Presidente do Eurogrupo defende grandes limites à soberania da Grécia

Jean-Claude Juncker sugeriu privatização de ativos do governo em crise. Europa aprovou sábado parcela de empréstimo para pagamento de dívidas.

A Grécia deve sofrer grandes restrições à sua soberania e deve privatizar ativos do Estado em uma escala similar à feita pela Alemanha Oriental nos anos 1990, depois da queda do comunismo, disse neste domingo (3) o presidente do Eurogrupo, Jean-Claude Juncker.

Em uma entrevista publicada depois que os ministros das Finanças da zona do euro no Eurogroup aprovaram um empréstimo de 12 bilhões de euros do país, Juncker disse estar otimista de que medidas negociadas com Atenas vão ajudar a resolver os problemas do país.

“A soberania da Grécia será grandemente limitada”, afirmou Juncker à revista “Focus”, em entrevista publicada neste domingo. Ele também disse que equipes de especialistas da zona do euro irão para a Grécia.

‘Para a onda de privatizações que virá, eles vão precisar, por exemplo, de uma solução baseada em um modelo da ‘agência Treuhand’, da Alemanha,’ afirmou Juncker, referindo-se à agência de privatizações que vendeu 14 mil empresas da Alemanha Oriental entre 1990 e 1994.

O Parlamento da Grécia votou na quinta-feira a montagem de uma agência de privatizações devido a projetos de austeridade acertados com a União Europeia e o FMI (Fundo Monetário Internacional), o que provocou violentos protestos das ruas de Atenas.

Os gregos estão sensíveis às violações de sua soberania ou indicações de que “comissários” estrangeiros vão se envolver na governança do país.

“Não podemos deixar que alguém insulte os gregos. Mas alguém tem que ajudá-los. Eles disseram estar prontos para receber expertise da zona do euro”, afirmou Juncker.

Atenas deve vender cinco bilhões de euros em ativos do Estado só neste ano ou então correr o risco de não atingir as metas do programa da UE e do FMI, o que poderia cortar o fluxo de financiamentos cruciais para manter o governo funcionando e evitar a moratória da dívida.

Uma repetição da experiência da Treuhand pode ser amarga para os gregos, que já sofrem com crescente desemprego e uma recessão que já está em seu terceiro ano.

Naquela época a maior holding do mundo, a Treuhand tinha que vender propriedades do Estado com lucro, mas fechou seus balanços com um déficit gigantesco e um legado de crueldade para o grande número de trabalhadores cujos empregos foram destruídos.

Quatro milhões de alemães estavam empregados em empresas controladas pela Treuhand em 1990, mas apenas 1,5 milhão de postos de trabalho sobraram em 1994, quando a agência fechou.

Em vez de colher os lucros e distribuir para toda a população da Alemanha Oriental, como foi projetada para fazer, a holding ficou com um déficit de US$ 172 milhões com a venda de ativos.

Juncker, que também é primeiro-ministro de Luxemburgo, levantou inicialmente a ideia de uma agência como a Treuhand para a Grécia em maio. Ele disse acreditar que o país pode levantar consideravelmente mais do que 50 bilhões de euros em vendas de ativos.

‘O atual pacote de medidas, ao qual Atenas concordou, trará solução para a questão grega,’ afirmou Juncker na entrevista à revista. Contudo, ele acrescentou que o sistema de coleta de impostos da nação ‘não é totalmente funcional.’

No sábado, ministros das Finanças da zona do euro concordaram que a quinta parcela do pacote de auxilio à Grécia de 110 bilhões de euros, acordado em maio de 2010, será paga até 15 de julho, caso o FMI assine o empréstimo. A entidade deve se reunir em 8 de julho para aprová-lo.

O pagamento permitirá que a Grécia evite uma ameaça imediata de moratória, mas o país ainda precisa de um segundo pacote de auxílio, que deve levantar mais 110 bilhões de euros e que provavelmente será finalizado apenas em setembro.

Juncker disse que a crise grega foi causada principalmente pelo próprio país. “Entre 1999 e 2010, os salários subiram 106,6%, embora a economia não tenha crescido no mesmo ritmo. As políticas salariais estavam completamente fora de controle e não baseadas na produtividade”, afirmou.

Fonte: G1

11 Comentários


  1. estão nesse buraco por culpa de seus próprios políticos (escolhidos pelo povo grego) … só estão colhendo o que plantaram…

    culpar o euro é fácil… como a argentina queria culpar o brasil quando a paridade peso argentino x dolar ruiu…

  2. Todos estes acordos e imposições não são para “ajudar a Grécia”. São feitos e pensados pelas autoridades monetárias para beneficiar os bancos e sistema financeiro, garantindo assim, seus recebíveis.
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    A melhor coisa para o povo grego é que o governo declare moratória, más os políticos gregos, traíras e corruptos, vão vender a Grécia para os banqueiros a preço de banana.
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    Até ilhas gregas (território nacional) estão sendo consideradas como passiveis de serem posta a venda.
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    Como no Brasil nos anos 80, o governo do país tinha acabado de ser entregue pelos militares, depois de 21 anos de administração militar, o Brasil sofria um processo de hiper-inflação e estava totalmente endividado e vulnerável à mafia financeira internacional.
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    Era um tempo em que a auto estima do Brasil estava tão em baixa que surgiam composições como a de Raul Seixas, com a música “Aluga-se” (escrita e lançada em 1980, porém censurada, só mais tarde veio a público).
    http://www.youtube.com/watch?v=d3iI-ktX2WI
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    Nesta mesma época, a pilantra arrogante da Margaret Tatcher chegou a dizer que se o Brasil não tinha dinheiro para pagar suas dívidas, deveria entregar a Amazônia em troca das dívidas…

  3. Enquanto a Grécia dobras os joelhos, os militares egípcios ensinam como é que se faz:
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    O ‘NÃO’ DOS MILITARES EGÍPCIOS DENUNCIA
    O PREÇO DO ‘SIM’ PROFERIDO PELA GRÉCIA
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    “Preferimos passar fome a mendigar a essas instituições”(Conselho Supremo das Forças Armadas do Egito, em comunicado que explica rejeição às condicionalidades impostas pelo FMI para liberar um empréstimo de 3 bilhões de euros ao país, que incluíam a privatização de bancos e a maciça redução de subsídios a energia e alimentos de consumo de massa, sobretudo trigo. A decisão dos militares, que tutelam a chamada ‘revolução egípcia’, desautorizou membros do governo provisório que haviam acatado as ordens internacionais, sem informar suas consequências à população.”
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    (Carta Maior; 2º feira, 04/07/ 2011)
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  4. ISSO É NO QUE DÁ QUANDO O “PÉ-RAPADO” QUER SER O GOSTOSÃO EM FESTA DE GRANFINO
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    Os gregos entraram em um festa que rolava por lá,…no meio da festança onde só tinha granfino:França,Alemanha,…,havia os pé-rapados,também;Portugal,Irlanda,Espanha….e eles.
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    Lá na festança,esses pé-rapados e os granfinos,gastaram tudo o que tinham.
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    Agora veio a conta e cadê o dinheiro…vão pedir emprestados para os granfinos que já estão com os bolsos vazios.
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    A salvação deles é buscar se capitalizar às custas dos outros,Kadaf que o diga,pagando o prato caro de uma festa que nem se quer fora convidado…é de lascar o bambu!_Hehehe…

  5. “(…)Na Europa,
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    o risco de falta de energia e consequente decadência a faz engajar-se fortemente na OTAN e forçar àquela Organização a empregar a força militar fora do continente europeu, em defesa de seus interesses energéticos e de acesso à matérias primas O emblemático ataque à Líbia demonstra que a União Européia ultrapassou a fase propagandística sobre os direitos humanos e meio ambiente para passar, definitivamente, à medidas militares.(…)”

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    E enquanto há essa lambança por lá,em um país prospero e abençoado por Deus,se houve uma linda canção:
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    “(…)Ô Brasil, verde que dá
    Para o mundo admirá
    Ô Brasil, do meu amor
    Terra de Nosso Senhor
    Brasil,…Brasil! prá mim!… prá mim
    Ô, esse coqueiro que dá coco (…)”

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    Hahahahah….esse é o meu país…hahahah…!
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    http://www.defesanet.com.br/geopolitica/noticia/1745/Comentario-Gelio-Fregapani—No-Pais-e-no-Mundo-

  6. Realmente, os políticos da maioria dos países são o Mal na Terra. Corruptos, incompetentes, populistas , que se enriquecem no poder. Eles acabam contaminando toda a sociedade com o mau-exemplo.
    Governam para Banqueiros e Especuladores Financeiros, neutralizam o judiciário e as Forças Armadas, escolhendo juízes e generais omissos. É por isso que eu admiro o governo chinês, que sabe eliminar com eficiência os corruptos de sua nação.
    O dia em que os políticos forem responsabilizados pelas crises econômicas e sociais, os países viverão maravilhosamente bem.

  7. O partidarismo e a ideologia canhestra diz que tão e somente o socialismo internacionalista e esquerdas nacionais tem como fim acabar com a soberania e o estado nacional, neste momento o que acontece com o Estado Grecia é que sua política interna passa a ser determinada pelos alemães e franceses, a soberania do estado passou a ser a garantia de pagamento para o sistema financeiro internacional, afinal ninguem quer levar prejuízo ou pagar pelo conto do vigário do crédito infinito e fácil.
    A culpa é dos gregos, ou foi nossa na decada de 80 no Brasil, uma afirmação simplista que tira da discursão as causas que levarem e as consequencia desta situação vergonhosa em que também se encontra Portugal.
    A Espanha em futuro próximo deverá ser a bola da vez, mais ao contrário de Portugal e Grecia, haverá uma resistencia muito maior da sociedade espanhola, que terá complicadores: o tamanho de sua economia e estados autonomos dentro do estado espanhol.
    A Espanha tem sua economia alavancada assim como Portugal e Grecia pelo Euro, crédito facil dos bancos alemaes e franceses ao contrário da Grecia e Portual os espanhois investiu pesado em industria de tecnoligia e serviços, mais nem por isso estará imune, os altos preços de alimentos e petroleo, poderá leva a falência, não é a toa que a França esta preocupada em controlar os preços das commodities e Eua acabou recentemente de liberar reservas de seu pretroleo (fato raro de acontecer, a não ser em casos de guerra ou situação de crise).
    Como já tinha dito a mais de uma ano o Mercado Comum Europeu esta derretendo que nem sorvete.
    Fica a lição para nós que estamos investindo no Mercosul e Unasul ” O Remédio Pode Virar Veneno A Dose Utilizada É Que vai Fazer A Diferença ”
    Abs

  8. Bem feito aos Gregos; agora serão escravos dos banqueiros! Ao invés de jogar o Euro no lixo e voltar ao dracma; preferem vender a alma ao FMI e Bancos Internacionais. Vão pilhar o país como fizeram na Alemanha Oriental:

    — “Naquela época a maior holding do mundo, a Treuhand tinha que vender propriedades do Estado com lucro, mas fechou seus balanços com um déficit gigantesco e um legado de crueldade para o grande número de trabalhadores cujos empregos foram destruídos.” —

    Quem toma o “beijo da morte” do FMI dificilmente se recupera.

    Como bem disse o Wi, o Egito vai se recuperar mais rápido do que a Grécia, que passará a ser sugada por vampiros parasitas..ad eternum pagando juros ao capital internacional. Por isso o Irã é endemonizado diariamente( e precisa ser destruído); por isso o III Reich é endemonizado a 80 anos( e ainda continua sendo). A grande questão atrás disso é econômica, eles causam calafrios e pesadelos nos grandes banqueiros internacionais..por não aceitar e não precisar da cobrança extorsiva de JUROS escravizando suas populações!!!! Por isso o Pre.Kennedy foi assassinado; porque queria tirar do FED (Federal Reserve), que é privado; O PODER DE IMPRIMIR O DÓLAR E REVENDE-LOS ao Governo dos EUA(COM LUCRO!)..Iria libertar o país desses vampiros! Acabou morto. E até hoje “ninguém sabe” o motivo..rsrs

  9. Federação tá bom!!!!
    Contrariando o Parlamento Europeu e para espanto e desagrado dos signatários do Acordo de Schengen que preve livre circulação entre fronteiras Europeias a Dinamarca aprova retomada do controle de fronteiras.
    É assim que um estado soberano age quando da percepção de risco a sua sociedade.
    Não se deve esperar menos da Grecia ( até mesmo pela gravidade a que esta exposta sua população).
    Contudo a sempre os lesa-pátria.
    Abs

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