Haiti pode elevar status do Brasil na agenda de Obama, dizem analistas

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O trabalho de reconstrução do Haiti, arrasado por um terremoto, pode representar uma oportunidade para o Brasil assumir um papel mais importante em sua relação com os Estados Unidos, afirmam analistas.

“A Casa Branca respeita o que o Brasil está fazendo no Haiti”, disse à BBC Brasil o diretor do programa de estudos da América Latina da Universidade Johns Hopkins, Riordan Roett.

“É uma oportunidade de ouro para o Brasil, para que assuma a liderança nos esforços de reconstrução. O Brasil está no Haiti há anos, diferentemente da maioria dos países. É o Brasil que pode liderar a reconstrução. Os Estados Unidos não poderiam, tanto por sua história em relação ao Haiti quanto pelo sentimento antiamericano.”

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já disse que o Brasil quer ter um papel importante no processo de reconstrução do país caribenho.

Segundo Roett, apesar do interesse limitado dos Estados Unidos na região, o governo Obama reconhece a crescente importância do Brasil no cenário mundial.

“O Brasil está emergindo como uma grande potência, já é um gigante em alimentos, será em breve um gigante em energia”, afirma. “Mas a América Latina nunca vai ser prioridade na política externa americana.”

Para o diretor do instituto progressista Council on Hemispheric Affairs, Larry Birns, as descobertas de petróleo e a soja devem confirmar o papel do Brasil como potência regional.

É uma oportunidade de ouro para o Brasil, para que assuma a liderança nos esforços de reconstrução (do Haiti)

Riordan Roett, diretor do programa de estudos da América Latina da Universidade Johns Hopkins

“Cada vez mais as ações dos Estados Unidos na América Latina vão requerer uma consulta com o Brasil”, diz Birns.

No entanto, o analista também afirma não esperar grandes mudanças na política americana para a América Latina.

O editor da revista americana Foreign Policy, Moisés Naím, diz que o Brasil é visto pelos Estados Unidos como um líder e como um país que pode contribuir para a estabilidade regional e internacional.

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O analista afirma, porém, que a política externa brasileira deve estar preparada para assumir esse papel de liderança.

“Obama queria que o Brasil assumisse posição de liderança na América Latina, queria poder seguir a liderança do Brasil. Infelizmente, a política externa do Brasil não está pronta para colaborar com Obama”, disse Naím à BBC Brasil.

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“Um exemplo é Honduras (crise no qual Estados Unidos e Brasil adotaram posturas divergentes). Outro foi a visita de Mahmoud Ahmadinejad (presidente do Irã) ao Brasil.”

Segundo Naím, as relações entre Estados Unidos e Brasil estão melhores do que eram no governo de George W. Bush. “Mas ainda são piores do que se esperava.”


Fonte: BBC Brasil

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