Voo AFR 447 – A330 enfrentou bloco de nuvens a 83°C negativos “Pior que um furacão”

Uma imagem captada por um satélite da Eumetsat (Organização Europeia para a Exploração de Satélites Meteorológicos) às 23 horas do domingo (31) revela que o Airbus da Air France que caiu no mar com 228 pessoas a bordo no dia 31 de maio cruzou uma tempestade de nuvens aglomeradas a uma temperatura de 83°C negativos. Os dados foram captados pelo satélite Meteosat-9 e processados pela estação meteorológica localizada na Universidade Federal de Alagoas. Quatorze minutos após o momento de registro da imagem pelo satélite, o avião enviou a última mensagem automática informando que houve despressurização.

Dados captados pelo satélite Meteosat-9 e processados pela estação meteorológica da Universidade Federal de Alagoas mostram condições climáticas raras numa rota de voo, segundo o meteorologista Humberto Barbosa

Com base nos dados captados no momento em que o voo AF 447 cruzava a região do oceano (a cerca de 565 km de Natal-RN), o coordenador da estação e doutor em sensoriamento remoto pela Universidade do Arizona (EUA), Humberto Alves Barbosa, meteorologista, aponta uma nova teoria para o acidente. Ele acredita que a aeronave pode ter enfrentado condições climáticas inéditas em percursos aéreos.

Para Barbosa, a situação climática no momento do acidente pode ser decisiva para explicar a tragédia.

“Alguns dos aglomerados convectivos podem ter se intensificado muito rapidamente durante a passagem do avião. As temperaturas de brilho (nos topos das nuvens) apresentaram valores de -83 ºC. Pode ter havido condições únicas encontradas pelo avião na passagem da região, que apresentava alta turbulência”, explicou, acrescentando que “isso leva à especulação de que turbulências nas proximidades das tempestades de rápido desenvolvimento podem ter desempenhado um papel no acidente”.

Uma situação como essa é considerada muito rara numa área de rota de voo. “É a primeira vez que vi uma situação na vida numa rota de voo”, disse Barbosa.

Para explicar o que são “aglomerados convectivos”, ele usa como exemplo o algodão-doce. “É como você apertar vários desses algodões até eles não terem mais condições de comprimirem. Foi isso que aconteceu com as nuvens, o que teria ocorrido a uma temperatura baixíssima”, exemplifica.

“Pior que um furacão”

Caso a temperatura tenha mesmo sido a calculada pela estação, o avião teria encontrado um cenário pior que o de um furacão. “Um furacão, em média, alcança 70°C negativos. Ela pode ter reduzido significativamente a velocidade do avião. Daí, o piloto automático teria de corrigir esta perda de velocidade por meio dos sensores, que também podem ter entrado em colapso com a tempestade”, afirma. Uma outra teoria apontada como suposto motivo para o acidente seria falha dos sensores de velocidade dos modelos Airbus 330 e 340.

A queda na velocidade também é apontada pelo meteorologista como uma hipótese complementar para o acidente. “Com a intensificação da turbulência, é normal que a velocidade da aeronave caia significativamente devido ao atrito do ar, somado à presença de partículas de gelo e de água super congelada. À medida em que a aeronave atravessa a tempestade, por causa da corrente de vento em alto nível, a situação só piora. Ou seja, na hora pode ter acontecido uma ‘tempestade perfeita’, somente naquele instante”, afirma.

Segundo ele, esses dados não foram repassados ou solicitados por autoridades que investigam o acidente, embora ele acredite que a situação climática seja decisiva para explicar a tragédia. “Existem outras imagens de satélites. Porém, essas mostram exatamente o núcleo do aglomerado convectivo e a temperatura de -83°C. Esse cálculo é resultado de uma tecnologia desenvolvida aqui na Ufal”, explicou Barbosa.

Ainda segundo o professor, devido à falta de cobertura por radar na região, satélites como o Meteosat-9 acabam sendo a única fonte de dados meteorológicos sobre oceanos.

Fonte: Blog do Vinna

2 Comentários

  1. Será que essa temperatura de 83 graus negativos não possibilita o congelamento do fluido hidráulico do avião? Com isso haveria a perda do leme e o congelamento dos outros controles de voo. Em 1996 um Fokker 100 caiu na Macedônia por este motivo e pelo menos com um 737 decolando de Washington em 1981. Ate agora o que pesquisei é que o fluido hidráulico sem o anti congelante so resiste até os 34 graus negativos.

    • Salve Caro vinna obrigado pela participação.
      é uma honra tê-lo aqui no Pbrasil, especialmente porque sou seu leitor ativo, e sempre que posso acompanho o seu blog, e acima de tudo admirador do seu trabalho.
      quanto a hipótese por você apresentada, bem não sou especialista, mas para mim o acidetnet do voo AFR 447 se deveu a uma suceçãod e falhas entre elas mecânicas e eletrônicas.
      dentre elas o problema do gerenciamento de informações e provavelmente a perda do leme por stress excecivo agravado pela turbulência e temperatura.
      mas creio ser cedo para se ter uma opinião final.
      mas creio ser provável sim, que o congelamento possa ter provacado danos como os por você apresentado. só creioq ue para isto ocorrer outros porbelmas devem ter precedido, tal como a perda de parte da fuzelagem e exposição das estruturas ao frio extremo.
      esta é a minha visão, mas creio ser necessária a averiguação por peritos para que sejam comprovadas.
      de já obrogado pela participação e um grande abraço
      Cordiais cumprimentos.
      E.M.Pinto

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