Uma reserva de miséria

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Leonardo Coutinho, de Normandia

Quatro novas favelas brotaram na periferia de Boa Vista, nos últimos dois anos. O surgimento de Mome das Oliveiras, Santa Helena, São Germano e Brigadeiro coincide com a demarcação da reserva indígena Raposa Serra do Sol. Nesse território de extensão contínua que abarca 7,5% de Roraima, viviam 340 famílias de brancos e mestiços. Em sua maioria, eram constituídas por arrozeiros, pecuaristas e pequenos comerciantes, que respondiam por 6% da economia do estado. Alguns possuíam títulos de terra emitidos havia mais de 100 anos pelo governo federal de quem tinham comprado suas propriedades. Empregavam índios e compravam as mercadorias produzidas em suas aldeias, como mandioca, frutas,  galinhas e porcos.

http://oglobo.globo.com/fotos/2008/04/12/12_MHG_raposa2.jpgEm 2009, todos foram expulsos. O governo federal prometeu indenizá-los de maneira justa. No momento de calcular as compensações, alegou que eles haviam ocupado ilegalmente terra indígena. Por isso, encampou as propriedades e pagou apenas o valor das edificações. Os novos sem-terra iniciaram o êxodo em direção à capital. As indenizações foram suficientes apenas para que os ex-fazendeiros se estabelecessem em Boa Vista. VEJA ouviu quarenta deles. Suas reparações variaram de 50.000 a 23.0000 reais – isso não daria para comprar nem um bom apartamento de três quartos nas principais cidades do pais. imagine uma outra fazenda.


http://www.brasilwiki.com.br/fotos/noticia_8263.jpg Imagem para os brasileiros verem, esta foto foi captada logo após a decisão do governo sobre a criação da Reserva contínua e expulsão dos Brasileiros de sua área. Ela refere-se a comemoração dos “vitoriosos” (até então martirizados e oprimidos), como vemos, é bem simbólica e direta aos demais brasileiros ( quem quiser saber mais sobre este episódio clique aqui)

Em seguida. foi a vez de os índios migrarem para a capital de Roraima. Os historiadores acreditam que eles estavam em comato com os brancos havia três séculos. Perderam sua fonte de renda, proveniente de empregos e comércio, depois que os fazendeiros foram expulsos. A situação piorou com a ruína das estradas e pontes, até então conservadas pelos agricultores. “Acabou quase tudo. No próximo inverno, ficaremos totalmente isolados”, diz o cacique macuxi Nicodemos Andrade Ramos, de 28 anos. Um milhar de índios se instalou nas novas favelas de Boa Vista.

“Está impossível sustentar uma família na reserva. Meus parentes que ficaram lá estão abandonados e passam por necessidades que jamais imaginaríamos”, afirma o também macuxi Avelino Pereira, de 48 anos. Cacique de sete aldeias, ele preferiu trocar uma espaçosa casa de alvenaria na reserva por um barraco de tábuas na favela Santa Helena. O líder indígena diz que foi para Boa Vista para evitar que sua família perdesse o acesso a escolas, ao sistema de saúde e, sobretudo, ao mercado de trabalho.


Com o passar do tempo, a situação dos índios tem piorado. Recentemente, algumas das famílias desaldeadas começaram a erguer barracos no aterro sanitário de Boa Vista. Uma delas é a do macuxí Adalto da Silva, de 31 anos, que chegou à capital há apenas um mês. Ele fala mal português, mas nunca pensou em viver da mesma forma que seus antepassados. Mesmo porque a caça e a pesca são escassas na Raposa Serra do Sol já faz tempo.
http://exame.abril.com.br/blogs/aqui-no-brasil/files/2011/01/Raposa-Serra-do-Sol09.jpgAté 2009, ele recebia um salário mínimo para trabalhar como peão de gado. Está desempregado desde então. Como os índios não têm dinheiro, tecnologia ou assistência técnica para cultivar as lavouras, os campos onde o peão trabalhava foram abandonados. Silva preferiu construir uma maloca sobre uma montanha de lixo a viver na aldeia. Agora, ganha 10 reais por dia coletando latinhas de alumínio, 40% menos do que recebia para tocar boiada.

Ainda assim, considera sua vida no lixão menos miserável do que na reserva. Ele é vizinho do casal uapixana Roberto da Silva, de 79 anos, e Maria Luciano da Silva, de 60, que também cata latas e comida no aterro. “O lixo virou a única forma de subsistência de muita gente que morava na Raposa Serra do Sol”, diz o macuxi Sílvio Silva, presidente da Sociedade de Defesa dos Índios Unidos do Norte de Roraima.


Brancos e mestiços expulsos da reserva também foram jogados na pobreza. O pecuarista Wilson Alves Bezerra, de 69 anos, tinha uma fazenda de 50 quilômetros quadrados na qual criava 1.300 cabeças de gado. Um avaliador privado estimou em 350.000 reais o valor das edificações da propriedade. A Fundação Nacional do Índio (Funai) deu-lhe 72.000 reais por essas benfeitorias e nada pela terra. Seu rebanho definhou. Restam-lhe Cinquenta reses em um pasto alugado. Falido, ele sobrevive vendendo churrasquinho no centro de Boa Vista. Ganha 40 reais por noite.

http://sandromeira12.files.wordpress.com/2009/03/raposa-serra-do-sol.jpg“O que governo fez comigo me dá vergonha de ser brasileiro”, afirma Bezerra. Coema Magalhães Lima, de 64 anos, está em situação semelhante. Ela chegou a ter 200 cabeças de gado e setenta cavalos. O fato de ser descendente de índios não impediu que ela fosse expulsa da reserva. Coema recebeu 24.000 reais de indenização. Ela e o marido gastam suas aposentadorias, que juntas chegam a 1.000 reais, para pagar o aluguel de uma pastagem para os 100 animais que lhes restam. “Um dia o governo vai cumprir a promessa de me reassentar em uma área do mesmo tamanho da minha”, acredita Coema.


Quando negociou a formação da reserva, o governo federal prometeu que agricultores e índios não sofreriam prejuízos. Chegou a registrar a promessa na Justiça Federal. Mas, em Roraima, a palavra, os documentos e os títulos do governo não têm valor. O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) avisou que só reassentará 130 famílias desalojadas da Raposa Serra do Sol. As outras 210 ficarão a ver navios – ou melhor, canoas. Mais: não concederá nenhuma gleba superior a 5 quilômetros quadrados. Quem tinha fazenda maior que isso arcará com o calote.

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Mesmo as famílias assentadas na Serra da Lua, perto da Raposa Serra do Sol, continuarão sob ameaça. O Ministério do Meio Ambiente pretende transformar essa área em reserva ambiental. Se a ideia vingar, 200 pequenos agricultores que vivem no local se juntarão aos desalojados que hoje estão em Boa Vista. Com o menor PIB entre as 27 unidades da federação, Roraima já tem 68% de seu território inutilizado por reservas florestais e indígenas. Com a Serra da Lua, passaria a ter 70%. Será mais um golpe nas esperanças de desenvolvimemo do estado.

Fonte: VEJA

16 Comentários

  1. eu entrii no link e varias coisas eu nao comcordo o comentarista do link inaltece a alemanha nazista e se esquece que eles perderam e tem bases americanas no seu proprio pais ele acusa o governo lula sobre a reserva raposa so se esquece que foi no governo fernando henrique um homem que fez faculdade e formado que começou essa palhaçada ai entao foi ser julgado no stf a bandeira queimada foi quando os recursos acabaram eo stf deferiu a favor da reserva o lado que perdeu a queimou nao foi por comemoraçao mas sim por revolta sobre o lula e etc e tal foi o unico governo que investiu nas forças armadas pois com o intelectual fernando henrique o soldado ganhava meio salario minimo descontava o fardamento e ainda faltava comida EU achei o link tedencioso ate para um lano red skim paga sapo pra alemao que atacou navios em plena amazonia azul

  2. Acho importante preservar as florestas, mas índio não é bicho são seres humanos que precisão de assistência do estado como todos.
    E já que a merda ta feita agora cabe ao governo honrar sua palavra escrita esse é um trabalho para o ministério público e a OAB exigir que o estado cumpra o prometido tanto aos índios como para os brancos e mestiços ao pé da letra.

  3. este pessoal que foi expulso teria todo direito de separar do Brasil. mas como Roraima seria um pais muito pobre sozinho e cercado por colonias inglesas e francesas eu acho que eles preferem continuar como Brasileiros.

  4. Como o general Heleno disse, “Eles não são índios e brasileiros, são BRASILEIROS E ÍNDIOS”. É muita irresponsabilidade achar que deixando esses índios, ou melhor, esse brasileiros no meio do mato vivendo como seus antepassados há 500 anos, eles estarão melhor do que integrados aos demais brasileiros. A ideia de reservas em si já uma afronta, animais devem viver em reservas, não seres humanos. O que esses brasileiro (índios e não-índios) necessitam é de educação, saúde, acesso às tecnologias e demais conquistas da civilização. Mas nossos SÁBIOS fizeram com eles o mesmo que fizeram com os escravos, tirando da sanzala e jogando na favela.

  5. Foi triste e decepcionante o que os nossos políticos fizeram. Entregaram essa Reserva de graça para a ONU.
    O nosso território ficou menor. Podem mudar o tamanho do Brasil nos livros de geografia.

  6. que vergonha que iersponsabilidade,seres humanos presos monitorados como bandidos,retirados de sua morada para ficarem debaixo de uma lona preta,em nome de que? terra para todos morada digna para todos remedios e condições de vida para todos ,direito a vida,ir e vir,não é o que diz nossa constituição.

  7. É isso que dá tratar os índios como peças de museu. Antes de tudo são cidadãos brasileiros. Ou será que para o estado eu sou um oriental, um negro, um branco, antes de ser Brasileiro?

    Me desculpem mas, QUE M…!

  8. Eu guardo uma teoria sobre isso que não pode fazer sentido prático, mas acredito nela.
    Na eleição de 2006, no segundo turno, o Alckmin, concorrente do Lula na eleição, levou se não me engano 85% dos votos no Estado de Roraima. Desde esse fato, parece que começou uma perseguição do Governo Federal (Lula) ao Estado de Roraima. Daí veio raposa serra do sol e outras diversas medidas do GF que tornaram Roraima um estado quase inteiramente miserável.
    Essa é a única explicação que eu acho possível, pois ninguém em sã consciência ou com motivos excusos iria fazer uma mer.da dessa.
    Já visitei 4 vezes o estado de Roraima, inclusive no ano passado. É incrível a falta de desenvolvimento da capital, no interior nem se fala. Na capital Boa Vista o povo vive só de emprego público, trabalhando em casa de família, comércio, em lojas, mercados, bancos e etc ou fazendo bico, porquê indústria não há nenhuma em todo o estado! Chega ser até triste quando passei em frente ao antigo Distrito indústria de Boa Vista que agora só é um monte de edíficios e empresas abandonadas, onde lá eram processados e empacotados principalmente o arroz.

  9. Espero q td lembre-se das palavras do ex-Gen. Heleno, e vejam documentários sobre o grau de miserabilidade deste n irmãos do norrte do n país…por isso está vicejando ideias por lá…um cara aceitar po R
    $10.00 fazer tráfico só pode ser por mt miséria, fome mesmo…temos de fazer alguma coisa p mudar esse quadro e q os intrometidos de plantão vão p os infernos…ONGs e td o mais. Sds.

  10. Tem dedo extrangeiro querendo que os indios fiquem revoltado,Não tem chineses,japoneses,europeos,etc…,que tem a sua constume,mais se adapta ao ritimo de vida Brasileira,então porque esses indios não querem se adaptar sem perder a sus constume,Terra,comida,saúde,educação,sem pagar impostos qem é o tonto que não que tudo isso gratis,Até eu me consideraria Indio para ter tudo isso,Se eles querem viver como o seu antepassado,que vivam,pranta para comer ,caça para comer ,usa medicinas ancestrales,Mais querem ver televisão,internet,ropa,calçado e eles falam que querem ser indios como viviam o seu antepassados,Que indios mais expertos,seguro que esses indios estivera no ceará,não tinha tanto barulho,mais como esta na amazonia,todas a ONG`S metendo o dedo com ordem de já sabemos quem.

  11. è colocar todos esses indios para trabalhar com todos direitos trabalhista , e expulsar todas essas ONGs. Assistencia a todos com educação e saude ,profissionalizar
    Preservar sua cultura e basta.

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