Gespi vai gerar energia com turbina de 707

http://www.nasm.si.edu/exhibitions/gal102/americabyair/images/640/S.402.p15-P_640.jpgPratt & Whitney JT3

Virgínia Silveira

A brasileira GespiAeronáutica, especializada em manutenção e reparo de turbinas Aeronáuticas e industriais, está desenvolvendo projeto pioneiro de conversão de um motor aeronáutico de grande porte em turbina Aeronáutica para geração de energia elétrica. A nova turbina, em fase de testes, foi projetada para utilizar combustíveis alternativos como o etanol. O motor utilizado para a conversão é o do Boeing 707, que está sendo desativado e pode ser encontrado com facilidade no mercado e a preços de sucata.

A principal vantagem no novo desenvolvimento, segundo o gerente técnico responsável pelo projeto, Genival Sena de Jesus, é o custo, que representa menos de 50% do preço de uma turbina nova importada e na mesma faixa de potência. Outra vantagem, segundo o gerente, é o fato de que toda a manutenção e assistência técnica do equipamento poderão ser executados no Brasil.

“O projeto da Gespi é interessante também para empresas que querem gerar sua própria energia, mas não dispõem de recursos para comprar turbo geradores importados”, ressalta o gerente. Em geral, de acordo com Jesus, esses equipamentos são caros e possuem um custo de manutenção muito elevado.


Veja no vídeo o funcionamento básico de uma turbina a gás.


“As termoelétricas que operam no Brasil também têm demonstrado preocupações com a aquisição de turbinas a gás no mercado externo, devido às dificuldades que os usuários brasileiros encontram para enviar suas turbinas para manutenção no exterior”, explica. A manutenção das turbinas no Brasil, segundo Jesus, também reduziria o custo e o tempo de recebimento das turbinas que vão para o exterior e levam entre dois e três meses para retornar ao país.

A Gespi investiu cerca de R$ 2 milhões em recursos próprios no projeto da nova turbina, que será capaz de gerar 15 megawatts (MW), suficiente para alimentar 15 mil residências de baixo consumo, explica o gerente do projeto. Outro diferencial da Gespi nesse projeto é que a empresa desenvolveu seu próprio banco de ensaios para turbinas de grande porte. Segundo Jesus, esse tipo de equipamento é muito caro e envolve alto conteúdo tecnológico.

A turbina já foi testada com óleo diesel, etanol e está sendo preparada agora para operar com gás natural. A previsão da empresa é que dentro de um ano o turbo gerador Gespi esteja disponível para comercialização no mercado. “Já temos várias unidades desta turbina, além de facilidade para adquirir outras, em quantidade suficiente para gerar mais de 225 MW”, comenta.

Jesus conta que existem hoje mais de mil turbinas do modelo utilizado pela Gespi para fazer a conversão. “Se houver necessidade de fabricação de novas turbinas, não será preciso recorrer ao fabricante original, pois a experiência da Gespi na manutenção desses equipamentos capacitou a empresa a desenvolver a engenharia reversa e fabricar o produto no Brasil”. A utilização deste motores, segundo ele, também contribuirá para a redução do lixo aeronáutico exposto ao meio ambiente, considerado de difícil reciclagem.

O gerente disse ainda que a Gespi vem mantendo contato com algumas empresas nacionais e internacionais da área de geração de energia e com interesse no projeto da nova turbina. “Estamos buscando novas parcerias para viabilizar os investimentos necessários para acelerar o desenvolvimento do produto.” A experiência da Gespi nessa área, segundo Jesus, veio com a manutenção das aeronaves Boeing 707 da Força Aérea Brasileira (FAB) e também de outras aeronaves do modelo operadas por empresas cargueiras.

A Gespi possui mais de 35 anos de atuação no mercado brasileiro e tem como principais clientes as Forças Armadas. Para fazer os serviços de manutenção e reparo de turbinas Aeronáuticas, bem como o desenvolvimento de componentes aeronáuticos para uso civil e militar, a Gespi foi certificada pela Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) e pela Aeronáutica, Marinha e Exército. O faturamento anual da companhia gira em torno de R$ 6 milhões.

Nota do Editor

Excelente notícia, destaco para os pontos inovadores:

Baixo custo de aquisição e operacional.

Flexibilidade no uso de combustíveis, “Gás, Diesel e etanol” indicado para operações em quaisquer partes do mundo onde hajam restrições de operações de combustíveis por escassez de combustível ou operação restrita por temperaturas.

Reutilização de plantas propulsoras de confiabilidade testada.

Destaco ainda as potencialidades de plantas como estas no seu uso civil e militar, pois além da sua palicabilidade na geração de energia, poderiam compor os sistemas de porpulsão de navios tanto civis quanto militares.

Parabéns a Gespi.

E.M.Pinto


Fonte: Valor via NOTIMP

17 Comentários

  1. Taí uma empresa que merecia o aporte governamental de recursos a fim de desenvolver P&D necessário ao projeto e fabricação de turbinas no Brasil.
    Quem já possui o know-how necessário de engenharia reversa de turbinas aeronáuticas também possui a capacidade de no médio prazo desenvolver suas próprias turbinas com tecnologia nacional.
    Turbinas inicialmente destinadas a geração de energia elétrica e posteriormente turbinas para emprego na aviação civil e militar.
    Só está faltando apoio para que esta empresa possa passar de um faturamento anual de míseros R$ 6 MM, para algo que represente de fato um faturamento de condizente com a atividade de fabricação de turbinas, geração de empregos com mão-de-obra altamente especializada, além do fim da dependência externa no que se refere a turbinas aeronáuticas e de geração.
    Este é o caminho para atingirmos a real independência.

  2. 2Hard4U:concordo ai nossa futura turbina de aviação comercial.
    essa criatividade brasileira tenho certeza que ultrapassamos a china.
    O importante é desenvolver mercado para as coisas.

  3. Falou e disse, a msm está formando mão de obras especilaizada, e como tal merece uma tanção dos goversnos , municipal, estadual e federal.E por favor vamos gerar energia limpa. Temos de investir em energia eólica, solar, das marese nuclear como última opção ; criar uma industria nesse nicho , pois a china está entrando firme e está ganhando mt espaço , ie, mercados.Que os governos deem incentivos a empresas, assim vamos ter mt e algumas irá pra frente, e o BRASIL junto. P Ontem.

  4. 2Hard4U; concordo plenamente com seu comentário… lúcido e encorajador… esse é, certamente um dos caminhos “para atingirmos a real independência”…

  5. Iteressante essa turbina deveria ser levado isso ao governo,embraer,e tentar desenvolvimento de um motor superior ao do f5m e assim desenvolver para aviões eu acho ate que poderia consultar gente de fora especializada para ajudar

  6. Atenção:

    O novo caça KF-X que está sendo desenvolvido pela KAI, da Coreia do Sul, e parceria com indústrias internacionais.

    A Turquia pretende desenvolver uma nova aeronave de caça com a Coreia do Sul e a Indonésia como parte de seu plano de modernizar a Força Aérea da Turquia.

    “Existem algumas conversas preliminares sobre nossa possível participação no programa KF-X,” reportou o Hürriyet Daily News & Economic Review citando um antigo membro do setor de aquisições do governo turco.

    O KF-X é um programa sul-coreano para desenvolvimento um avançado caça multimissão para as forças aéreas da Coreia do Sul e da Indonésia através de umacordo anunciado em março de 2001.

    A Turquia está em negociação com a Coreia do Sul relativo a participação da Turkish Aerospace Industries no consórcio de desenvolvimento do KF-X em troca de transferência de tecnologia do helicóptero de ataque T-129 da Turquia.

    A Coreia do Sul fornecerá 60% dos custos de desenvolvimento do KF-X, avaliados em US$ 4,2 bilhões, enquanto a Indonésia concordou em pagar 20% e comprar cerca de aeronaves KF-X.

  7. “Se houver necessidade de fabricação de novas turbinas, não será preciso recorrer ao fabricante original, pois a experiência da Gespi na manutenção desses equipamentos capacitou a empresa a desenvolver a ENGENHARIA REVERSA e fabricar o produto no Brasil” Esta é matéria que eu estava querendo ver a tempos, a criatividade brasileira sendo posta a prova, com nossa experiência em combustível não poluentes podemos marcar história no cenário mundial.
    ENGENHARIA REVERSA, aliás um certo país do oriente faz muito isso…. não é !!!!

  8. ESPETACULAR essa notícia! Nossa independência em matéria de construção de turbinas a gás está muito próxima, muito, muito próxima!

    O deveríamos fazer agora é estabelecer um plano para aproveitar essa tecnologia (pode-se colocar nossos especialistas do CTA/ITA para pensar nas aplicações) e partir para a prática, ou seja, projeto e construção aqui no Brasil.

    Se nos capacitamos a reproduzir uma turbina de Boeing 707, com 15 MW de potência, porque não aperfeiçoamos essa tecnologia, a miniaturizamos e utilizamos como base para um futuro lift da Embraer (AT-31) e, sonho dos sonhos, um futuro caça de 5ª geração 100% brasileiro?

    Aliás, com essa capacitação, um dos maiores empecilhos para fecharmos com a Saab cai por terra: não precisaremos mais das turbinas F-414 da GE para os Gripen fabricados aqui…

    Avante, Brasil! O Século XXI lhe pertence…

  9. Isso ae não é criatividade é revolução, se bem que o brasileiro é campeão em gambiarras, uma turbina que por algum motivo ia ser sucata agora transformamos em um motor para gera eletrícidade, imagine oque poderiamos fazer se comprasemos uns caças Russos, além da Engenharia Reversa, quem sabe poderiamos ganhar status é nos mesmo fazermos menhorias é fabricar nossos caças uma vez desvendado os mistérios da Fabricação de peças Aeronáuticas, estariamos expandindo nossos conhecimentos é fazendo melhorias que talvez poderá resulta em novos coceitos, para nossa industria ta ae o prova Brasileiro é Ninja, so não acredita quém não quer, se o governo fizer uma parcerias com senai,aeronáutica,Embraer,ITA,AEB,etc…já seriamos outro país, acorda seu mula investe 500bi nas industria que vamos ter retorno.

  10. Pois é turma…
    Concordo com todos, e principalmente quem destacou a ENGENHARIA REVERSA.
    As possibilidades parecem realmente ótimas.
    Apoio pra essa turma, sem falta.

  11. Só tem que tomar cuidado, porque MWM, RollsRoyce.. estas empresas gigantes do ramo sempre estão de olho nas melhores mãos-de-obra especializadas, oferecendo deus e o mundo como vantagem.

  12. As turbinas do tipo compressor por aletas de metal, já estão ultrapassadas. Eu criei o motor rotativo do futuro. Não sei como poderia patenteá-lo. Algum país estaria interessado em bancar esse meu projeto ? Pode ser que gere energia gravitacional,também.

  13. Dandolo.. se tiveres idéias realmente interessantes não saia dizendo logo não.. pesquise sobre como patentear.. e salvaguardar-se. Sei relato de professor universitario considerado meio louco.. que construiu motor movido a água, dessas de água mineral vendida em bar.. e depois de uma entrevista local.. ele não quis mais se manifestar sobre.. e sei lá qual foi o fim disto tudo.

  14. Aqui esta o ” PULO DO GATO ” que tanto comentamos, ( “Se houver necessidade de fabricação de novas turbinas, não será preciso recorrer ao fabricante original, pois a experiência da Gespi na manutenção desses equipamentos capacitou a empresa a desenvolver a engenharia reversa e fabricar o produto no Brasil”. )pq não se valer de mesma técnica para desenvolver & fabricar uma turbina nacíonal ?
    já esta mais que provado , que conhecimento para isso temos.
    Só pode ser falta de vontade e coragem política para isso , além claro , de preções internacionais , afinal de contas somos o 3o maior ” fabricante ” ( montadores ) de aeronaves do mundo ,e o Brasil não tem o peso nem a coragem político / administrativa para isso.

  15. “Se houver necessidade de fabricação de novas turbinas, não será preciso recorrer ao fabricante original, pois a experiência da Gespi na manutenção desses equipamentos capacitou a empresa a desenvolver a engenharia reversa e fabricar o produto no Brasil”.

    Cara, estamos esperando o que para desenvolver motores aeronáuticos de média potência com a GESPI,ITA e a FAB ??

    A perspectiva colocada pelo representante da empresa é surpreendentemente positiva.

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