Sem a devida complacência com as mazelas dos brasileiros

elizabeth-bishopElizabeth Bishop e o Brasil: “Sem a devida complacência com as mazelas dos brasileiros”

Elizabeth Bishop  (Worcester, 8 de fevereiro de 19116 de outubro de 1979) foi uma autora americana, considerada uma das mais importantes poetisas do século XX a escrever na língua inglesa.

Sua percepção das contradições brasileiras é, no entanto, sutil e perspicaz em poemas sobre a paisagem de Santarém (Pará), por exemplo, na evocação das chuvas tropicais, na sátira social explícita (poema Pink Dog, por exemplo) no retrato dos pobres urbanos.

“A autocomplacência seria a principal característica brasileira”, de acordo com Elizabeth Bishop, que viveu anos entre nós, gostava da poesia e da paisagem, mas não era admiradora do caráter nacional. A palavra “autocomplacência” pode ser traduzida como “indulgência com os próprios defeitos” ou “tendência de tomar os vícios como qualidades” Rubens Ricúpero 

Em tempo: Senador chama colegas de ladrões e provoca revolta  – Jornal O Globo, País, Página 6, 4ª feira, 31 10 2012

Para acessar o Poema Pink Dog (Cadela Rosada) de Elizabeth Bishop, com tradução e análise em português, é só clicar em:

Uma cadela no Carnaval  

A Sindrome da Cadela Rosada 

Pink Dog

Elizabeth Bishop

The sun is blazing and the sky is blue.
Umbrellas clothe the beach in every hue.
Naked, you trot across the avenue.

Oh, never have I seen a dog so bare!
Naked and pink, without a single hair…
Startled, the passersby draw back and stare.

Of course they’re mortally afraid of rabies.
You are not mad; you have a case of scabies
but look intelligent. Where are your babies?

(A nursing mother, by those hanging teats.)
In what slum have you hidden them, poor bitch,
while you go begging, living by your wits?

Didn’t you know? It’s been in all the papers,
to solve this problem, how they deal with beggars?
They take and throw them in the tidal rivers.

Yes, idiots, paralytics, parasites
go bobbing int the ebbing sewage, nights
out in the suburbs, where there are no lights.

If they do this to anyone who begs,
drugged, drunk, or sober, with or without legs,
what would they do to sick, four-legged dogs?

In the cafés and on the sidewalk corners
the joke is going round that all the beggars
who can afford them now wear life preservers.

In your condition you would not be able
even to float, much less to dog-paddle.
Now look, the practical, the sensible

solution is to wear a fantasía.
Tonight you simply can’t afford to be a-
n eyesore… But no one will ever see a

dog in máscara this time of year.
Ash Wednesday’ll come but Carnival is here.
What sambas can you dance? What will you wear?

They say that Carnival’s degenerating
— radios, Americans, or something,
have ruined it completely. They’re just talking.

Carnival is always wonderful!
A depilated dog would not look well.
Dress up! Dress up and dance at Carnival!

7 Comentários

  1. Está saindo um filme sobre esta mulher, da qual nunca ouvi falar…

    Trecho de crítica do filme publicado no site do Nassif:

    “Com estreia prevista para a segunda quinzena de maio, ‘Flores raras’, de Bruno Barreto, é um filme surpreendente, que conta uma história forte de maneira delicada. Embora bem conhecida e documentada, a passagem da poeta americana Elizabeth Bishop pelo Brasil, nos anos 50 e 60, e seu conturbado relacionamento amoroso com a arquiteta Lota de Macedo Soares (responsável pelo construção Parque do Flamengo, no Rio de Janeiro, entre outras obras), não era simples de adaptar para o cinema. Mas, com roteiro competente, uma direção de arte primorosa e, principalmente, as interpretações iluminadas de Miranda Otto e Glória Pires, o resultado é exemplar. Como a arquitetura e a poesia, o cinema depende da alquimia, e ‘Flores raras’ encontra a fórmula certa.”

    “… filme e livro expõem processos de transformação pessoal que caminham em mãos invertidas: para a frágil poeta americana, alcoólatra, depressiva e acostumada a uma existência mental e emocional fronteiriça, o envolvimento amoroso funciona como uma terapia, da qual ela sai para uma estável carreira como professora em Harvard; para a forte, decidida e bem-sucedida arquiteta brasileira, a paixão é um abismo do qual não sai viva. Uma deixa o relacionamento mais inteira do que entrou; a outra sai despedaçada. Pouco importa que as duas sejam do mesmo sexo.”

    http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/o-filme-flores-raras-de-bruno-barreto

  2. “….alcoólatra, depressiva e acostumada a uma existência mental e emocional fronteiriça…”

    “Bishop, que a vida toda teria dificuldades para sustentar sua carreira, dependia bastante de doações, empréstimos, prêmios e outros incentivos universitários…”

    “Não admitia sua pena si mesma, mas seus poemas mal escondem todas as dificuldades como mulher, como lésbica, como órfã, como viajante sem raízes, ou asmática frequentemente hospitalizada, mulher que sofria de depressão e por vezes alcoolismo.”
    ——————————————-

    Me pergunto quem era esta a mulher para julgar o caráter dos outros , quanto mais de uma nação inteira!

    E auto complacência? Parece que ela olhou seu próprio reflexo no espelho e enxergou como se fosse o o Brasil…

    Más a verdade é que: São alguns brasileiros auto complacentes que adoram falar mal de sí mesmos! E para isto se utilizam até mesmo de uma palavra qualquer dita por uma poeta conturbada… a 60 anos atrás!

  3. Nada contra essa poetisa, pelo contrario, muito admiro mulheres com veia poética, quem sabe um dos artigos mais raros de se encontrar no meio feminino.
    E poesia é isso mesmo… críticas doces, irônicas, debochadas, inteligentes, apaixonadas, piegas e ácidas sobre nosso cotidiano. Não são crônicas.

    Agora quanto ao tal filme… que o Alvez80 mencionou…
    Sou totalmente contra a tal ajuda de financiamento oficial (com meu dinheiro) da sétima arte brasileira. Para mim é o principal motivo de 99,99% deles serem lixo.
    Se o projeto de filme não tiver chances de angariar patrocínios privados (empresários que acreditem nele) que fique só na fase de projeto mesmo. Que nem vá para a tela.
    De lixo já estou cheio de ver de graça em nossas ruas e calçadas, só o que falta é eu ainda ficar pagando para ver.
    Incrível que em “n” filmes violentos americanos, com policiais e marcinais, não seja dito um único palavrão ( Meus ouvidos não são pinico, agradeço!). Reparem nos filmes de Steven Seagal ou Van Dame, por exemplo. e os comparem com os filmes violentos brasileiros (em que os textos são verdadeiras enchurradas de bossalidades verbais).

    Então além de fotografias, figurinos, efeitos e trilhas sonoras péssimas, ainda ter que ficar ouvindo palavrões sem parar, na maioria absoluta de nossos filmes, para mim não dá mesmo.

    Assim, não perco mais tempo com filme brasileiro, sempre de péssima qualidade. Esse novo filme, com a história dessa poetisa, terá um espectador a menos. Não contra a história que conta, mas contra a forma como foi financiado e certamente terrivelmente estruturado e acabado.

    Cinema nacional – um dos propinodutos brasileiros.
    Central do Brasil (trilha sonora horrível e fúnebre da primeira a última cena etc etc) X A Vida é Bela, quem venceu? Contrariando certos ufanistas bocós.

  4. Autocomplacência, nesse caso, poderia ser no sentido de “perdoar os próprios erros” de “não se cobrar”. Isso levaria o indivíduo a ser displicente, ou mesmo transigente com ele próprio…

    Essa é uma característica inerente a todo o ser humano. Basta que a pessoa esteja em um ambiente em que a disciplina não possa prevalecer… E isso independe de América, Europa, Asia…

  5. Mas convenhamos, nos somos o país dos paradoxos!Conseguimos produzir a Embraer e muitos outros modelos de sucesso, como também o ciclo completo da tecnologia nuclear; mas, entretanto, hoje não conseguimos punir jovens ou adolescente que praticam crimes horrendos!Somos a sexta economia do mundo mas nao conseguimos ainda eliminar os abismos sociais do analfabetimos, da violencia, da violencia no transito, da ausencia do respeito a vida, inclusive pelo próprio Estado que fica arrotando uma tal de constituiçao cidadã, (vejam as nossas prisões, são masmorras medievais), etc…!Talvez seja isso que o contexto apontado queira nos chamar a atenção!

  6. é aquele negocio o quevem de fora para nossa elite mixuruca sempre foi melhor do que os daqui de dentro ,por esse fato de viralatismo uma poeta lesbi tem força para falar o que quiser e ainda se ter por verdade ,
    agora fazer um filme com dinheiro publico dos brasileiros ,é apenas a prova de que temos uma geraçao viralata que passou das casa dos 45 ,50 anos ,pois eu mesmo nunca ouvi nem nada dessa poeta
    Mas é aquele negocio plano brasil tambem é cultura mesmo sendo uma cultura que pode passar batido que nao modifica as ordens dos fatores

  7. Elizabeth Who? poetisas das mais importantes do seculo XX. Perdoa a minha ignorancia, mas nunca ouvi falar dessa tao importante poetisa. Minha biblioteca particular e pequena, mais ou menos quinze mil volumes, maoria in ingles, mas nao temho nada dessa tao importante figura. Such is life.

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