Grupo islâmico surge como alternativa de poder no Egito

Foto: Khaled Desouki/AFP

DA BBC BRASIL

Emblema da Irmandade Muçulmana.

Se o presidente do Egito, Hosni Mubarak, deixar de fato o poder como exigem os manifestantes que tomam as ruas desde a última terça-feira, as questões em torno do futuro do país parecem passar pela chegada dos fundamentalistas islâmicos ao poder.

Oficialmente ilegal, mas tolerado, o grupo Irmandade Muçulmana é o maior representante da oposição a Mubarak no Egito, com uma rede de milhares de seguidores.

Segundo a correspondente da BBC no Cairo Yolande Knell, se ocorrerem eleições no país, as chances da Irmandade chegar ao poder são muito claras.
Com seus candidatos concorrendo como independentes, a Irmandade ganhou um quinto das cadeiras nas eleições parlamentares de 2005 – metade dos assentos os quais o movimento disputou.

Neste domingo, porta-vozes da Irmandade Muçulmana afirmaram que o movimento apoia o ex-diretor da AIEA (Agência Internacional de Energia Nuclear) e prêmio Nobel da Paz Mohammed ElBaradei como o nome para coordenar uma eventual transição de poder.

Por sua vez, ElBaradei já afirmou anteriomente que a Irmandade Muçulmana deveria ser um partido político legal, além de ter trabalhado com um grupo ligado à Irmandade, a Associação Nacional para a Mudança, para coletar assinaturas em favor de uma reforma constitucional.

De acordo com a correspondente da BBC, Mubarak cita há tempos a ameaça de uma tomada islâmica do Egito para convencer as potências ocidentais de que as duras táticas políticas do seu partido, o NDP, são válidas.

Na semana passada, mais de 30 integrantes da Irmandade Muçulmana foram detidos depois que o movimento saiu em apoio dos protestos contra Mubarak. Ele foram levados à prisão de Wadi Natran, no norte do Cairo.

No entanto, os detentos escaparam da cadeia na noite desse sábado, depois de uma rebelião ocorrida na prisão, como consequência da subversão parcial da ordem no país.

Em entrevista à BBC, um dos detidos, Essam ElErian, diz ter sido sequestrado por forças policiais e levado junto dos outros ativistas ao quartel-general da polícia, tendo ficado detidos por três noites.

Enquanto a Irmandade Muçulmana tem sido cuidadosa durante os atuais protestos, assumindo um papel discreto, Essam ElErian disse à BBC que o Ocidente deve respeitar as crenças religiosas e as aspirações dos egípcios.

“O Islã é compatível com a democracia, ele é a favor da alternância de poder, ele é a favor dos direitos e deveres iguais para todos os cidadãos”, disse ElErian. “O Islã quer um Estado democrático e moderado. É necessário ouvir o povo.”

EVENTUAL SUCESSÃO

Dos nomes citados para uma eventual sucessão de Mubarak, Mohammed ElBaradei é considerado por muitos ativistas um líder adequado para uma transição de poder, de caráter secular e respeitado internacionalmente.

Crítico do governo de Mubarak, ElBaradei participou pessoalmente nos últimos dias dos protestos no Cairo, apresentando-se como um postulante para negociar uma mudança de governo –bem como para assumir a presidência.

Segundo Yolande Knell, a postura forte do Nobel da Paz contra o atual presidente fez com que muitos egípcios, que antes não davam importância para a política, ficassem mobilizados.

Entre outros nomes para um futuro governo, está o do presidente da Liga Árabe, Amr Moussa, que já foi um popular ministro das Relações Exteriores egípcio.

Além dele, o novo vice-presidente do país, general Omar Suleiman, também aparece com força. Suleiman é um militar –assim como todos os presidentes que sucederam a derrubada da monarquia, em 1952– e poderia assumir o poder durante a transição.

Segundo a correspondente da BBC no Cairo, ele tem o apoio das forças armadas e, por este motivo, parece ser um ator importante na resolução da atual crise egípcia.

Fonte:  Folha

7 Comentários

  1. A coisa ta feia pro lado do Egito, se a solução é um grupo islâmico! Não é um presidente nem um partido nem um rei ou um parlamento .Um grupo?Que é isso, o povo de la não tem dinheiro para nada agora vai ter que gastar com aquelas roupas pretas para as mulheres e um fuzil para cada criança de 5 anos.Os americanos falam a diabo desça gente e agora aceitam tudo para manter o egito como seu maior aliado na região,é brincadeira!

  2. Que ótimo. Uma religião puramente satânica, pior que os “capitalistas do mal” surge com força…
    e o pior que tem gente que fica FELIZ, ao ver a china tomando conta. Nem sabe que a China e outros grupos políticos estão querendo é isso mesmo.

  3. Revolução forjada do caramba.. tudo para enfraquecer a autonomia do Egito. E não seria demais pensar nisto como um passo para forçosamente derrubar cada chefe de estado contrário à maiores interesses globais.

  4. Tem fundamentalistas em td as religiões, o perigo > é p a potencia nuclear do OM , os judeus. Os Palestinos agradecem a Ála se isso ocorrer, e quem vai correr serão os ianks e seus sequazes…Mt bom.

  5. A SEMENTE JÁ FOI PLANTADA,AGORA É TEMPO DA COLHEITA TITIO.
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    O Egito tem muitos sítios religiosos que os cristãos idolatram(EXMPLO,O monte sinai),e foi no Egito onde Jesus peregrinou na sua infância e uma parte da adolescência.
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    Imaginem se um grupo xiita ultra radical do estilo talibãns tomar o poder?
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    Soma-se isso a um efeito dominó que venha da causa palestina,uma situação que os americanos colocaram em “banho maria”,muito mais que os 30 anos da ditadura de mubarak.
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    -Soma-se a isso as guerras inacabadas no Iraque,Afeganistão,uma meia sola de insurreição no Paquistão,…etc.
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    -O programa nuclear dos Iranianos.
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    -A situação na Somália,Iêmem,…etc.
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    Ufa!….cansei.

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