Gastos com o setor de defesa serão considerados investimentos

defesaDo Rio

Quase dez anos de debates no Conselho de Estatística da Organização das Nações Unidas (ONU) antecederam a colocação no Sistema de Contas Nacionais (SNA, na sigla em inglês) do organismo multilateral da recomendação de que os gastos com “equipamentos bélicos” saíssem da rubrica de despesas do governo e passassem a se considerados parte da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), ou seja, dos investimentos.

A recomendação, que consta do chamado Manual Internacional SNA 2008, será adotada pelo Brasil na revisão metodológica das Contas Nacionais que está sendo feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), órgão responsável pelo cálculo do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, prevista para ser divulgada no fim de 2014.

Embora a revisão só deva ser divulgada no fim do próximo ano, a passagem da compra de armamentos da coluna das despesas para a de investimentos do governo já está valendo. Isso porque quando ficar pronta, a nova metodologia será usada para calcular o PIB definitivo, retroativamente, desde 2010. Até lá, o PIB brasileiro de 2010 em diante será provisório, baseado nas Contas Nacionais Trimestrais que agregam menos dados do que as contas anuais.

Segundo o coordenador de Contas Nacionais do IBGE, Roberto Olinto, o Manual 2008 da ONU procura melhorar a classificação dos ativos que compõem o Sistema de Contas Nacionais. Nessa nova classificação, além das compras de “equipamentos bélicos” pelos governos, passam também a fazer parte da FBCF as despesas com softwares, com bancos de dados e também com pesquisa e desenvolvimento (P&D). Antes, essas três despesas eram classificadas como “consumo intermediário”.

De acordo com Olinto, depois de longa polêmica dentro do grupo de trabalho que estudou o tema, o debate sobre a classificação dos gastos com equipamentos bélicos foi levada a votação no plenário do Conselho de Estatística da ONU que se reúne anualmente em fevereiro ou março. De acordo com o líder da equipe técnica do PIB brasileiro, o longo debate foi em torno de questões teóricas e não por insistência de um ou mais patrocinadores poderosos.

Mas é um fato que para países como Estados Unidos, Rússia, China e outros, que gastam anualmente pesadas somas em defesa, transferir esses gastos da coluna das despesas pra a dos investimentos representa um ganho de qualidade nas Contas Nacionais, ainda que para a China, que já investe mais de 45% do PIB ao ano (47% no ano passado), a mudança não deva ser significativa.

No Brasil, os investimentos em relação ao PIB ficaram em 18,1% no ano passado, com queda de 1,2 ponto percentual em relação aos 19,3% de 2011. Se o governo levar adiante o apoio ao setor de defesa, ele poderá ser uma ajuda expressiva no rumo de uma taxa de investimento acima de 20%. (CS e FG).

Fonte: Valor via CCOMSEX

3 Comentários

  1. Sem dúvida, pois traz retornos à sociedade, como empegos, impostos, contribuições ao INSS, etc…

    Já passou foi da hora de ver militarismo RESPONSAVEL como investimento…

    Mas é bom lembrar… se for atrelar um percentual do PIB ao orçamento das forças armadas VAI TER QUE ATRELAR TAMBÉM UM NUMERO MINIMO DE % DA POPULAÇÃO COMO MINIMO DE SOLDADOS E OFICIAIS NAS FORÇAS… por que se não tiver esse atrelamento de pessoal e sim SOMENTE o atrelamento do % do PIB pras forças armadas, corremos o risco de ver salários de marajá nas forças onde tem o fixo minimo do % do PIB mas não tem contratações de novos soldados… alias se contrataria sempre menos soldados pra ficar sempre aumentando o salario!!

    Olho nisso, pois no fim somos todos humanos, falhos e pecadores!!

    Valeu!!

  2. verdade tem soldado que vira nas guardas 2por 2 ,é quando é começo de ano depois passa para 1por 1 e antes do efetivo variado ir embor fica zero por zero , só quem puxa uma guarda de 24hs e depois vai para outra ficar mais 24hs sabe como é ruim ,mas eu sinceramente nunca havia percebido que os estrelados fazem isso, então eles nao pedem aumento do efetivo para eles poderem pedir aumento de salario para eles mesmos, dentro do que é pago para a força como um todo ,nossa quanta maldade .falta de carater.
    AUMENTARAM MAIS AINDA, O ABISMO ENTRE PRAÇAS E OS SUPER ESTRELAS ,

    • Eu estava falando se for atrelar um % fixo do PIB pras FA….

      Hoje não é assim, não existe um percentual fixo do PIB para as forças armadas!

      Valeu!!

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