Fronteiras brasileiras na região Norte podem estar mais vulneráveis do ponto de vista sanitário

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Por Ricardo Icassatti

A Consultora da Rede de Inovação Tecnológica para Defesa Agropecuária, Regina Sugayama, alertou nesta sexta-feira (17), em Ji-Paraná, Rondônia, que o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) pode trazer problemas sanitários para o Brasil por causa das obras na região Norte que vão ligar o Brasil a outros países da América do Sul.

Ela citou como exemplo a rodovia que ligará o Acre ao Oceano Pacífico, assinalando que a Cordilheira dos Andes deixará de ser uma barreira natural. Outro exemplo é o da hidrovia ligando Manaus ao Equador. Obras como pontes e rodovias ligando estados do norte às Guianas vão igualmente fazer aumentar o trânsito de pessoas.

– Não somos contra as obras, mas 30 pessoas passam por segundo em alguma fronteira, trazendo sementes, mudas ou produtos contaminados. É fundamental que o estado de Rondônia trabalhe a educação sanitária para que a população entenda o problema. Com as obras do PAC, o Brasil está aumentando a probabilidade de entrada de várias pragas – advertiu.

Regina Sugayama disse que, desde 1995, existem relatos de entrada de pragas sanitárias no Brasil através de produtos agrícolas importados ou trazidos pelas pessoas através das fronteiras secas com países da América do Sul que receberam imigrantes do Sudeste Asiático. A consultora assinalou que há um grande custo para manejar estas pragas, que demandam, às vezes, o uso de novos tipos de defensivos que podem causar impacto ambiental imprevisível. Além disso, a ocorrência de novas pragas pode gerar perda de mercado para o Brasil no exterior.

Fabiano Alexandre dos Santos, gerente da Agência de Defesa Sanitária Agrossilvopastoril de Rondônia, disse que trabalhar na defesa sanitária é o mesmo que lutar numa guerra silenciosa. Ele assinalou que, em Rondônia, a estrutura de defesa sanitária se confunde com a de combate à febre aftosa em virtude do esforço do governo estadual para erradicar a doença. Fabiano observou que o fato de o estado estar se tornando um grande centro de desenvolvimento agropecuário é preocupante do ponto de vista sanitário.

– Em 2010, mais de 85% de tudo o que Rondônia exportou veio das carnes e dos grãos. Se não abrirmos o olho para os riscos que ocorrem com a globalização, seremos engolidos por ela – disse.

Os alertas foram dados na 11ª audiência pública do ciclo de debates sobre a agropecuária brasileira realizada pela Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA). O objetivo da audiência foi avaliar o Programa Nacional de Erradicação da Febre Aftosa e ameaças fitossanitárias para o Brasil, especialmente as que podem vir das regiões de fronteira.

Participaram ainda do debate o presidente da Agência de Defesa Sanitária Agrossilvopastoril do Estado de Rondônia, Marcelo Henrique Borges; o fiscal federal Agropecuário do Ministério da Agricultura Jamil Gomes de Sousa; o fiscal federal Agropecuário da Superintendência Federal de Agricultura de Rondônia Fernando Soares Pinto; e um representante do Fundo Emergencial de Febre Aftosa do Estado de Rondônia.

Marco regulatório

Fabiano Alexandre dos Santos ressaltou que a responsabilidade com a proteção do patrimônio nacional é de todos, objetivo que não será alcançado sem parcerias dos órgãos públicos e o envolvimento da população.

Jamil Gomes de Souza disse que foi montado um sistema de defesa que pudesse dar respostas ao desafio de erradicar a febre aftosa em Rondônia, compartilhando responsabilidades entre os governos estadual e federal e agregando a iniciativa privada. Ele explicou que o marco regulatório orientador são as regras da Organização Internacional das Epizootias (OIE) e que o instrumento mais importante é a vacina. Jamil espera que até o período entre 2015 e 2020 a febre aftosa esteja erradicada em toda a América do Sul.

– Consideramos que o Programa Nacional de Erradicação da Febre Aftosa é exitoso, pois 89% do rebanho brasileiro estão em zona livre de febre aftosa. Falta muito pouco para que a primeira fase esteja conquistada, que é a erradicação total no Brasil. A segunda fase é a montagem de um sistema de prevenção com a participação de toda a sociedade – afirmou.

Fernando Soares Pinto disse que só a educação sanitária poderá conscientizar o pecuarista para a importância de erradicar a febre aftosa. Ele lembrou que auditoria feita no ano 2000 pelo Ministério da Agricultura constatou que Rondônia havia saído da zona de alto para médio risco em relação à doença.

– Erradicamos a doença em Rondônia. Em maio de 2003, a OIE declarou o estado “zona livre de febre aftosa” – afirmou, informando que 76% do gado abatido no estado é vendido no Centro-Sul brasileiro.

Fonte: Agência Senado

10 Comentários

  1. Infelizmente esses problemas irão persistir no BRASIL,pois vivemos num total desleixo,onde poucos assumem suas responsabilidades ,só com um programa austero de educação governamental e da sociedade civil poderemos amenizar esse mal !
    Sem educação e responsabilidade não haverá como manter o crescimento desse país!

  2. Um exemplo clássico foi a disseminação da abelha africana no Brasil e depois AL inteira:
    ………………………………………
    “…De origem africana, foi trazida para pesquisas por Warwick Kerr, em 1956, então porfessor do departamento de Biologia da UNESP Rio Claro de onde se espalhou rapidamente pelo Brasil, outros países da América Latina, e até os EUA.
    .
    Nos anos 70 houve um alarmismo com a proliferação desta abelha, porque muitos enxames que eram mansos, de abelhas européias, ficaram agressivos, pegando apicultores desprevenidos. Ficaram conhecidas como abelhas-assassinas, e protagonizaram filmes sensacionalistas de Hollywood. Até hoje o termo killer-bee é usado nos EUA. O alarmismo tem sua razão de ser justificada pela altissima agressividade apresentada pelas abelhas-africanas puras, …”
    …………………………..
    Hoje em dia, graças aos constantes cruzamentos com a abelha europeia, ,estas abelhas já não são tão agressivas.

  3. Trabalho na defesa sanitária e sei o abandono que está isso aqui…..já nem ligo mais…..fico na minha….cansei de tanto cobrar e ninguém faz nada……..desisti…..vou é viver a minha vida….e fazer de conta que trabalho….(é como eu digo aqui p/ meus colegas de trabalho…..”O Estado faz de conta que nos dá condições de trabalho e faz de conta que nos paga um salário digno e eu faço de conta que trabalho”) e é isso…..posso mandar umas fotografias das condições das Barreiras sanitárias p/ vçs verem o que é abandono…..ficamos 2 meses sem papel higiênico aqui….acreditam???……é vergonhoso….

  4. no brasil ta uma vergonha,funcionario publico é um grave poblema,muitos se acham socio do governo,e acham que tem que só receber,foi feita a lei para os protejer,e agora que lei sera possivel para protejer o pais deles,conhesso muitos funcionarios publicos de qualidade e que realiza seu trabalho com amor mas uma grande parte esta ajudando a atrasar o pais,juntamente com leis e obrigações mal feitas,mal gerenciamento do dinheiro publico,má administração,ma distribuição,corrupção,e a falta de moral do ministerio publico com um STF MALUCO PARA APARESER E DEIXANDO DE LADO SUAS OBRIGAÇÕES,SÓ DEUS.

  5. Denis Lerrer Rosenfield – O Estado de S.Paulo
    Solicitado por vários leitores a voltar ao tema das ONGs, mostrarei a vinculação entre os “fazendeiros” americanos e a atuação de ONGs ambientalistas no Brasil. Trata-se de uma curiosa conjunção entre o agronegócio americano, ONGs ambientalistas (aqui, evidentemente), grandes empresas, governos e “movimentos sociais” no País.

    A National Farmers Union (União Nacional dos Fazendeiros) e a Avoided Deforestation Partners (Parceiros pelo Desmatamento Evitado), dos EUA, encomendaram um estudo, assinado por Shari Friedman, da David Gardiner & Associates, publicado em 2010, para analisar a relação entre o desmatamento tropical e a competitividade americana na agricultura e na indústria da madeira. O seu título é altamente eloquente: Fazendas aqui, florestas lá.

    O diagnóstico do estudo é que o desmatamento tropical na agricultura, pecuária e de florestas conduziu a uma “dramática expansão da produção de commodities que compete diretamente com os produtos americanos”. Ou seja, é a competitividade do agronegócio brasileiro que deve ser diminuída para tornar mais competitivos os produtos americanos. O estudo é tão detalhado que chega a mostrar quanto ganhariam os Estados americanos e o país como um todo. E calcula que o ganho americano seria de US$ 190 bilhões a US$ 270 bilhões entre 2012 e 2030.

    As campanhas pela conservação das florestas tropicais e seu reflorestamento não seriam, nessa perspectiva, uma luta pela “humanidade”. Elas respondem a interesses que não têm nada de ambientalistas. Ao contrário, o estudo chega a afirmar que os compromissos ambientalistas nos EUA poderiam até ser flexibilizados segundo as regras atuais, que não preveem nenhum reflorestamento de florestas nativas, do tipo “reserva legal”, só existente em nosso país. Também denomina isso de “compensação”, que poderia ser enunciada da seguinte maneira: mais preservação lá (no Brasil), menos preservação aqui (nos EUA).

    Cito: “Eliminando o desmatamento por volta de 2030, limitar-se-iam os ganhos da expansão agrícola e da indústria da madeira nos países tropicais, produzindo um campo mais favorável para os produtos americanos no mercado global das commodities.” Eles têm, pelo menos, o mérito da clareza, enquanto seus adeptos mascaram suas atividades.

    Esse estudo reconhece o seu débito com a ONG Conservation International e com Barbara Bramble, da National Wildlife Federation, seção americana da WWF, igualmente presente em nosso país.

    A Conservation International é citada duas vezes na página de agradecimentos, suponho que não por suas divergências. Mas ela publica em seu site um artigo dizendo-se contrária ao estudo. A impressão que se tem é a de que se trata de um artifício retórico para se desresponsabilizar das repercussões negativas desse estudo em nosso país e, em particular, na Câmara dos Deputados. Logicamente falando, sua posição não se sustenta, pois ao refutar as conclusões do artigo não deixa de compartilhar suas premissas. A rigor, não segue o princípio de não-contradição, condição de todo pensamento racional.

    Por que não defende a “reserva legal” nos EUA e na Europa, segundo os mesmos princípios defendidos aqui? Seria porque contrariaria os interesses dos fazendeiros e agroindustriais de lá? Entre seus apoiadores se destacam Wall Mart, McDonald”s, Bank of America, Shell, Cargill, Kraft Foods Inc., Rio Tinto, Ford Motor Company, Volkswagen, WWF e Usaid. Os dados foram extraídos de seu site internacional.

    Barbara Bramble é consultora sênior da National Wildlife Federation, a WWF americana. Sua seção brasileira segue os mesmos princípios e modos de atuação, tendo o mesmo nome. Se fosse coerente, deveria lutar para que os 20% de “reserva legal”, a ser criada nos EUA e na Europa, fossem dedicados à wildlife, a “vida selvagem”. Entre seus apoiadores e financiadores (dados extraídos de sua prestação de contas de 2009), destacam-se o Banco HSBC, Amex, Ibope, Natura, Wall Mart, Conservation Internacional, Embaixada dos Países Baixos, Greenpeace e Instituto Socioambiental (ISA). A lista não é exaustiva. Observe-se que a ONG Conservation International reaparece como parceira da WWF.

    Ora, essa mesma consultora é sócia-fundadora do ISA, ONG ambientalista e indigenista. A atuação dessa ONG nacional está centrada na luta dita pelo meio ambiente e pelos “povos da floresta”. Advoga claramente pela constituição de “nações indígenas” no Brasil, defendendo para elas uma clara autonomia, etapa preliminar de sua independência posterior, nos termos da Declaração dos Povos Indígenas da ONU.

    Ela, junto com o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), possui o mais completo mapeamento dos povos indígenas do Brasil. Sua posição é evidentemente contrária à revisão do Código Florestal. Dentre seus apoiadores e financiadores, destacam-se a Icco (Organização Intereclesiástica de Cooperação para o Desenvolvimento), a NCA (Ajuda da Igreja da Noruega), as Embaixadas da Noruega, Britânica, da Finlândia, do Canadá, a União Europeia, a Funai, a Natura e a Fundação Ford (dados foram extraídos de seu site).

    O ISA compartilha as mesmas posições do Cimi, da Comissão Pastoral da Terra (CPT) e do MST. Ora, esses “movimentos sociais”, verdadeiras organizações políticas de esquerda radical, por sua vez, seguem os princípios da Teologia da Libertação, advogando pelo fim do agronegócio brasileiro e da economia de mercado, contra a construção de hidrelétricas e impondo severas restrições à mineração. Junto com as demais ONGs, lutam por uma substancial redução da soberania nacional

  6. @KHANN
    Você poderia tentar encontrar alguma rede de tv que se interesse em publicar o assunto. Num momento em que essas obras estão sendo feitas, um argumento como esse seria prato cheio para a oposição descascar em cima do governo, e com isso vocês poderiam ganhar as condições de trabalho a qual é direito de todo trabalhador.
    Não se acostume ao sistema, ao invés, adapte-se e use-o contra ele mesmo na defesa do que é correto. Afinal, a minha saúde, a dos seus parentes e amigos e centenas de pessoas, está em suas mãos, e por isso mesmo, garanto que você tem apoio de toda a sociedade.

  7. Se dependesse de mim, mandava levantar um muro nas fronteiras secas e só entraria extrangeiro depois de passar por um registro feito em postos na fronteira, e todos os carros sem excessão seriam revistados em vários postos de fiscalização ao longo de uma rodovia para não congestionar muito o trânsito de carros. Para mim essa é a única solução para resolver de uma vez por todas os problemas de contrabando, tráfico, receptação e etc.

  8. Essa ameaça e conversa p desviar a atenção dos predadores naturais dos “hominis Brasilis sp “e de suas terras BRASILIS…e pura questão militar…o rsto é o resto. Mt militares na área…p ontem.

  9. Eu fico indignado com a morosidade dos orgãos públicos no Brasil….já procuramos a tv,,,mas adivinha….não dá audiência,,,,passou alguma coisa no canal do boi e foi só….uma completa vergonha, vçs acreditam que eu estou trabalhando na barreira a 1 ano e não me deram treinamento ainda???…estou a 1 ano aqui e não tenho a funcional, isso é ridículo……nós não temos nem cones p/ colocar na rodovia….começo a achar que somente uma revolução vai colocar o Brasil nos eixos realmente….ou melhor….infelizmente….é muita incompetência e ingerência….funcionários com 40 anos de carreira que ganham 12.000 por mês, são nossos superiores e não fazem merda nenhuma,,,,já repassaram 3.000 em combustíveis p/ nós desde abril até agora,,,,,adivinhem….não chegou uma gota aqui na Barreira…inclusive o veículo que tínhamos aqui foi levado embora…..fico cada dia mais decepcionado com certos tipos de funcionários públicos…..

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