Ártico: grandes corridas

O jornal alemão “Handelblatt” publicou em uma edição recente as palavras pronunciadas pelo primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, em uma conferência regional do partido “Rússia Unida” em Ekaterinburgo. Referindo-se aos planos de aproveitamento das jazidas minerais no Ártico, ele disse: “Estamos abertos para um diálogo com os nossos parceiros estrangeiros, mas vamos defender firme e consequentemente os nossos interesses.” Todavia, esse comentário foi interpretado pelo jornal de uma forma bastante original: “A Rússia prepara-se para uma eventual guerra polar.”
Então como é que o “Handelsblatt” explica tais “propósitos belicosos” do Governo russo? A edição supõe que a batalha pelos direitos sobre o Ártico não se relaciona com nenhum “business plan” concreto. Para Moscou, é uma questão de princípio – afirma. Já estava claro em dezembro de 2007, quando os integrantes de uma expedição russa colocaram no fundo do oceano Glacial Ártico uma réplica em titânio da Bandeira Nacional. O jornal mostra-se especialmente preocupado com uma informação recente do almirante Vladimir Vissotski, comandante supremo da Marinha russa, sobre a formação de duas brigadas militares especiais para defenderem, se necessário, os interesses russos no Ártico.Presentemente, analistas predizem que já dentro de 50 anos poderá essa região aparecer como uma fonte principal de recursos energéticos e como um dos centros de transportes mais importantes do planeta. E que pela sua posse será travada uma discussão geopolítica séria.

Agora, umas palavras sobre o “princípio”. Quatro dos cinco países circumárticos são membros da OTAN. Segundo o já referido almirante Vladimir Vissotski, uma série de provas disponíveis indica que a Aliança Atlântica escolheu o Ártico como sendo uma zona dos seus interesses. E as ações realizadas nesse sentido vêm adquirindo, no dizer do almirante russo, um caráter “sistémico” e “coalizional”. Por exemplo, as Forças Armadas canadenses planejam realizar este ano junto às costas da ilha de Buffin os exercícios com o nome de código “Nanuk”, o que na língua dos habitantes nativos do Extremo Norte do Canadá significa “Urso Forte”.

Todavia, a tomada de medidas para reforçar seu poder defensivo não significa em absoluto que a Rússia se proponha lançar uma “cruzada glacial” rumo ao Norte. Disso não restam quaisquer dúvidas, por exemplo, para Vladimir Anokhin, vice-presidente da Academia de Pesquisas em Problemas Geopolíticos, que diz:

Haverá umas discussões agudas, é claro. Todavia, nossos vizinhos são uma gente não agressiva, em princípio. E mesmo na eventualidade de quaisquer atritos ou incompeeensão, todas as partes tentarão reduzir o problema a uma mera discussão, mesmo se esta se arrastar, possivelmente, por uns decênios.

Vladimir Anokhin não nega a necessidade de tomar umas providências militares para proteger os interesses nacionais da Rússia no Ártico, caso seja necessário. Esses interesses, entretanto, não são escondidos. Hoje, por exemplo, foi aberta uma conferência internacional denominada “Passagem Marítima do Nordeste: Rumo à Estabilidade Estratégica e à Uma Parceria Igualitária no Ártico”. Foi organizada a bordo do quebra-gelos atômico “Iamal” navegando no mar dos Laptev e conta com a participação de representantes dos Estados Unidos, Canadá, Dinamarca, Islândia, Noruega, Suécia e Finlândia. Quanto à posição de Moscou, é ilustrada da melhor maneira pelo próprio título da conferência.

Fonte: Voz da Rússia

4 Comentários

  1. carlos argus disse:
    09/08/2011 às 12:10
    A Antartida pesquisas, no Ártico a Rússia vai ganhar mole e fácil, quem viver verá
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    Claro, claro, a Russia vai ganhar mole e fácil, da Europa e do EUA cada fez mais famintos por recursos minerais. Não sei não, a Russia continua poderosa, mas NÃO era no Tempo da URSS, o que significa que la vai ter de negociar com EUA, Canda, et. Porque se não logo, logo a Russia vai ter que disputar a Sibéria com a China.

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