De Riad a Teerã a Ancara – Sauditas, Persas e Turcos disputam o controle do Oriente Médio

Por Gustavo Chacra

Arábia Saudita, Irã e Turquia disputam a Guerra Fria do Oriente Médio. Os três são Estados majoritariamente islâmicos, sendo que sauditas e turcos são sunitas e os iranianos, xiitas. Também há diferenças na etnia. Riad é árabe; Ancara, turca; e Teerã, persa. Para completar, a Turquia é uma democracia; a Arábia Saudita, uma monarquia absolutista extremista islâmica e viés wahabbita; e o Irã, um Estado teocrático com alguma forma de liberdade eleitoral desde que não se choque com os ideiais políticos do regime – o que chamaríamos de ditadura travestida de democracia.

Os iranianos exercem a sua influência através do treinamento de milícias xiitas, como o Hezbollah, no Líbano, e o Exército Mahdi, no Iraque. Também arma o Hamas, apesar de organização palestina ser sunita. Seu principal aliado é o regime de Bashar al Assad, na Síria, que tem combatido violentamente os protestos da oposição.

Os sauditas têm o poder do petróleo e o Conselho de Cooperação do Golfo. Nos atuais levantes árabes, são responsáveis por milícias que atuam na oposição síria contra Assad. Também são influentes nos grupos opositores libaneses através de sua relação com o ex-premiê Saad Hariri. Em Bahrain, ajuda na sanguinária repressão contra os manifestantes anti-monarquia. Estes, por sinal, contam com o apoio do Irã.

A Turquia, por sua vez, tem sido a nação mais responsável de todas. Não adota dois pesos e duas medidas em relação ao mundo árabe – a minha redação seria distinta se escrevesse dos curdos, dos cipriotas e dos armênios. Ancara não pensou duas vezes antes de condenar publicamente Assad, um aliado até poucos meses atrás. Desde o início, vem defendendo da democracia na região.

Estas três nações compõem tradicionalmente o Oriente Próximo. Turcos e persas foram inimigos por séculos. As tribos árabes da Península onde hoje está a Arábia Saudita também eram rivais de Istambul, na época capital do Império Otomano, e de Teerã.

Outras forças um pouco mais distantes como a Rússia também são poderosas e possuem seus interesses. Moscou, assim como os EUA, desenvolveu uma série de alianças nas décadas da Guerra Fria que ainda permanecem importantes. Uma delas é com a Síria. Os chineses também estabeleceram laços comerciais na região.

Ainda é cedo para dizer quem vai vencer este embate. Os Estados Unidos claramente adotaram aTurquia como aliada. As relações com os sauditas estão deterioradas desde que Obama não fez nada para ajudar Mubarak no Egito. Washington também se irritou com a intervenção de Riad em Bahrain. Os europeus, com seus problemas internos, também tem recorrido à Turquia.

Israel apenas observa. Não deve se envolver em nada por enquanto. Preferia Assad apenas pela previsibilidade do líder sírio. Os israelenses também estão insatisfeitos com os acontecimentos no Egito, onde um populismo tem crescido inclusive entre os militares. Internamente, enfrentam protestos contra o elevado custo de vida e a concentração de riqueza nas mãos de algumas famílias como os Dankner e os Tshuva, que controlam companhias de telecomunicações e energia. Para completar, setembro está chegando e os palestinos seguem com o ideal de conseguir a criação de seu Estado na Assembleia Geral.

Fonte: Estadão

21 Comentários

  1. Texto limpo e claro, sem viés ideologico… traduz bem os fatos e articulações que, por traz dos bastidores, regem a politica no oriente proximo… saudações…

  2. O mundo gira, para arriscar um palpite a Turquia é a que vai mais avançar. O motivo é simples é o estado mais laico de todos, quanto menos religião no estado melhor, isso implica em um sistema de cidadania universal(a força da mão de obra qualificada feminina não pode ser descartada por ideologia religiosa ou qualquer outro motivo). Já o Irã e a Arabia Saudita (saudita é um nome da familia,algo como se chamacemos o Brasil de Silvopolis ou Souzopolis)deverão passar por correçoes internas num futuro talvez não muito distante.

  3. Texto ingênuo e dispensável, pelo menos, para aqueles que acompanham o Plano Brasil e possuem cérebro. Em suma: uma redação que só poderia ser do Estadão. Não trás nada de novo e chove no molhado…
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    Se você quer saber o que se passa no Oriente Médio, procure por Pepe Escobar, colunista do Asia Times, que volta e meia tem os seus textos traduzidos para o português pelo Coletivo da Vila Vudu.

  4. concordo Blue Eyes, e muttley tb acho que sera a turquia quem mais avançara, porem devo lembrar do iran que esta crescendo tb e tera uma populaçao maior que a da turquia, pela dimensao do seu territorio, e vejo tb que a arabia saudita nao ficara muito atras destes dois paises, e nao acho que tera um unico pais arabe que vai dominar o mundo arabe.
    sds a todos.

  5. Ilya Ehrenburg não vejo o texto de forma tão ingenua,houve sempre essa divisão e a luta pelo poder,desde do racha do Islã em sunitas e xiitas por divergencia na escolha do profeta Maome,é muito dificil colocar toda a História do Islã em um texto curto,mas acho que foi bem resumido,não teria como colocar a história dos Persas no Islã o racha entre xiitas e sunitas e o esplendor do Império Otomano.

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    O texto até que é explicativo, tem alguns detalhes importantes, como a divisão étnica da região, e seus grandes problemas seculares… entre Persas e Turcos podemos até dizer milenares, sendo que foi antes da luz dos romanos que os dois começaram a se contrastar!
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    Bem, a Turquia faz parte da OTAN então sai na frente dos outros, não é santa e comete crimes constantemente contra os Curdos, e outros povos, como somente mencionado no texto de forma pilotada, mas enfim tem maior respaldo na sociedade interna… além do mais como ja mencionado pelo colega, é o mais democrático e o poder da religião no estado é mais contido, apesar de não ser isento!
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    No Irã vemos que a religião é dogmática e presente no estado, a burocracia funciona pela eleição popular do administrador politico, que usa métodos do sistema técnico cientifico, mas esta administração deve traçar programas que não afetem o puritanismo da elite religiosa… quanto as mulheres e a sociedade interna, o Irã tem vantagens quanto à Arabia Saudita, mas perde para a Turquia devido a pré-judicio dentro da sociedade, e principalmente da família, as mulheres do Irã frequentam universidades(Muitas matérias na internet, procure), trabalham em todas as áreas, inclusive como motoristas de Taxi, ônibus,(tem muitas fotos na internet a respeito) Militares, Policia e fazem até parte da administração técnica do estado, algumas até como chefes de repartição ou lideres de partido, o atual governo do Irã tem até mesmo duas ou três mulheres como lideres no governo, tendo funções de diretoria geral ou ministério não me lembro bem, mas no Google se acha algo basta procurar.
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    Agora a Arabia Saudita mesmo sendo uma aliada dos USA(Democracia Potente), tendo suas forças armadas baseadas praticamente em armas Made in USA(Simetria militar tecnológica), tem deficiências graves no front interno da sociedade, principalmente com relação ao absolutismo do REI, que pode tudo, sobre tudo e todos, qualquer manifestação de pensamento que não condiz com a vontade da propaganda monárquica vem silenciada no instante, nenhuma eleição é autorizada, nenhuma manifestação contraria ao regime é tolerada, tendo a tortura publica através das “Chibatadas” e da mutilação de membros por alguns crimes, como no caso do roubo agravado, o ápice da violação dos direitos humanos, e no fim a imprensa real não divulga nenhuma informação antes da censura do rei, e nenhuma informação de dentro que seja negativa é vazada para o exterior, e se acontecer, a imprensa ocidental fecha os olhos e cala a boca… obviamente existem exceções, mas em via de regra, nada contra o poder do Absoluto da monarquia inteira, e não so do REI é aceito, contando os Sheiks, Príncipes, etc!
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    Ainda na sociedade interna, front interno perante os outros povos antagonistas, vemos que as mulheres da Arabia Saudita não podem dirigir nenhum tipo de veiculo,sendo o único estado do mundo que proíbe as mulheres de dirigir, e também tem o nível de educação controlado, somente as mulheres de sangue azul podem chegar aos altos níveis de educação, as demais ficam até a alfabetização básica, além de que não podem frequentar cultos junto com os homens, sair da cidade ou praticar cultos religiosos sem autorização ESCRITA do homem da casa, e apesar de não obrigatório, mas legalizado, usar o Burka se assim exigir o marido. Enfim, tudo o que dizem sobre o Irã e as suas relações com as mulheres,na realidade acontece mesmo é na Arabia Saudita aliada dos Yankees!
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    Por estas razões creio eu que a Turquia esteja a frente, em segundo o Irã e em terceiro a Arabia Saudita, mas no fim poder regional deriva da sua capacidade de produção interna, seja industrial que agrícola, avanço tecnológico, que é muito dependente do comportamento da sociedade interna, e da capacidade de produção e manutenção militar, e aqui a vantagem é do Irã, ja que ano após ano cresce de forma constante sua capacidade militar interna, e reduz sua dependência de componentes e produtos importados, a Turquia sabemos todos que importa grande parte dos componentes dos equipamentos que produz.
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    No fim, com o novo mundo multipolar, até mesmo no Oriente Médio, quem tiver maior poder militar e econômico terá uma possibilidade maior de influenciar a região, e se chegar às Armas Atômicas e igualar o poder militar de Israel, chegará sim a contrastar os demais na região de igual pra igual, como deve ser para se manter a paz!
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    Valeu!!

  7. Gostei do texto. Simples, didático, objetivo, descritivo.
    Não trata de nuances, possibilidades, não é instigador, porém.
    Mas é um bom texto.
    Como diz o Carlos Argus, quem viver verá.

  8. Excelente texto! simples, claro e, acima de tudo, isento de histerias de cunho ideológico. Mas discordo de quem diz que o Irã está à frente da Arábia Saudita. Em verdade, especialmente se colocar na mesa o poder econômico, militar e outros fatores, os Sauditas disparam na frente dos iranianos sempre lembrando que, em que pese ser um regime absolutista, ao menos o regime saudita não é fascistas como o Iraniano.
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    Quanto à Pepe Escobar(por que será que ele adota com pseudônimo o nome de um traficante do passado),em que pese o mesmo escrever com uma certa coerência,seus textos carecem de credibilidade tendo em vista as suas histericas simpatias ao regime fascista, teocrático e medieval iraniano.

  9. Não importa muito quem vença, o importante é quem perderá, o que está em jogo é uma real unificação do mundo árabe, tudo o que Israel e EUA não querem, os motivos são mais que óbvios, um teme ser riscado do mapa ou ver a parte branca da população que é a invasora, ser subjugada por palestinos e judeus árabes, os judeus que já estavam na região a muito tempo, o outro teme perder o controle sobre seu maior e mais necessário tesouro, o petróleo. O que esse povo todo ainda não entendeu é que não precisam ser amigos, precisam apenas ser aliados, quando as revoltas acabarem e a primavera florescer seus bons frutos, veremos os resultados de tudo isso.

  10. O tratamento da questão turca no texto é superficial, mesmo porque o povo turco atual nada tem a ver com o povo inimigo dos persas ná época do Império Bizantino. Nas guerras balcânicas quando da independência da Grécia, houve uma separação muito clara entre os dois povos e uma migração recorrente disso separando bastante o povo Otomano (turcos e islamicos) do Bizantino (gregos e cristãos).

    Alem disso como disse o Francoorp os turcos fazem parte da Otan e por isso a questão das decisões militares sempre são mais ponderadas com o anseio de agradar os demais membros e conseguir sua tão desejada vaga no mercado comum europeu, mesmo eles tendo apenas uma pequena porção de terra em território europeu, sendo um país majoritariamente asiático)

  11. Quem é bobo de escolher a parte podre? não se unificariam nem por uma semana… são tantas a discrepancias que, se acontecesse, e espero não ve-la, seria realmente muito complicado para o ocidente… saudações…

  12. nao digo que eles(paises) se “juntariam”, digo que o oriente medio ainda ficaria em “disputas rigionais”.

  13. O Caso Mubarak mostrou que o OM precisa duma limpa. Usam a religião para enganar o povo sofrido. A revolução nesses países vai ter que continuar, até eliminar todos os reis e ditadores. O Brasil precisa eliminar urgentemente TODOS OS POLITICOS CORRUPTOS. Essa deve ser a prioridade nacional.

  14. ah verdade é uma,como o blue eyes falou é um bom texto,mas você querer ensinar militarismo para militaristas,pois eu aposto que muitos de vocês vem aqui quase todo dia como eu,saber disso eu já sabia a muito tempo,mas nessa “guerra fria” do oeste asiático eu acho que vence a turquia,pois se uma coisa que eu aprendi estudando história é,não importa o quanto o oriente se desenvolva o ocidente é superior,somos superiores pois temos acessos a muitas coisas que eles pela política a maioria da população nao pode ter,diferente daqui no brasil e em outros lugares,fugindo do assunto,vamos ver uma guerra de ocidente vs oriente,vendo que aqui no ocidente praticamente todo mundo sabe hackear com um treinamento básico e tecnologia e com uma chuva de hackers impedir que as bases de mísseis nucleares orientais falhar é só questão de tempo para vitória,o ocidente tem hackers,tem caças de 5 geração e tem muitas armas nucleares,hoje em dia é o que você precisa para ganhar uma guerra.

  15. Na verdade, NIGUEM SEGURA A DEMOCRACIA & A INTERNET… no final, muttley e artur teem razão… saudações…

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