26 de Junho: DIA DA AVIAÇÃO DE BUSCA E RESGATE

 

DIA DA AVIAÇÃO DE BUSCA E RESGATETen Brig Ar JOÃO MANOEL SANDIM DE REZENDE
Comandante-Geral de Operações Aéreas

26 JUN 2009

ORDEM DO DIA

Para que outros possam viver! Um lema sublime que encerra muito altruísmo e muito idealismo, atributos encontrados em pessoas especiais que são capazes de dar suas vidas para que outras não percam as suas próprias. E por que fazem isso?

De fato, muitas páginas de heroísmo estão escritas na história do Serviço de Busca e Resgate da Força Aérea Brasileira, algumas conhecidas pela opinião pública e outras nem tanto, guardadas no anonimato de cada Unidade Aérea ou Aeroterrestre que protagonizou esse ou aquele feito, trazendo conforto a um sobrevivente de catástrofe, acidente aéreo, ou infortúnio de saúde.

Ainda que passem décadas e que as manchetes dos jornais deixem de destacar, aqueles que vivenciaram a adversidade e o medo guardam, no recôndito mais profundo de seus corações, a gratidão aos que labutam no SAR.

E foi com esse pensamento altruísta, imaginando como estender a mão a tantos brasileiros isolados nas fronteiras do nosso país gigante que o então Tenente Sena, Especialista em Controle de Tráfego Aéreo, no ano de 1947, logrou assessorar as autoridades da época para que se preparasse um Catalina, aeronave anfíbia que integrava a Amazônia, para atuar exclusivamente em missão de “Busca e Salvamento”. E o CA-10 de matrícula FAB 6510 foi então pintado de branco e laranja, iniciando assim uma trajetória que, aos poucos foi crescendo em meios e importância, afinal uma vida não tem preço e tudo deve ser feito para salvá-la.

Vieram, então, os SA-16 Albatroz, poderosas aeronaves anfíbias que pertenciam ao Segundo do Décimo Grupo de Aviação, Unidade Aérea dedicada exclusivamente à Tarefa de Busca e Resgate na FAB, e que possuía ainda os primeiros helicópteros da Força, os H-19, carinhosamente apelidados de “A Vaca” mercê de sua peculiar silhueta. Assim as aeronaves de asas rotativas impunham-se como fundamentais para o cumprimento da missão.

E, de fato, nos idos de 26 de junho de 1967, exatamente há 42 anos, houve um acidente com o C-47 2068 que transportava um Pelotão de Infantaria da Aeronáutica para Cachimbo, à época um rincão perdido no interior do Estado do Pará, onde uma revolta de índios comprometia a integridade do efetivo do Destacamento de Aeronáutica e da pista de pouso existente naquela localidade.

No entanto, uma falha fatal do sistema de navegação, associada à cumplicidade da noite, levaram o FAB 2068 inadvertidamente para o oeste, tendo-se precipitado na selva imensa e traiçoeira, nas cercanias de Tefé, sendo encontrado pela persistência de um Homem SAR que, inconformado com o insucesso da Busca, partiu para a deambulação. A busca daí decorrente foi a maior até então realizada pelo Sistema SAR Brasileiro, pois mais de 1.000 horas foram voadas por um número superior a trinta aeronaves.

Ademais, o SH-1D que chegava ao Brasil no momento do encontro dos destroços, foi empregado de maneira pioneira para resgatar os sobreviventes e proporcionar-lhes a alegria do reencontro com seus entes queridos, firmou-se como meio essencial para esse tipo de missão.

Hoje a Tarefa de Busca e Resgate vem modernizando-se e especializando-se. As missões humanitárias proporcionam a alegria do reencontro a tantas vítimas de catástrofes naturais no Brasil e no exterior, auxiliando irmãos compatriotas e de nações amigas que se encontrem em dificuldades.

Vimos isto acontecer no Estado de Santa Catarina, em passado recente, quando uma tragédia comoveu o país e o mundo. E nós, homens do SAR, estávamos lá para proporcionar amparo e conforto a tantos desabrigados pela natureza.
Vimos isto no vizinho e irmão país da Bolívia, onde um imenso número de habitantes foi vitimado pela inundação ocorrida. E os homens SAR do Brasil lá estavam para ajudar.

Vimos isto, recentemente, nos Estados do Maranhão e do Piauí e nós lá estávamos para amparar a tantos irmãos transportando-os para abrigos, locais seguros, saciando a fome que os assolavam, reunindo famílias, curando feridas, levando esperança!

Estamos envolvidos em resgatar vítimas e destroços do vôo AIR FRANCE 447, precipitado nas águas do imenso Oceano Atlântico, lá no limite da área de responsabilidade brasileira de prestar o Serviço SAR, há 500 milhas Náuticas, equivalentes a 930 quilômetros da costa brasileira, com meios modernos como o SC-105 AMAZONAS, recém chegado e incorporado à FAB e já provado e aprovado em operação.

Helicópteros de aquisição recente como o H-60 Black Hawk, e o cansado H-34 Super Puma vem sendo empregados com sucesso.

Aeronaves nacionais com equipamentos modernos como o R-99 foram requisitadas pelo Centro de Coordenação de Busca, e sua participação foi decisiva para determinar o local a concentrar esforços de busca.

Aeronaves de longo alcance como os velhos C-130 fizeram parte desta operação desde a primeira hora.

As buscas seguem enquanto estamos aqui rememorando fatos e feitos que glorificam e bem demonstram a importância do serviço de Busca e Salvamento da FAB, em qualquer período e em qualquer tempo, durante os 365 dias do ano, ano após ano, sempre.

Respondemos ao mundo que somos capazes de cumprir nossos acordos na imensa área de vinte e dois milhões de quilômetros quadrados, qual seja, resgatar vítimas de acidentes aéreos ou marítimos.

Sonhamos, porque não dizer, com um helicóptero de alcance estratégico que possa alcançar os limites da área de responsabilidade SAR do Brasil. Desejamos que este sonho se realize em breve, à luz do Plano de Reestruturação da FAB.

Assim, parabenizamos hoje, plenos de júbilo, a todos aqueles que de maneira abnegada fazem esta nobre aviação e que, com dedicação e trabalho conjunto, mantém em patamar elevado o desempenho da importante e complexa missão que lhes é confiada, ao tempo em que pergunto: o que leva um homem da FAB a pertencer ao Serviço de Busca e Resgate?

Senhores Falcões, Potis, Pumas, Panteras, Harpias, Gaviões, Pastores e Pelicanos. Orungans, Phoenix, Netunos e Cardeais. Gordos, Cascavéis e Corais… Pilotos, mecânicos, operadores de equipamentos, “resgateiros”, radiotelegrafistas, observadores… Neste dia de festa para a Força Aérea, esperamos que em cada um dos senhores fique a certeza que salvar vidas é um desafio, onde o fazer não é um mero exercício intelectual, tampouco uma atividade individualista, mas sim a expressão de uma equipe que trabalha em prol de vidas que podem ser salvas.

Aqui, senhores, encontramos a resposta do que leva alguém a ser da Busca e Resgate: é o semblante de alívio de quem é encontrado e, imerso em lágrimas, nos faz reviver a frase dita por um dos sobreviventes do FAB 2068: “EU SABIA QUE VOCÊS VIRIAM!”.

Este sentimento, sim, é a maior recompensa para todos aqueles que labutam PARA QUE OUTROS POSSAM VIVER!!!

 

Fonte: Força Aérea Brasileira

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