Haiti: Notícias do Dia

Hospital de Campanha da Aeronáutica realiza primeira cirurgia no Haiti

O haitiano Jean Jesus Rois Pierre, de 45 anos de idade, passava, na noite de domingo, dia 17, por mais uma etapa de expectativa silenciosa desde que o terremoto transformou a vida dele em um pesadelo. Sentado em uma cadeira, aguardava a cirurgia de amputação do pé da esposa, Banatte Pierre, de 37, no Hospital de Campanha da Aeronáutica, instalado naquele dia em Porto Príncipe. Ela sofreu ferimentos com a queda de um muro de uma igreja no centro da cidade. Os médicos militares avaliaram que era o único procedimento recomendável e conversaram sobre essa necessidade com o casal. “Tenho muita confiança no trabalho deles”, disse o haitiano, que perdeu, na catástrofe, uma filha de três anos de idade.

Essa é a primeira das muitas histórias que os profissionais de saúde da Aeronáutica passam a conviver a partir deste segunda-feira, 18, no hospital de campanha. A triagem de pacientes, que será feita diariamente pela equipe de enfermagem da FAB, começa às 8h (11h em Brasília) a fim de realizar a primeira avaliação e encaminhar ao setor adequado. Além da cirurgia, neste domingo também foram realizados dois exames de ultrassonografia. Um deles confirmava a bom estado de gestação de oito meses de uma mulher que se feriu no terremoto.

O Hospital de Campanha da Aeronáutica foi instalado em uma área ao lado da base brasileira General Bacelar, na capital haitiana. O espaço fica no bairro de Tabarre, a 10 quilômetros do Centro da capital. A equipe, formada por 48 militares da área de saúde, é composta por profissionais de várias especialidades da medicina, enfermagem, odontologia e farmácia para atender diariamente de 300 a 400 pessoas. Ao todo, são 17 módulos, que incluem centro cirúrgico, unidade de terapia intensiva (UTI), raio-X, laboratório e espaços para atendimento ambulatorial. O HCAMP atenderá urgências e emergências, com capacidade de realizar cirurgias e de socorrer pacientes graves.

Fonte: CECOMSAER

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Amorim e Hillary decidem reforçar comando da ONU sobre operações

Em reunião por telefone, chanceleres decidem que Brasil se ocupará da segurança e EUA, da ajuda humanitária

Débora Thomé

RIO

Com o objetivo de discutir a situação do Haiti e de afinar a coordenação do auxílio humanitário, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, participou ontem de uma teleconferência organizada pelo Canadá com representantes de 10 países, além de integrantes da ONU e da Organização dos Estados Americanos (OEA). Entre os participantes, estavam o premiê do Haiti, Jean-Max Bellerive, e a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton.

Na reunião, decidiu-se que a coordenação das operações ficará a cargo da ONU e do governo haitiano. Ao Brasil, caberá a participação na segurança, enquanto os Estados Unidos cuidarão da ajuda humanitária.

“A distribuição de tarefas está sendo feita. Houve uma reunião importante há dois dias em que ficou estabelecido que a questão da segurança é tarefa da Minustah (força de paz da ONU), indiscutivelmente”, disse o ministro.

Segundo Amorim, a percepção é de que houve progresso na distribuição de mantimentos no Haiti. Mas ele reconheceu que ainda há muito a ser feito.

Uma das maiores preocupações dos ministros que participaram da teleconferência está justamente na distribuição das ajudas internacionais, isso porque os portos permanecem pouco acessíveis. Além disso, os comboios que saem da República Dominicana estão ameaçados por saques.

Hoje o Conselho de Segurança da ONU realiza uma reunião para discutir o número máximo de tropas militares e policiais presentes no Haiti. O Brasil aguarda essa possível mudança para estudar o envio de mais tropas. Uma outra reunião, esta ministerial, será realizada na próxima segunda-feira, no Canadá, para começar a se pensar na reconstrução do país.

CRÍTICA VELADA

Até agora, o Brasil já se comprometeu a enviar uma ajuda de US$ 15milhões. Por enquanto, não está previsto um aumento da soma. “Pelos números que tenho lido nos jornais, até agora, os nossos números não fazem vergonha diante de muitos países desenvolvidos. Pelo contrário, são substanciais”, comentou o ministro alfinetando implicitamente a escassa ajuda de alguns países europeus.

Amorim não excluiu a possibilidade de um aumento no montante. E completou a crítica: “Não é importante ser rico para ser solidário, mas sendo rico é mais fácil efetivar essa solidariedade.”

O chanceler ainda voltou a comentar a questão do uso do aeroporto. Amorim afirmou que ocorreu “uma transição difícil da administração haitiana para a dos EUA”, e, portanto, foi necessário reiterar que “em função da grande presença brasileira, tínhamos de ser tratados com uma certa prioridade”. De acordo com o ministro, a superposição de funções está sendo resolvida.

No fim de sua fala a jornalistas, o ministro das Relações Exteriores fez um apelo para que as ajudas fossem feitas em dinheiro. E lembrou que na tragédia da tsunami, em 2004, muitos dos mantimentos doados tiveram de ser jogados no lixo porque não havia infraestrutura para entregá-los.

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General brasileiro avalia que Haiti regrediu a período pré-Minustah

DA ENVIADA A PORTO PRÍNCIPE

O comandante militar das forças de segurança da ONU no Haiti, general Floriano Peixoto, afirmou ontem que o terremoto que atingiu Porto Príncipe levou o país a retroceder a um patamar anterior ao da missão de paz, iniciada em 2004.

“O Haiti vinha sofrendo muito para alcançar sua sustentabilidade. O mundo considerava este o momento [de ascensão] do Haiti”, declarou o militar. “O país vinha caminhando numa velocidade muito promissora. Vimos uma tragédia que há anos o país não tinha. Isso certamente leva o país a uma condição anterior à de 2004.”

Segundo Peixoto, as instituições foram afetadas de forma muito radical, a começar pelo Palácio Nacional. O retrocesso ocorreu principalmente na infraestrutura e no funcionamento das instituições.

Apesar da escalada de violência que atinge a capital, o general afirma que não espera e nem quer que o atraso se reflita também na segurança do país.

Floriano Peixoto afirmou que já acionou 200 homens da Minustah lotados no interior para que sigam para a capital. Ele disse que dispõe ainda de tropas da Argentina e do Uruguai e que pode direcionar o contingente de acordo com a necessidade.

“Com o conhecimento que temos do país, estamos intensificando nossas ações militares”, disse. Segundo ele, ainda não há necessidade de aumentar o efetivo brasileiro no Haiti, hoje de 1.266 homens. Caso isso se torne recomendável, dependerá de uma decisão do Ministério de Relações Exteriores e do Ministério da Defesa, após consulta às Nações Unidas.

Dos 17 países que compõem a missão da ONU, o Brasil foi o mais afetado. Dos 17 militares mortos, 15 são brasileiros.

Êxodo

O general afirma que além de Porto Príncipe, outras áreas estão sendo afetadas e que há uma atenção maior à segurança em outras cidades. Desde o terremoto, há um fluxo de moradores da capital, que concentra um terço da população do país, para outras cidades.

(JANAINA LAGE)

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Mais soldados no Haiti

ONU discute hoje envio de mais tropas ao país, o que deve levar a maior presença de militares brasileiros na força de paz

O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) avalia hoje o envio de mais tropas ao Haiti a fim de aumentar a segurança e melhorar as condições de vida da população em meio a uma crescente onda de saques e dificuldades de subsistência.

A decisão de intensificar a força de paz no Haiti, a chamada Minustah, poderia levar a uma maior presença brasileira na região, já que o país, com 1.266 homens, responde pelo comando de uma força integrada por 16 países no país caribenho. Conforme o ministro brasileiro das Relações Exteriores, Celso Amorim, a ONU deverá discutir a elevação do limite de forças de segurança na região – atualmente de 6 mil militares e 2,2 mil policiais.

– Pode haver necessidade de aumentar a segurança. A reunião de amanhã (hoje) vai discutir a ampliação do teto do contingente militar da Minustah – afirmou Amorim, em passagem pelo Rio.

O ministro admitiu que o aumento do efetivo brasileiro “está sempre sendo estudado”, mas sustentou que ainda não havia qualquer intenção concreta até aquele momento. Se for mantida a previsão do rodízio de tropas realizado desde 2004, as próximas a serem transportadas ao país arrasado seriam do Comando Militar do Leste, no primeiro semestre, e do Comando Militar do Sul, no segundo. O contingente sulista, porém, seria concentrado no Paraná.

Uma eventual decisão de reforçar a presença brasileira em solo haitiano poderia contar com o apoio de militares gaúchos por dois motivos. Um deles é que o país precisa de engenheiros para iniciar sua reconstrução, e um dos maiores grupos de engenheiros de combate do Exército está no Rio Grande do Sul, conforme o coronel Sylvio Cardoso (veja entrevista).

A outra razão é que, se for necessário o envio emergencial de tropas, haveria a possibilidade de abreviar o período de seis meses de preparação por meio do envio de militares que já serviram no Haiti. Os gaúchos já lideraram duas das 11 missões realizadas até o momento, em 2004 e 2007. Qualquer tipo de aumento no número de militares ou de alteração no cronograma original, porém, depende de decisões da ONU e do governo brasileiro.

Celso Amorim informou ainda que os países que estão colaborando com a ajuda humanitária vão se reunir em Montreal, no Canadá, dia 25, para discutir as primeiras ações de reconstrução. Amorim descartou, por enquanto, que o Brasil faça novas doações para o Haiti. Ele considerou que os US$ 15 milhões que o país já anunciou são “substanciais”.


Diplomata terá velórios no Rio e em NY

http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/foto/0,,21964561,00.jpgIdentificado também corpo do major Francisco Vianna Martins Filho

Marília Martins

NOVA YORK. O corpo do diplomata Luiz Carlos da Costa terá um velório em Nova York e outro no Rio. O translado para a sede da ONU está previsto para hoje, quando serão prestadas homenagens aos dois comandantes da missão de paz. Além de Luiz Carlos, o corpo do chefe da Minustah, Heidi Annabi, também deve ser trazido para Nova York. O velório está previsto a pedido da família. O local do enterro ainda não foi definido.

– Luiz Carlos da Costa era um funcionário exemplar e seu trabalho servirá como uma referência para gerações futuras na ONU – disse o secretário-geral Ban Ki-moon.

A mulher de Luiz Carlos, Cristina da Costa, e as duas filhas do casal, que moram em Ossining, a uma hora e meia de Nova York, devem acompanhar a viagem do corpo ao Rio num avião da Força Aérea Brasileira. A família recebeu uma mensagem de condolências do ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim.

“Recebi com enorme pesar a notícia. Como brasileiro, acompanhei com orgulho sua brilhante trajetória na ONU, especialmente em assuntos relacionados a missões de paz. No Haiti, testemunhei sua capacidade de liderança, sensibilidade e sentido de dever público”, dizia a mensagem de Amorim.

http://www.sangueverdeoliva.com.br/onu/images/Brabatt/16/22.jpgMajor é identificado como 15º militar brasileiro morto

Segundo a embaixadora do Brasil na ONU, Maria Luiz Viotti, as datas de translados e cerimônias de homenagem podem ser alteradas devido aos trâmites em Porto Príncipe, uma vez que o aeroporto está sobrecarregado. A embaixada brasileira no Haiti está ajudando a agilizar o processo e a FAB já disponibilizou um avião para que as vítimas sejam homenageadas no Brasil, pelos brasileiros.

O presidente da ONG Viva Rio, Rubem César Fernandes, lamentou a morte do brasileiro, a quem compara ao diplomata Sérgio Vieira de Mello, morto no Iraque em 2003.

– Ele tinha um perfil mais executivo, não apenas político ou diplomático. Pragmático, capaz de articular com uma competência impressionante as forças militares e civis para a reconstrução do Haiti. Foi uma perda brutal – afirmou.

Ontem foi identificado também o corpo do major Francisco Adolfo Vianna Martins Filho. Ele fora enviado ao Haiti pelo Exército do Brasil como observador militar das ações da Minustah. Com isso, aumenta para 15 o número de militares mortos no terremoto. Outros três estão ainda desaparecidos.

Fonte: CCOMSEX

1 Comentário

  1. Só diga uma coisa, gostaria de ter os KC-390 em pleno estado operacional para ver suas capacidades sendo testadas em uma tragédia como esta.

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