EUA expõem fragilidade das reservas da China

http://images.sodahead.com/polls/001719413/2129793047_us_china_money_xlarge.jpegPaís é o maior credor dos Estados Unidos, mas não pode se desfazer de títulos do Tesouro e ativos em dólar sem derrubar seu valor e reduzir a própria poupança

Por Cláudia Trevisan

O acordo que elevou o teto de endividamento dos Estados Unidos reduziu a ansiedade chinesa em relação à possibilidade de um calote americano, mas o longo impasse entre republicanos e democratas evidenciou os riscos enfrentados por Pequim e aumentou a pressão para que o Partido Comunista reveja a política de acumulação de reservas internacionais, cujo valor já alcançou estratosféricos US$ 3,2 trilhões.

Cerca de 70% dessa montanha de dinheiro estão aplicados em ativos denominados em dólar, incluindo US$ 1,16 trilhão em títulos do Tesouro americano, o que põe a China na condição de maior credor de Washington. Isso significa que uma eventual desvalorização persistente da moeda americana provocará redução no valor dos recursos administrados pelo Banco do Povo da China (banco central).

O confronto político em Washington acendeu a luz amarela em Pequim, mas a acumulação de reservas criou uma armadilha difícil de ser desarmada. A China não pode se desfazer dos títulos do Tesouro e dos ativos em dólar sem arriscar derrubar seu valor, o que reduziria sua própria poupança.

Além disso, o modelo de intervenções no mercado para impedir a valorização do yuan torna inevitável o aumento das reservas, já que essa operação é feita por meio da compra de dólares pelo banco central.

Editorial publicado ontem pelo jornal Global Times, ligado ao Partido Comunista, afirmou que as reservas internacionais “enormes, mas em desvalorização” são um peso para o povo chinês, ao mesmo tempo em que reconheceu que há poucas opções para aplicá-las. “Essa talvez seja a lição que a China aprendeu” com a crise em torno do teto de endividamento americano.

A manchete do jornal China Daily, editado pelo Conselho de Estado, foi “O dilema das reservas internacionais da China”. O texto afirma que o acordo é um “alívio” para os credores de Washington, mas observa que Pequim enfrenta o desafio de diversificar suas reservas, “ameaçadas” pela possibilidade de desvalorização do dólar.

Mudança. Em artigo publicado no Diário do Povo, jornal oficial do Partido Comunista, o pesquisador Li Xiangyang, da Academia Chinesa de Ciências Sociais, defendeu o abandono do modelo atual. “É necessário mudar a atual concentração em ativos denominados em dólar, mas o que é mais importante é mudar no futuro a propensão para elevação dos ativos em dólar.” Segundo Li, isso exige um “ajuste fundamental” no modelo de crescimento econômico adotado pela China.

Editorial veiculado no mesmo jornal ressaltou que os problemas da dívida soberana dos EUA continuam, apesar do acordo entre republicanos e democratas. “Eles foram apenas adiados e há uma tendência de que cresçam. Isso está lançando uma sombra sobre a recuperação da economia dos EUA e escondendo riscos e turbulências ainda maiores para a economia global.”

O nacionalista Global Times adotou um tom irônico em seu editorial, no qual disse que a solução do impasse poderia render um filme hollywoodiano de efeito especiais “democráticos” com o título Acordo de Último Momento. Mas o desenlace não deve arrancar aplausos do restante do mundo, ressalta. “Ao usar nova dívida para pagar a velha, os EUA estão afundando ainda mais em areia movediça.”

Fonte:  O Estado de S.Paulo

13 Comentários

  1. SE CORRER O BICHO PEGA E SE FICAR ELE COME
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    O Brasil deveria era desfazer uma grande parte de suas reservas de dollar,enquanto há tempo;antes que os chineses faça as deles.
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    A China está em um beco sem saída,apostaram em um cavalo que há décadas já mostrara cansaço.
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    Um conselho ao Mantega,pois ele sempre ver o PB,antes de tomar alguma decisão muito importante na economia brasileira_Heheh…
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    Porque não direciona esse tsunami de dollar barato para a economia do MERCOSUL?
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    Assim, não ficava muito dinheiro(Dllar) corroendo a economia brasileira.
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  2. AJ, vc só pode tar sendo ironico… o dolar tá virando farinha, e não é de trigo, é de mandioca… antes de ler seu post até pensei que algum inteligente iria propor que trocassemos dolar por real com a china… já pensou, temos 200 ou 300 bi de papel ruim (dolar) com os yankes e vamos adquirir mais? tá loco meu?… vamos passar a ser dependentes deles como a China se encontra… saudações…

  3. Aj eu prefiro que o Brasil continue com o nióbio ao inves de dolares “podres”. O buraco tá bem mais fundo que uma mina de nióbio, a economia dos EUA não ta la essas coisas (graças a guerras que consumiu em dez anos o PIB do Brasil) e some a isso os republicanos que propõe matar a vaca para eliminar o carrapato, é recessão na cabeça e por um bom periodo. Que Deus ajude que não se invente mais uma guerra para tentar resolver o problema, diga-se de passagem coisa bem tipica dos EUA.

  4. A china não está marcando touca não, está comprando ativos mundo afora, no Brasil inclusive!Tão se livrando do mico!O Brasil tem que fazer o mesmo, comprar tecnologia dos desenvolvidos pra depois exportar produtos avançados!O momento é agora que eles estão se esfacelando, o Brasil já perdeu um momento qdo a ex URSS se dissolveu, temos mais um momento para sermos oportunista! (no bom sentido é claro) – (contratar cientista americanos é um caminho, entre outros)

  5. Temos cerca de dois terços das nossas reservas em papéis americanos, poderiamos pelo menos usar 1/3 disso , ou seja, algo em torno de U$100bi com produtos e tecnologia americana, principalmente para reforçar nossas forças armadas, desenvolver nosso VLS, capacitar nossos cientistas, fazer intercambios e saneamento básico com construtoras norte americanas, tudo com TT e mão de obra local. Pagariamos com os títulos deles mesmos. Seria um grande salto para o Brasil e não ficariamos com títulos podres na mão.

  6. Bem como todos ja perceberam , recursos economicos são fluxos…vão de um local para outro como a agua.
    Quando o dolar desvaloriza algum ouro ativo valoriza. Se alguem ficou mais pobre.. outro ficou mais rico.
    O brasil tem de é de dsitribuir sua reservas em ativos que são contrapartidas, assim quando um desvaloriza o outro compesa.
    Colocaria as reservas do Brasil em 25% em ouro, 25% em yuans, 25% em euros e 25% em reais.
    Com o tempo essas parcelas seriam ajustadas para criar um balanço ideal.
    Quando o dolar desvaloriza, são grandes as chances do real, euro e yuan compesarem a desvalorização.
    Caso as moedas desvalorizem, todo mundo corre para o ouro.

  7. O problema Chines é o problema do Brasil. Com as reservas comprar o que o Brasil precisa para crescer comprar empresas fundamentais para o desenvolvimento do Pais comprar ouro, enfim estudar bem as opções e avançar com elas

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    E as bolsas caíram hoje de novo, o Dow Jones hoje caiu mais de 4%, todos sabem que o calote da divida americana foi somente adiado e não resolvido, vai ter calote, é inevitável a curto ou médio prazo… temos que deixar o minimo que pudermos em títulos dos USA, mesmo por que receberemos ainda muito dólares do comércio exterior, e devemos investi-los em algum lugar que os aceite, e a FED vai aceita-los.
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    O jogo agora é passar a comprar BRICS e títulos de outros países pequenos por ai, pelo menos com os pequenos te devendo você ainda tem voz, mas que voz temos nós com um gigante como os USA?
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    E comprar ouro não é tão simples assim, serve alguém que venda, pois todos no mundo estão correndo atras do mesmo ouro, e quem vender vai querer muito dinheiro, e duvido que aceite pagamento em Dollar!
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    Este é um momento histórico, o inicio do fim do Dollar como moeda global e por consequência o inicio do fim da hegemonia Yankee no mundo, coisa que nossos pais nem sonhariam nós veremos se tudo der certo… ou errado segundo o ponto de vista!
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    O Momento de crescer é agora Brasil, e olhe sempre para o Futuro do planeta, e esse futuro chama-se BRICS!
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    Valeu!!

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