Saiba como é a vida de um espião britânico hoje

Peter TaylorBBC News Magazine
A maioria das pessoas está familiarizada com o universo dos espiões representado na literatura e no cinema por personagens carismáticos como James Bond ou Jason Bourne. Mas o quanto esses retratos se assemelham à realidade?A BBC teve acesso a funcionários dos serviços secretos britânicos M15 (o serviço doméstico de segurança) e M16 (o serviço internacional de segurança) para tentar responder a essa pergunta.
Os funcionários, cujos nomes foram alterados, não foram autorizados a discutir operações específicas ou questões políticas.Após uma série de entrevistas, o que se conclui é que, embora as operações descritas nos livros e telas sejam fortemente inspiradas na realidade, os responsáveis por essas secretas – e potencialmente perigosas – atividades têm pouco a ver com os espiões fictícios.Território inimigo
Na opinião de Michael, que trabalha para o M16, recrutar e dirigir o trabalho de agentes em território estrangeiro é uma das mais perigosas e difícieis atividades de um espião moderno. E é exatamente isso o que ele faz, trabalhando em regiões sob o controle da organização Al-Qaeda.”Nossa habilidade de penetrar nessas redes terroristas é crítica para que possamos ser alertados, de antemão, sobre as ameaças que enfrentamos”, ele disse.E como funciona?”Primeiro, procuramos nosso alvo. Nosso objetivo é chegar tão perto do topo quanto possível. Tentamos mapear, dentro das nossas possibilidades, aquela rede terrorista, entender quem são as figuras chave, as conexões entre elas, para tentar conseguir uma visão real de quem são os indivíduos nessa rede em particular”.”Podemos chegar a eles? São acessíveis? Será que teriam acesso a informações úteis para o governo? Será que poderiam ser motivados a trabalhar com o SIS (sigla para Secret Intelligence Service, ou Serviço Secreto de Inteligência), como informantes?”O próximo passo é o recrutamento em si.”Cabe aos nossos oficiais pensar: ‘Sob que disfarce eu poderia abordar esse indivíduo? Qual seria a melhor forma de desenvolver um relacionamento com ele (ou ela)?’ Cada abordagem será criada sob medida para aquele agente, ou agente em potencial, para persuadi-lo (la), em tempo, a trabalhar para o SIS”.Entre as razões do novo agente para aceitar o convite podem estar a desilusão com a ideologia violenta da Al-Qaeda, vontade de ir viver na Grã-Bretanha ou dinheiro.Michael admite que o primeiro contato com um agente em potencial deixa qualquer espião com o coração na boca.”Quando você está em algum ponto remoto e empoeirado, em áreas onde não existe governo, prestes a encontrar pela primeira vez um contato de uma organização terrorista, fica com os nervos em frangalhos. Tudo o que fazemos envolve risco. Não acho que iríamos muito longe se tivéssemos aversão a riscos, (embora) façamos o possível para minimizá-los”.Outro mito que não tem fundo na realidade é o de que espiões modernos são educados nas universidades britânicas de elite, Oxford e Cambridge.
Vigilância
Shami achava que não tinha a menor chance de ser recrutado. Ele não tem nível universitário.”Meu entendimento era de que você tinha de ser da classe alta, academicamente brilhante, branco e do sexo masculino. Eu achava que não tinha nada a oferecer.”.No entanto, Shami se candidatou pela internet a um emprego no M15 e, para sua surpresa, após uma avaliação rigorosa, recebeu uma oferta de emprego. Depois da última entrevista, a equipe de recrutamento apertou sua mão e lhe disse: “Parabéns!”Embora Shami não soubesse, ele era exatamente o tipo de pessoa que o M15 estava procurando para operações de vigilância que, invariavelmente, são o ponto de partida para investigações de supostos grupos terroristas.Shami é esperto, inteligente e capaz de se encaixar em qualquer grupo ou comunidade.Vigilância, tanto humana quanto técnica, foi a base das operações secretas que resultaram na prisão de integrantes de núcleos islâmicos que planejavam fabricar bombas de fertilizantes (para atacar Londres e o sudeste da Inglaterra) e explosivos líquidos (para derrubar aviões que cruzavam o Atlântico).A anonimidade é a chave para o sucesso da operação de Shami.”Você está constantemente analisando seu próprio comportamento e o comportamento dos outros. As roupas que você veste, o jeito como anda e fala, tudo isso são fatores a respeito dos quais você precisa refletir constantemente”.”Você tem de se misturar à paisagem, tem de ser como uma cor neutra. Um João Ninguém, uma pessoa por quem alguém passa mas depois de um segundo já se esqueceu”.Shami admite que sente prazer no desafio e conta que seu maior medo é “deixar passar uma informação vital que pode resultar em perda de vidas”. Sua grande satisfação é “a prisão dos indivíduos que estão do lado oposto”.
Imagem
Enquanto agentes como Shami atuam lá fora, Emma trabalha no quartel general do M15.Assim como Shami, ela tinha uma imagem do M15 que não tem nada a ver com a realidade.”Eu achava que (os agentes) seriam na maioria homens, e que as mulheres seriam secretárias ou a Miss Moneypenny do James Bond”.Emma trabalha em uma equipe que investiga assuntos relacionados à Al-Qaeda e seu trabalho é analisar informações que vêm de uma grande variedade de fontes técnicas e humanas, assim como de agências parceiras.”É como juntar as peças de um quebra-cabeças”, ela disse.Assim como Shami, Emma foi motivada a trabalhar para o M15 pelos atentados de 7 de julho de 2005 em Londres.”Para mim, 7 de julho foi um grito de alerta para quão grave é o problema do extremismo islâmico”, disse.A mãe de Emma ficou preocupada quando a filha lhe contou que ia trabalhar para o M15.”(Minha mãe) ficou horrorizada. Ela tinha assistido Spooks (sériado da BBC conhecido no Brasil como Dupla Identidade) e sua reação inicial foi, ‘Meu Deus, você vai acabar com sua cabeça numa frigideira'”.O comentário se refere a um episódio em que uma jovem agente do M15 é torturada e tem sua cabeça mergulhada em uma panela com gordura fervente.Emma sabe que, para que as peças do quebra-cabeças se encaixem, são necessárias informações vitais que vêm de fontes humanas ou de agentes recrutados em organizações suspeitas de atividades terroristas. Elemento comum à trama de várias produções hollywoodianas.”(As informações trazidas pelos agentes) são, com frequência, o que nos permite perguntar as questões mais inteligentes e afiadas”.
Perguntas
Mas recrutar e dirigir o trabalho dos agentes pode gerar perguntas letais – por exemplo, se a fonte for um agente duplo.Um outro seriado de TV, a produção americana Homeland, se baseia justamente nessa questão.No mundo real, esse tipo de situação é muito possível, e muitas precauções são tomadas para checar se um agente é genuíno.Mas as semelhanças teminam aí. Michael vê os filmes de James Bond, por exemplo, como pura fantasia.”Um elemento chave no mito de James Bond é que somos um tipo de organização paramilitar – não é o caso”.E a famosa “licença para matar”?”Não temos!”Anna, colega de Michael no M16 em Londres, confirma.”Se o James Bond trabalhasse no M16 hoje, passaria grande parte do tempo sentando em uma escrivaninha lidando com a papelada e assegurando que tudo estava esclarecido e autorizado”.”Ele com certeza não seria o lobo solitário dos filmes”.

14 Comentários

  1. James Bond faz a alegria dos cinéfilos, mas poucos sabem que uma pessoa como o personagem jamais seria eficiente como espião, pois o personagem atrai por demais a atenção quando o necessário é ser discreto… Discretíssimo, eu diria…

    Além do mais, 007 é britânico… É difícil imaginar um serviço de informações que tenha sido tão furado como o britânico. O que a antiga KGB colocou de toupeiras nos MI-15 e 16 não está no gibi! Não só nos britânicos, como nos americanos também (CIA e FBI)…

    Na década de 80, quando os serviços ocidentais conseguiram uma toupeira na KGB, fizeram uma festa, o que evidencia a dificuldade que tinham em penetrar nos serviços de inteligência soviéticos. Mas… o traidor foi pego em apenas dois anos (ganhou um tiro na nuca, muito bem merecido).

    Uma das histórias de espionagens das mais interessantes foi o bordel que a KGB montou na Alemanha, repleto de escutas e vídeos, para obter informações dos soldados e oficiais americanos lotados por lá…
    Quem não se entrega nos braços de uma bela jovem?
    Hehehe.

  2. Ilya Ehrenburg ENGRAÇADO, UM TIRO NA NUCA MUITO BEM DADO, POBRE SERES HUMANOS UM MAIS DOENTE QUE O OUTRO!!!

  3. Meu caro Marco Quiodine,

    O destino de um traidor, quando descoberto, nunca é feliz. O costume russo de execução com um tiro na nuca pode ser considerado misericordioso, frente a outros tipos de execução.
    O casal Rosenberg, Julius e Ethel, lembro, foram fritados numa cadeira elétrica, lembra?
    Um tiro na nuca, não é melhor?

  4. MI-15 e 16? o que é isso Ilya Ehrenburg? fuzil?
    ahhh, já sei, alguém do KGB te informou, só pode ser. Realmente é difícil competir com o KGB, a famosa polícia secreta soviética, principalmente em se tratando de assainatos e ….ops tortura. Foi mal, esqueci que a esquerda não comete tais crimes.
    Lembrai-vos de Katyn.

  5. Caro Carlos Alberto,
    Eu sempre chamei os diretórios de inteligência britânicos, pelas suas siglas tradicionais “MI”, não apenas “M”, como fazem os jovens.
    Veja este link da Wikipédia:
    http://en.wikipedia.org/wiki/Directorate_of_Military_Intelligence

    Não… Nunca fui informado por um serviço de inteligência, mas coleciono notícias sobre as ações dessas agências. O que eu disse está ao alcance de uma pesquisa no Google. Se você deixar de ser uma criança zangada com a história, fará a pesquisa simples no site de busca.

    Queres falar de Katyn? Que tal, então, falarmos de May Lai?
    Eu sou anti-colonialista… E você? Alinha-se entre os “Capachos de Lobos”?
    Por fim…
    Tens raivinha da minha pessoa?
    Dane-se.

  6. O ucraniano desdentado ainda habita os montes urais… como o monstro de Bram Stoker, de vez em quando mostra a sua horrenda face… tipico de seres travestidos de misericordia, mas de figura sinistra… no final sempre aplicam uma morte misericordiosa e limpa aos seus desafetos… quiça indolor… assim são com fetos, crianças, jovens, adultos e, atualmente, com velhos… resumindo, detestam o ser humano livre… a idade é indiferente para que surjam como inimigos de seu adorado estado totalitario… um feto que não seja admitido dentro da ordem em vigor será sumariamente “descartado”, assim como outros individuos menos “nobres”… é o estado leviatã glamuralizado pelos ideologos apaixonados pelo monstro vermelho… e essa cor não é por acaso… por isso adoram um derramamento de sangue… lhes satisfaz o ego a cognição entre a cor do poder e a finalidade de suas ideias… sugar a humanidade que habita nos seres humanos… são os verdadeiros vampiros de alma… contaminam todos os que tiverem contato com eles e os que resistirem terão fim tragico… querem que todos se danem…

  7. Ilya, o Carlos Alberto não deve ter raiva da sua pessoa, jamais… ele deve ter é HORROR, frente ao monstro que habita nessa carcaça velha e rabugenta… que Deus tenha piedade da vossa inexequivel e intangente alma… saudações…

  8. Ilya Ehrenburg, seu nome é difícil hein? Deve ser diretamente proporcional à sua capacidade de compreensão.
    Quando eu falei sobre o MI-16 ou MI-15, não me referi às letras e sim ao número, se você consultar o site que citou como referência, verá que se trata do MI-6 e MI-5, capisci?
    Acho que o Blue Eyes expressou bem meu pensamento, não preciso me aprofundar mais.
    Você se diz anti-colonialista, mas gosta da KGB, quanta contradição hein? Já sei, a definição de colonialismo no wikipedia não abange os soviéticos, ou foi na aula de doutrinação marxista que disseram que colonialismo é exclusividade americana?
    Quanto a mim, eu sou anti-comunista, ou melhor, falando politicamente correto, eu sou anti-esquerdista. Que todos saibam, antes de virem falar bravatas aqui.
    Se formos listar assassinatos em massa aqui, a título de comparação, vamos precisar iniciar um novo blog, tamanha a quantidade de chacinas cometidas por comun…, digo, esquerdistas.

  9. Caro Carlos Alberto,

    Sou cidadão brasileiro e contrário as ações das potências colonialistas.
    Você é anti-comunista, e como todo “anti”, um ser menor, temeroso da própria mediocridade…
    Antes se revoltar, lhe informo, que o conceito provém de Nietzsche (Friedrich Wilhelm Nietzsche).

    Bravatas, ora pois, bravatas… Você as propala. Você e o rei do rancor: Blue Eyes, na resistência sabe-se lá do quê.

    É de rir, a vossa proposta analogia entre um órgão de inteligência (KGB), e ações colonialistas, isso devido ao fato sabido e notório, de a antiga URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas) não ter sido, em momento algum da sua história, uma potência colonial. Dizer o contrário seria uma desonestidade intelectual.

    Por fim: tens raivinha de mim? Dane-se.

  10. Estamos na Resistência de ideias como a sua, caro maneta ideologico… e estamos ganhando espaços… a verdade sempre vence o egoismo psicotico de velhas raposas… sem chance… ao contrario de vc, torcemos para sua completa recuperação… não lhe impingimos maldição alguma, antes boas novas… vaia con Dios…

  11. Estamos na Resistência de ideias como a sua, caro maneta ideologico… e estamos ganhando espaços… a verdade sempre vence o egoismo psicotico de velhas raposas… sem chance… ao contrario de vc, torcemos para sua completa recuperação… não lhe impingimos maldição alguma, antes boas novas… vaia con Dios…

    Procure um psiquiatra.
    Você precisa de ajuda profissional.

  12. Sr. Ilya Ehrenburg ou devo dizer, Sr anti-colonialista(foi sua própria definição)?
    Não espero de você coerência lógica nem moral, afinal, a história já definiu as características da mentalidade esquerdista, mas sugiro que leia seus próprios comentários antes de enviá-los. Me pouparia de fazê-lo passar vergonha.
    Você disse:”Você é anti-comunista, e como todo “anti”, um ser menor, temeroso da própria mediocridade…
    Antes se revoltar, lhe informo, que o conceito provém de Nietzsche (Friedrich Wilhelm Nietzsche)”
    Isso, meu camarada, é uma petição de princípio oculto, me poupe né.
    você disse:”Você e o rei do rancor: Blue Eyes, na resistência sabe-se lá do quê.”
    Isso é argumentum ad hominem, para de show, só aqueles que não possuem argumentos utilizam esta técnica.

    Agora vem a melhor parte.
    Você disse:”É de rir, a vossa proposta analogia entre um órgão de inteligência (KGB), e ações colonialistas, isso devido ao fato sabido e notório, de a antiga URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas) não ter sido, em momento algum da sua história, uma potência colonial. Dizer o contrário seria uma desonestidade intelectual.”

    Se você ri, é da sua própria ignorância. Eu não fiz proposta de analogia, eu fiz uma pergunta e como você não soube responder, saiu concluindo por si mesmo. Quanto ao fato “sabido e notório”, eu pergunto, sabido por quem? notório à quem? Eu desconheço esta afirmação, aliás, gostaria que fizesse a mesma afirmação à um polaco, se você sobreviver, me conte como foi. Porque dizer que os russos colonizaram a Ucrania, ou a Tchecoslováquia, por exemplo, não se configura colonialismo? e porque afirmar isto é desonestidade intelectual.
    Voce disse:”tens raivinha de mim?”
    por fim, porque se preocupa tanto com o que pensso de você?

    “As pessoas são um mero eco da opinião alheia. Poucos sabem pensar, mas todos querem ter opiniões” Schopenhauer.

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