Químico que chegou mais perto do Nobel no país morre aos 90

Sugestão: Lívio Oliveira

SABINE RIGHETTI
DE SÃO PAULO

Morreu na noite de domingo (19), no Rio de Janeiro, aos 90 anos, o químico naturalizado brasileiro Otto Richard Gottlieb, conhecido internacionalmente por seus trabalhos sobre produtos naturais e metabolismo de plantas.O químico naturalizado brasileiro Otto Richard Gottlieb, que morreu no último dia 19, foi indicado três vezes ao Nobel

Ele foi um dos primeiros grandes cientistas a chamar atenção para a sustentabilidade e a preservação de florestas, ainda na década de 1960.

Mais recentemente, nos anos de 1980, o químico mostrou a importância da manutenção dos entornos das florestas –justamente onde costuma ter início o processo de desmatamento.Fabrizia Granatieri-12.dez.1999/Folhapress

O químico naturalizado brasileiro Otto Richard Gottlieb, que morreu no último dia 19, foi indicado três vezes ao NobelÉ nessas “bordas” florestais, mostrou Gottlieb, que está a maior concentração e diversidade de moléculas.

“Com o desmatamento dos entornos, parte das moléculas que contam com potencial terapêutico acaba sendo perdida”, explica a farmacêutica Maria Renata Borin.

Ela foi “pupila” de Gottlieb desde seu mestrado, em química orgânica, na USP, até sua pesquisa de pós-doutorado sobre química de produtos naturais, na Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz).

“Toda a obra dele é voltada para a sustentabilidade.” Foram quase 700 artigos científicos sobre o tema.

QUASE NOBEL

Gottlieb é considerado o cientista brasileiro que mais chegou perto do prêmio Nobel: foi indicado três vezes (em 1998, 1999 e 2000).

“Mas ele não dava muita bola para isso. Atender os alunos era o que ele mais gostava de fazer”, conta Borin. “Ele costumava refletir toda noite sobre o que aprendeu no dia para que pudesse ensinar isso no dia seguinte.”

A dedicação aos alunos levou o químico a construir uma biblioteca própria sobre recursos naturais, com aproximadamente 2.000 títulos.

O tempo que ele passava nessa biblioteca –que ocupa um apartamento inteiro no Rio de Janeiro– teria sido um dos motivos de seu desligamento da Fiocruz, em 2002.

Insatisfeita, a instituição teria cortado recursos das suas pesquisas em andamento. Na época, aos 81 anos, ele afirmou que não estava “sendo tratado com consideração” pela Fiocruz. Foi, então, para a UFF (Universidade Federal Fluminese).

Antes, Gottlieb já havia sido professor na USP até se aposentar, aos 70 anos. “Ele recebeu convites para dar aula fora do país. Mas era nacionalista convicto.”

Gottlieb era naturalizado: ele nasceu em Brno, em 1920, hoje República Tcheca.

Fonte: Folha.Com

7 Comentários

  1. Esperemos que sua herança intelectual seja bem aproveitada na defesa de nossos recursos naturais.
    Certamente os mais de 700 artigos cientificos publicados açularam certas ONGs que sabemos pirateiam recursos da flora brasileira.

  2. Grande brasileiro! Presto aqui minhas homenagens a memória este grande cientista. Infelizmente, em nosso país a maioria da população nem sabe quem foi o dr. Otto.

  3. Está aí uma pessoa que amava o Brasil.

    Mesmo sendo naturalizado, era mais brasileiro do que a maioria dos brasileiros.

  4. Um naturalizado dando exemplo do que é SER NACIONALISTA, enquando nossos queridos mandatários se orgulhando em dar aulas em Harvard!
    Essas sanguessugas quando saem do poder ao invés de contribuir com “seus conhecimentos” em alguma universidade nacional, vão para Harvard, ou alguma semelhante.
    Lamentável.

  5. Enquanto estivermos à caça de prêmios Nobels,Oscars e tantos outros não iremos a lugar nenhum!
    A própria aluna de Gottlieb nos diz que ele nem dava bola para isso!
    Seu prêmio maior é seu legado que deixa ao mundo!

  6. Uma perda valiosa para o país. Se esse senhor tivesse disputado o Nobel nos dias de hoje talvez tivesse ganho!! Esse premio não passa de politicagem e “puxa-saquismo” (vide o Obama ganhar nobel da paz no momento em que comandava duas guerras…ridículo.)Nos dias de hoje com a atual decadência econômica do hemisfério norte, eles eram bem capaz de dar o premio a um brasileiro para agradar, e fazer uma graça para quem tem dinheiro no momento..

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