de então…

  5. Vai ter reclamação ,de todo o lado agora dos esquerda dos direita ,mas eu acho que ,a comissão esta correta fazendo o seu trabalho.
    O torturador ostra foi chamado, esta depondo ,só isso já demonstra o estado de direito se ele ofender outras pessoas que tem uma função superior a esse tal agitador ,insubordinado ostra ,isso pode ser passível de punição .
    Mas imagina uma pessoa que teve carta branca para fazer o que queria e hoje esta tendo que comparecer e mostrar a sua cara para toda a população brasileira como torturador como assassino ,não deve estar sendo fácil ,e ele com certeza esta passando por um constrangimento que nunca imaginou que passaria .
    Eu mesmo nunca vi a fuça do ostra nunca tinha visto a cara de um torturador brasileiro pela televisão e esse esta em todos os sites

  6. “O pior disso tudo é que como o coronel reformado existem um sem número de pessoas, que não viveram aquele período, inclusive, defendendo o golpe de 1964. É comum ouvir que “no tempo dos militares é que era bom”. Uma lástima.

    Ustra também afirmou que se lutava contra “terroristas que queriam o comunismo no Brasil. Queriam transformar o país em uma nova Cuba”. A ignorância nem sempre é uma benção. O Brasil nunca poderia ser tornar uma “nova Cuba”. Os países são diferentes em tamanho, cultura, história e potencial econômico. Mas há coisa lá que seria bom que tivesse por aqui como o analfabetismo zero,ou nenhuma criança dormindo na rua. Mas o debate não é Cuba, é o Brasil.

    O país sempre se construiu para beneficiar as elites. De aristocratas às financeiras. Quando começou a se discutir reformas como a agrária e a questionar o papel estadunidense no Brasil, veio o golpe. Sobre as duas balelas encruadas nas cabeças de muita gente: defesa da democracia e combate ao comunismo.

    A CNV tem que ir a fundo nas suas investigações. Toda a podridão que está embaixo do tapete tem que vir à tona. Inclusive a participação da “grande imprensa” no golpe de 1964. Dos setores privados também. Não se trata de revanchismo e sim de revelação dos fatos. Revanchismo seria se estivesse sendo defendido que figuras como Ustra fossem postos em um pau de arara e sofresse o mesmo sofrimento que causou a – ainda – não se sabe quantos.”

  7. O atentado do gazômetro: o plano delirante de João Paulo Burnier

    O mais conhecido entre os planos dos militares imputar crimes às organizações de esquerda para garantir a sobrevivência do regime militar é o atentado do gasômetro, no Rio de Janeiro.

    O gasómetro armazenava e distribuía todo o gás manufaturado na cidade.

    Em 1968, o brigadeiro da Força Aérea Brasileira, João Paulo Burnier formulou o seguinte plano: explodir o gasômetro do Rio matando centenas de milhares de pessoas e em seguida divulgar um comunicado oficial colocando a culpa nas organizações de esquerda para tentar aumentar o apoio ao governo e ao tenebroso regime militar.

    O plano consistia em empregar o esquadrão de resgate Para-Sar da Força Aérea na detonação de explosivos em diversas vias públicas da cidade, com potencial de provocar milhares de mortes. Burnier planejava matar 200 mil pessoas.

    O objetivo era aterrorizar a população e revitalizar o regime militar em crise. Após a explosão das bombas, soldados do Exército surgiriam para socorrer a população para demonstrar que estes eram heróis e defensores do povo.

    O plano foi levado adiante e confiou-se a missão ao capitão-aviador Sérgio Miranda de Carvalho, que se negou a cumprir as ordens e ameaçou denunciar Burnier caso levasse adiante tamanha ideia delirante. Sérgio, no entanto, foi declarado louco e afastado da Aeronáutica no ano seguinte.

    Em 1978, o brigadeiro Eduardo Gomes confirmou a existência do projeto de explosão do gasômetro e destruição de redes elétricas com objetivo de causar pânico na população.

    Eduardo Gomes chegou a enviar uma carta a Ernesto Geisel no qual declarava sobre Burnier: “um insano mental inspirado por instintos perversos e sanguinários, sob o pretexto de proteger o Brasil do perigo comunista”. Apesar desta drástica caracterização, o militar nunca foi punido.

    Burnier tinha também o plano de matar todos os intelectuais importantes do Brasil naquela época, conforme relatou o professor da UnB, João Augusto de Lima Rocha, acerca do desaparecimento de Anísio Teixeira, em operação coordenada pelo lunático brigadeiro.

    Burnier também foi acusado de ser o responsável pela morte de Stuart Angel Jones sob tortura e do deputado Rubens Paiva. Sob o seu commando, a Operação Para-Sar sequestrou e matou vários opositores do regime.

  8. Isso tá virando tango argentino!A comissão deveria levar a classe dirigente economica, a chamada elite nacional, que usando os militares,deram um golpe de Estado!Agora querem reclamar tardiamente do efeito colateral!Se apropriar do Estado não é possivel sem o apoio da casta dominante, que detem o poder economico, viram o tal do mensalão, não é senão uma forma de arregimentar recursos para viabilizar os interesses do partido!Eles, como sempre, tão pegando os peixinhos e deixando de fora os peixões, os arquitetos, aqueles que planejaram e implementaram o golpe de Estado, com vista a combater o comunismo no Brasil!Inclusive eles nem se referem aqueles politicos, civis, que se beneficiaram da ditadura ao longo de sua existencia, por exemplo: maluf, sarney, entre outros que ai estão!Muitos que arrotam democracia hoje, foram servos da ditadura, porque viram vantangens no regime!Nessa historia, fica muito dificil separar o trigo do joio!Fato é que a sociedade brasileira consentiu no golpe de Estado, inclusive se beneficou dela, proalcool, embraer, projeto nuclear, embrapa, etc., tudo cria do regime ditatorial, essa é a verdade!

  9. “Uma das regras explícitas na atual Convenção de Genebra diz respeito ao tratamento de prisioneiros. O argumento principal de quem defende a repressão e seus excessos durante a ditadura militar no Brasil é que se tratava de uma guerra aberta entre o regime e seus contestadores armados, que sabiam no que estavam se metendo. Só aos poucos estamos conhecendo as atrocidades cometidas na luta contra a guerrilha no Araguaia, da qual a maioria não sobreviveu nem seus corpos foram encontrados. Mas quanto ao que aconteceu nas salas de tortura da repressão não existem dúvidas ou apenas suposições, está vivo na memória dos torturados e suas famílias. Foi quando os cães sem controle da guerra estraçalharam o que poderia haver de simples humanidade no tratamento de prisioneiros, ou o simples respeito a regras convencionadas, por um estado civilizado.

    Se a discussão entre os que sustentam que salvaram o Brasil com seus excessos e os que querem que o Brasil conheça a verdade enterrada sem lápide daqueles tempos parece um diálogo de surdos, o grande mudo desta história toda é a instituição militar, que nunca fez uma autocrítica consequente, nunca desarquivou voluntariamente seus arquivos ou colaborou nas investigações sobre o passado, o dela e o nosso, para evitar a cobrança atual. E o que foi feito não era inevitável. Na Itália, por exemplo, na mesma época, o governo enfrentou uma violenta contestação armada sem sacrificar um direito civil, ameaçar uma instituição democrática ou recorrer ao seu próprio terror. Sem, enfim, soltar os cachorros.”

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