Compra custará R$ 4,5 bi; críticos veem demora em transferência tecnológica
FÁBIO AMATO
DA AGÊNCIA FOLHA,
EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS
Acordo fechado entre Brasil e França para a compra de 50 helicópteros militares EC-725 prevê que a transferência de tecnologias da aeronave ao país ocorra ao longo de um período de até 12 anos. Isso significa que a indústria brasileira poderá ter condições de produzir um helicóptero por conta própria apenas em 2022. A informação é da Aeronáutica.
A aquisição vai custar ao governo cerca de R$ 4,5 bilhões, para equipar Marinha, Exército e Aeronáutica. A produção deve começar no ano que vem.
O EC-725 é produzido pela europeia Eurocopter, que tem uma subsidiária no Brasil, a Helibrás, instalada em Itajubá (MG). Com capacidade para 28 pessoas, o modelo deve ser utilizado para transporte de tropas -não é usado em combate.
A parceria prevê ainda que a Eurocopter auxilie o país a desenvolver um helicóptero de pequeno porte. Além disso, empresas brasileiras passarão a fornecer peças para a cadeia de suprimentos da Eurocopter.
O Brasil fechou também com a França a compra de cinco submarinos, um deles de propulsão nuclear. No total, o acordo entre os dois países já atinge 8,5 bilhões e deve aumentar.
Os caças franceses Rafale, da Dassault, são tidos como favoritos para vencer a concorrência para renovar a frota da FAB (Força Aérea Brasileira).
Nas negociações, o governo brasileiro tem insistido na garantia de transferência das tecnologias. O objetivo é que o país produza os equipamentos para criar empregos e desenvolver uma indústria no setor.
O engenheiro aeronáutico e professor da USP Fernando Catalano diz que é longo o prazo de até 12 anos para a transferência tecnológica. “Nesse tempo poderíamos ter desenvolvido essas tecnologias sem o auxílio externo, mas com largo investimento em pesquisa e desenvolvimento pelo governo e indústrias”, afirmou ele.
A Aeronáutica não quis comentar as críticas. Disse que “a transferência de tecnologia será distribuída por uma boa gama da indústria nacional, além do próprio governo, não se centralizando na Helibrás.”